Final Infeliz

244 16 4
                                    

Larissa:

Ficamos a tarde inteira, exatamente a tarde inteira, jogadas no sofá. A Ana ficou mexendo no celular, a Gabi ficou assistindo Peppa na TV e eu fiquei conversando com as meninas no WhatsApp.

WhatsApp ~

Eu: Oi, alguém me tira daqui!?
Nath: O que aconteceu? Não era você que estava louca querendo essa viagem?
Jenni: Verdade, algo ruim aconteceu. Pode nos contar, Lari.
Eu: Cadê a Morg?
Morg: Aqui 🙋
Eu: Okay. Ultimamente o Gabriel vem se revelando. Ele não é quem eu achava que ele era. Ele é um monstro. Todos os dias, se eu não concordo com ele, ele me bate. Tá difícil. Não suporto mais. Ele gritou comigo na frente de uma garota de 9 anos.
Morg: E o que você está fazendo aí ainda? Tá esperando o que? Volta logo para cá!
Nath: O que te impede de voltar? Volta logo!
Jenni: Ele é um ogro. Volta logo!
Eu: O que me impede de voltar? O dinheiro. Não tenho dinheiro para pagar a passagem. E eu me apeguei à Gabi, ela é muito fofa.
Nath: Você se apegou à uma garota que você conheceu hoje? Você merece um Oscar de Trouxiane.
Eu: Vai se ferrar, Natalie 👌
Morg: E se...
Jenni: Lá vem a Morg com esses "E se..." dela.
Morg: Deixa eu falar. É uma boa ideia. E se nós juntássemos dinheiro para pagar a passagem da Lari?
Eu: Não, sem chances. Vocês sabem que eu odeio depender das pessoas.
Jenni: Eu apoio!
Nath: Eu apoio!
Morg: Perdeu, Larissa.
Eu: Okay. Gente vou sair aqui, a mãe da Gabi tá me ligando.
Morg, Nath e Jenni: Tchau

WhatsApp ~

Olhei para o lado e a Gabi dormia feito um anjo, não consegui me imaginar longe dela. A mãe dela não desistiu, então atendi a ligação.

Ligação on~

Eu: Alô!?
Giovana(mãe da Gabi): Lari, onde vocês estão?
Eu: Desculpa dona Giovana, esqueci de te avisar. Estamos aqui na minha casa. É perto da pista de skate.
Giovana: Qual o número? Eu sei o nome da rua, falta o número da casa.
Eu: 125.
Giovana: Okay, vou ir buscá-la.
Eu: Okay, tchau.
Giovana: Tchau.

Ligação off~

Olhei no relógio, eram exatamente 17:30, lembrei que hoje teria aquela bagaça do Omeagle, então tive que acordar a Ana. Acordei-a e fomos até o quarto do Rafa, pois usaríamos o computador dele. Mas assim que chegamos na porta, ouvimos ele conversar com o Gabriel.

-O que eu faço? Pensei que seria mil maravilhas, mas essa menina me tira do sério.
-Gabriel, pensa com calma, não tome decisões precipitadas.
-Quer saber, vou terminar com ela.
-Agora?
-Por que não?

A porta se abriu e ele me olhou com uma expressão nada legal. Senti uma de várias lágrimas cair. O olhei nos olhos e era realmente o que ele queria.

-Tua mãe não te deu educação, garota? Não se deve ouvir a conversa dos outros - disse Gabriel já levantando a mão para mim.

-Abaixa essa mão. Quem você pensa que é para levantar a mão para mim? - gritei com ele - e sua mãe nunca te ensinou que não se deve ferir o coração das pessoas!? - sequei as malditas lágrimas.

-Quem você pensa que é para gritar comigo? Você não é ninguém, ninguém te quer, ninguém te ama. Eu estava com você por piedade. Nunca te amei, iludida - ele cuspiu as palavras em cima de mim.

Eu dei a última olhada para ele antes de ir para o quarto arrumar a minha mala. Corri até o quarto que eu estava e arrumei tudo. Tomei banho, vesti-me com uma roupa confortável e fui ao encontro do Rafael.

-Aonde você vai, Lari? - ele perguntou chateado.

-Me desculpa mesmo, Rafa. Mas eu vou embora - disse o abraçando - tem como você me levar até o aeroporto?

-Tem sim, mas antes vá se despedir das duas - disse apontando para a Ana e para a Gabi.

Fui ao encontro delas, que estavam na sala abraçadas. As abracei e ali choramos.

-Tia Lari, você vai voltar? - Gabi chorava de soluçar.

-Vou sim, mas não sei quando - tentei confortá-la, mas foi em vão. 

-Lari, vamos continuar nos falando, né? - Ana chorava. Antes de eu responder, o monstro apareceu na sala, cortando o clima.

-Que idiotice, logo você vai achar alguém melhor que ela, Ana - riu ironicamente.

Peguei minha mala, chamei o Rafa e fomos para o aeroporto. Me despedi dele, e segui viagem.

Depois de 1 hora de viagem, cheguei em Curitiba. Peguei um táxi e fui direto para a minha casa. Toquei a campainha e minha mãe atendeu. Eu simplesmente a abracei, não disse nada, só chorei...

Meu Melhor AmigoOnde histórias criam vida. Descubra agora