{As actualizações são poucas, mas a vontade de escrever por vezes também o é.}
Antes de mais: Bem-vindos! As crónicas da Octávia, voltaram, desta vez com mais um ano de pura solteirice em cima e com mais uns litros de tinto sobre as bochechas rosadas.
Olha, conheço alguém que é mesmo o teu TIPO...
Quantos de nós já ouviram esta expressão? Aposto que bastantes, sobretudo aqueles com o mesmo estado civil que eu, afinal deve ser a segunda frase mais escutada depois do típico: Tens de viver a tua vida. Basta ser conjugado o seguinte set de palavras que aí se inicia de imediato todo um argumento elaboradamente estudado e preparado para formatar uma determinada pessoa à nossa visão, ou pelo menos, àquilo que esse informador pensa que é a nossa visão actual. Quando o que, na realidade, se passa é que pela primeira vez estamos a tentar redescobrir-mo-nos a nós mesmos, tentar conhecer novas personalidade enquanto estes indivíduos nos tentam classificar com um "tipo".
Após ter conhecido e me ter envolvido com um x número de potenciais parceiros, apercebi-me de que o «ter um tipo» é um mito. Se tivéssemos um único tipo de pessoa nem sequer valia a pena terminar com alguém, afinal estamos confinados a ela, porquê terminar se what goes around comes around?
Imaginem, seria como andar numa montanha-russa e esta partir-se enquanto estavas num daqueles Loop's muita radicais, e depois de reconstruirem a montanha russa decides voltar à andar nela só para confirmar que desta vez não se vai despedaçar - as pessoas têm instrumentos para averiguar essas questões de segurança: são chamados de Bonecos [Technical name is unknown, sorry].
Não só esta mania do 'ele é mesmo o teu tipo' me deixa extremamente irritada, como considero uma perda de tempo. Normalmente o tipo de pessoa que quero naquele momento sofre alguns retoques do tipo de pessoa que queria há alguns meses atrás enquanto descrevia, loucamente apaixonada, os traços da personalidade do meu ex.
Talvez este mês eu até queira encontrar alguém com um sentido de humor cativante, alguém que tenha queda para tocar um instrumento de cordas e de cabelos encaracolados, com olhos profundos, alguém sem barba, alguém baixo, alguém que diga piadas que morreram em 2012. E talvez no próximo mês queira alguém desportista; que tenha cabelo oleoso e uma barba que mais parece pêlos púbicos, alguém que não entenda nada de música nem de cultura no geral, mas que seja um profissional a fazer contas de dividir com números de 5 algarismos. E talvez perceba que afinal nenhuma destas pessoas me satisfaz e dias depois decido escolher outra opção deste cardápio mundial de rapazes!
Eu não tenho um tipo, aliás ninguém tem um tipo, porque ninguém quer cometer o mesmo erro vezes seguidas. Todos queremos limar as imperfeições que víamos na outra pessoa que estava ao nosso lado, na esperança de que não só possamos seguir em frente, mas também para que seja possível dedicarmos tempo a algo em que acreditamos que, desta vez, vá durar - além disso quem nunca tentou criar ciúmes a Ex apresentando-lhes a versão melhorada daquilo que eles nunca foram? Quem disser "nunca" está a mentir!
Penso que disse tudo o que tinha a dizer, mas não queria desaparecer sem dizer o seguinte: que melhor altura, para averiguar quem é o novo-alguém que irá ser para nós aquilo que não tínhamos na nossa antiga relação, do que exatamente a altura em que podemos experimentar pessoas novas, investigar cérebros novos?
A todos aqueles que pensam que toda a gente tem um tipo: First let us try our way.
E a todos os solteiros, um bom dia de não-gastar-dinheiro.
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Bêbeda no Dia de São Valentim
ContoCríticas às demonstrações de amor despropositadas por uma mulher solteira e muito bêbeda.