Sophia se virava na cama enquanto Edgar a segurava firme impossibilitando que saísse. Seu vestido de linho já estava todo amassado. Sua voz saia falha, ela queria sair, mas, aqueles olhos verdes a envolviam. A prendia numa prisão sem grade.
-Pre...ci...so - tentava falar enquanto ele beijava seu pescoço e roçava a barba em sua nuca - ir - a última palavra saiu como um suspiro. Sophia se virou jogando-se no chão, fazendo seu espartilho rachar as costas.
Ele observava ela se revirar. Tentando puxar os fios novamente. Era engraçado. Ele ria.
- Vai ficar ai caçoando de meu malabarismos para por meu espartilho, ou ira me ajudar - ele se levantou, seu corpo musculoso e forte, seus cabelos ondulados castanhos caindo pela nuca e os olhos verdes que sempre encaravam-a - acho que esqueceu-se que terá que ir no enterro do padre também.
Ele pegava os fios de lã e colocáva-os em seus devidos furos, apertando-os em cruzes.
-Já havia me esquecido desse belíssimo compromisso que seu pai inventou para o vilarejo - deu um sorriso, puxando-a para seu peito - mas, antes que parta preciso de um beijo para me vestir.
Seu hálito tinha cheiro de cravo. Causava vertigem em Sophia. Ele a beijo na nunca e seguiu acariciando com seus lábios todo seu pescoço. Ela arfava. Uma energia passava por seus braços e atravessava seus olhos. Como um homem pudera fazer sentir-se tão bem e completa?
-Agora - ele a fitava enquanto Sophia pronunciava vagarosamente as palavra - eu irei me retirar e no final da noite você entra em meu quarto, sem destruir minhas rosas que tanto cativo. E lhe darei o beijo que tanto queres.
Ela lhe apertou as partes baixas. Ele a soltou.
Sophia pegava seus grampos na pequena cabeceira de madeira de carvalho e colocava uma a uma arrumando seus lindos cabelos ruivos lisos em um coque. Passou a mão em um frasco que havia de baixo da mesa e fez um círculo em amabas as bochechas, as rosando.
-Como sabia desse frasco - disse ele apavorado, encarando o pequeno espelho pregado em uma pilastra no seu quarto.
-Meu querido Edgar Borsh - disse ela se virando para ele - você acha que sou tola de pensar que sou a única dos seus olhos.
Ele a encarava pasmo e pálido. Edgar nunca fora tão envergonhado. Ela passou em sua frente arrumando seus seios no vestido, banindo-os para dentro do tecido grosso.
-Até mais, amor - disse ela beijando sua bochecha e saindo pela janela ao canto direito. Ele ficou congelado. Olhando para o pequeno frasco verde que ficava na lateral de uma mesa onde jogava suas roupas.____
Sophia saltava para o galho de um grande carvalho que ficava de frente à janela da pousada onde Edgar morava. Mechia-se com facilidade. Afinal, já fazia dez anos que fazia a mesma artimanha para poder vê-lo.
Enfim, saltou de uma altura de um metro e estava de pé em frente à um paredão de arbustos verdes.
Se enfiou em um dos buracos ao canto, onde Purk, o pequenez da dona da pensão, Senhora McMilians, costumava escapar.
Por fim, estava de frente a estreita estrada que levava até o centro do vilarejo.
____
Edgar pegou o balde de metal oval no guarda-roupa e colocou sobre o tapete plástico . Como toda manhã a Senhora McMilians deixava três litro de água quente na porta de entrada de cada quarto.
Ele pegou o líquido quente e misturou com um resto de água morna que estava na cabeceira da cama em uma jarra.
O quarto onde Edgar morava a mais de dez anos era pequeno. O teto feito de uma madeira grossa e o piso de um concreto fino e barulhento. Uma cama de carvalho coberto por um mosquiteiro, uma cabeceira e um guarda-roupa verde dado pelo pai de Sophia a quatro anos atrás.
Ele se banhava.
Lembrava-se de Sophia o intimando minutos antes. Daqueles belos olhos caramelos complementado com um sorriso maldoso. Ele a amava. Mesmo sendo difícil à ter em seus braços apenas quando o Robert, seu pai e seu chefe, adormecia ou saía resolver assuntos além da fronte de Mystical Hill.
Edgar ouviu barulhos. Do centro burguês até sua cada eram pouco metros. "Começou", pensou, "Preciso me apressar", pegou a toalha de linho em cima de cama e passou pelo seu corpo.
Vestiu as mesmas calças, a camiseta branca e o colete verde com o brasão no peito de Mystical Hill.
Correu acelerado pelos corredores vazios da pensão. Não havia ninguém. Apenas o canto do Senhor Shelter, um antigo artesão que nunca sairá de seu quarto a não ser para comer na copa de confraternização.
-Bom dia, Sr° Shelter - disse Edgar ao passar na frente do seu quarto. Ele não havia escutado, o cântico permaneceu no mesmo ritmo e altura.
Continuou correndo as escadas. Abrindo a porta e desaparecendo por entre a estreita estrada.
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Crônicas - Do Outro Lado Da Colina
DiversosMistycal Hill é um cidade-vilarejo entre três colinas povoadas - Colin, Miliony e Varzes - ao sul da Bretanha. Sophia, filha do cuidador da vila, tem um casos secreto com um dos seus parceiros, Edgar. Tudo começa a mudar quando em uma noite Robert...