Pela milésima vez naquela manhã, ele teve a vaga idéia de que se Ivy pudesse vê-lo agora, ela resmungaria por seus pés nervosos e mãos trêmulas.
Beatrice o via andando de um lado para o outro com as mãos nos cabelos, a respiração ofegante, e dizia:
— Você vai queimar um buraco no chão se continuar assim, querido.
Liam, indiferente e alheio ao comentário da sogra, continuara a andar de um lado para o outro na sala de espera na ala da maternidade.
Algumas horas depois, eles mandam chamá-lo.
Liam havia ingerido quatro xícaras de café e, de certa forma, sentia-se completamente exausto. O cabelo dele estava desgrenhado, os olhos lutavam para manter-se em alerta, e ele não estava exatamente prestando atenção às palavras de sua mãe. Tampouco sabia se as mesmas eram direcionadas a si ou ao Sr. e Sra. Sain't, os pais de Ivy.
Mas ele não podia deixar o hospital, não em breve. Ele tinha que estar lá no caso de Ivy ter um surto momentâneo. Liam gostaria de estar ao seu lado e sussurrar o quão orgulhoso estava dela, o quanto a ama e sempre iria respeitá-la por ser quem é. Ele só sentia que tinha de estar ao seu lado nesse momento. Especialmente naquele momento.
Ele apenas fez uma prece rápida antes de levantar-se da poltrona de couro e acenar num pedido silencioso para os demais presentes no local. Um momento a sós com sua companheira é tudo o que ele precisava no momento e eles – Beatrice, mãe de Ivy, Charles, o pai, James, o irmão, e Karen, sua pseudo-mãe –, sabiam disso.
Ele chegou à porta e empurrou um pouco, espiando com a cabeça o território. Ele observou imediatamente que Ivy estava dormindo. O era é bom, porque ela iria precisar. Ela estava de lado, de frente para a porta, uma mão enfiada sob a bochecha, o cabelo liso ainda mais sedoso do que o normal. E depois, ao lado da janela, num berço hospitalar, estava sua filha.
Sua filha. Filha.
Ele entra por completo no quarto e se abaixa para depositar um beijo na testa de Ivy, seguido de um afago em sua bochechas coradas.
— Eu estou tão orgulhoso de você. – Sussurrando, ele funga antes de continuar: — Você fez isso e fez tão bem.
Ao lado, no berço, um choro se fez presente e Liam prontamente caminha até lá. Ele se aproxima e descansa a mão no rosto delicado de sua filha. Ela olha para ele, embrulhada num cobertor branco com pequenas flores na cor lilás, usando um pequeno chapéu rosa bebê, piscando lentamente. Linda, perfeita, serena, e tão pequena, pura, delicada.
Sua filha.
Engolindo um soluço, Liam sorri largo em meio às lágrimas e ajoelha-se até estar à altura do pequeno berço no qual sua pequena está aconchegada.
— Filha... Você é minha filha e é ainda mais linda do que pensei que seria. – Afagando com delicadeza a pele leitosa da pequena, continuou: — Eu amo você mais que tudo no mundo, minha princesa.
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