Parte 2

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-Não me olha assim- Ele falou ainda enraivecido.

-Euu... N-Não.- Gaguejei. (Há, qual é, não me julguem. Não estou acostumada a ver brigas de bares (nem costumo a ir a bares), quanto mais um dos agressores falarem comigo como se fossemos 'conhecidos').

Ele apenas me encarou. Agora eu podia realmente ver ele. Ele era, diferente. Não que eu conhecesse ele bem para dizer isso, mas, não importa. Ele interrompeu meus pensamentos.- Vai beber? Falou olhando para o meu drink.-

-Não.- Foi o que consegui dizer.

Ele tomou tudo em um gole só, colocou o copo na mesa e me olhou.- Ah, qual é. Para de me olhar assim. Não sou um assassino, e na verdade, ele que começou.- Me encarou com aqueles olhos verdes.

-Você não tem o direito de bater em alguém, nem que essa pessoa tenha incitado.- Comecei a colocar meus 5 anos de Direito em prática. E Isso era exatamente o que eu não deveria fazer. Resolvi dar um tempo de tudo, isso inclui, meu trabalho. Decidi não falar mais nada.

-Fala como alguém experiente.- Ele soltou um leve riso de escárnio. Me olhou de lado, esperando uma resposta.

E simplesmente ignorei.

-Olha, te pago um drink e você esquece o que aconteceu a 10 minutos atrás.- Ele me encarou. -Topa?-

-Eu não bebo.- Agi indiferente.

-Claro que bebe- Ele falou com uma mistura de incerteza e curiosidade.

-Não, eu não bebo.- Não olhei para ele ao falar.

-Não bebe?- Ele perguntou.

-Não.-

Ele me olhou confuso. E Apenas me encarou. Os segundos começaram a passar, e então os minutos. Eu já estava me sentido desconfortável, olhei no relógio, parecia uma eternidade que ele estava me encarando, mas fazia apenas alguns minutos, o que para mim já era demais.

-Oi?- Olhei pra ele com um grande 'Que?' estampado na minha testa.

Ele apenas continuou me encarando.

-Está me incomodando!- Encarei de volta.

Ele desviou o olhar. -Estou curioso.- Ele falou agora virado para frente. Eu continuei olhando para ele, esperando que continuasse.

-Você rica, ou pelo menos tem dinheiro suficiente para comprar essa cidade, é filhinha de papai, advogada.- Ele falou meio para si mesmo meio para que eu ouvisse, pensativo.- Então,- Agora falou olhando nos meus olhos - O que está fazendo aqui? Em um bar, numa cidade pequena e meio deserta, parecendo abandonada? -

Ele, mais uma vez, me encarou. Eu desviei o olhar. E fixei em algum lugar a minha frente, sem prestar atenção. Como em tão pouco tempo, ele sabia tanto de mim?

-Abandonada?- Fui o que consegui dizer. -Não pareço abandonada!-

Ele riu do meu comentário, mas parou logo em seguida para me encarar de novo. Parecia que ele gostava de fazer isso. Mas eu não gostava nem um pouco.

-Tá legal- Ele. - Vamos fazer o seguinte. Te pago alguma coisa, pode ser uma coca já que "você não bebe" - Ele fez questão de fazer o sinalzinho de aspas com as mãos, e um sorriso meio debochado no rosto - E, você me fala de você. Me conta essa história louca que você parece ter.

O que?, ele acha que seria tão fácil assim, agredir um velhinho na minha frente e depois me chamar para tomar um drink?

- O que eu ganho com isso?- Falei, logo me arrependendo. O que eu estava pensando? Bebendo com um estranho! E então, tudo passou pela minha cabeça como um flash. Era exatamente o que eu ia fazer, o que eu queria fazer.

- Ok! Respondi antes que ele pudesse falar alguma coisa. Você me paga uma bebida.

- Pensei que você não bebesse.- Ele me olhou pelo canto dos olhos, os lábios querendo se dobrar em um sorriso.

- Eu não bebo!- Exclamei, completando o sorriso dele.

Até Que a Sorte Nos Separe.Where stories live. Discover now