Interior de Goiás
Terça-Feira
06 de Janeiro de 2015{Thomas}
Ainda não esqueci o pesadelo que eu tive com um garoto que eu mal reconhecia. Não era um pesadelo. Mas também não podia deduzir o que eu achava que fosse certamente.
Estou escovando os dentes pensando na noite passada. Troco de roupa, visto uma camiseta branca, uma bermuda jeans que ganhei da minha tia, não estava com uma aparência boa mas eu adorava ela. Coloquei meu boné e fui varrer o quarto. Assim que termino vou até a cozinha e ela esta lá fazendo café.
- bom dia mãe - dou um forte abraço nela e ela retribui.
- bom dia filho - ela traz a panelinha com café quente pra mesa e eu me sento em uma das quatro cadeiras que tem lá.
- cadê o pai?
- Esta no banho Tom - ela coloca uma sacola com uns pães encima da mesa e senta na cadeira ao lado.
- Estranho. Ele não é de se atrasar pro café.
- É que nós conversamos ontem depois que tu dormiu e decidimos arrumar a casinha pra umas pessoas que vem pra cá na sexta-feira. - ela diz isso e reviro os olhos. Não gosto de ninguém perturbando minha familia.
- Oh que ótimo. Novos hóspedes. To super feliz. - meu sarcasmo era tão grande como minha fome.
- É pra ficar feliz mesmo Tom - meu pai chega na cozinha com cara de poucos amigos, como sempre
- por quê eles vão nos pagar. E vou poder tirar o resto de seus documentos filho.
- Tudo bem mãe - ele senta junto com a gente na mesa e põe café na caneca dele. O sol está nascendo.
- O seu pai acordou mais cedo que nós para começar a arrumar a casinha. - minha mãe já está comendo o pão dela enquanto eu nem pus café na caneca.
- tudo bem. A senhora quer que eu vá ajuda-lo?
- pergunta pra ele - eu olho pro meu pai que esta terminando seu pão. Ele me olha por alguns segundos
- ta bom. Mas promete que vai tratar bem os hospedes?
- tudo bem - lembro de novo daquele sonho que tive hoje é sinto um frio no estômago esquisito.
O barulho dos ônibus de viagem passando na estrada em frente a minha casa assustavam de vez enquando, aquele sonho andava me aterrorizando. Eu tinha mais o que fazer do que pensar em besteiras. Com o sol já presente entre as árvores do outro lado da rua, sigo meu pai até a casinha que esta ficando bastante apresentável. Os materiais foram doados a um tempo e usamos na casinha para abrigar uns turistas.
Era por volta de 12:45 da tarde e lembrei que eu tinha que ir para escola. Terminamos uma boa parte do trabalho e fui me arrumar. A escola ficava a uns 3 km de casa, e eu tinha que estar lá as 13:15 da tarde. Então tenho pouco tempo. Corro pro banho. Eu já tinha até comido o almoço enquanto trabalhava na casinha com meu pai, então não vou demorar muito a chegar. Me arrumo, visto o uniforme azul e branco que a escola distribuiu a um ano e ainda está em perfeitas condições. Mas essa não é a parte estranha. O estranho é eu ainda estudar em janeiro. Por que aqui os dias de aula foram bastante atrasados por um acidente.
Pedi a benção pra mãe e pro pai e com a minha bicicleta pedalei os 3 km chegando na escola um pouco depois da hora. Entrei direto na sala e sento do lado dos meus amigos que são os melhores do mundo. Henrique era um negro bonitão de olhos castanhos e tinha a fama de pegador e Barbara, uma morena charmosa tinha cabelos longos e lisos que brilhavam assim como os seus olhos
- hey. Tommy. - Barbara estava sentada me chamando atrás de mim. - ansioso pela ultima semana de aula?
- Nem tanto, tenho que ajudar meu pai em uma obra lá em casa.
- Entendo
- Mas Tommy você vai pra festa de despedida domingo né? - Henrique fala sem tirar os olhos do quadro negro.
- Vou sim, a gente termina a obra na quinta, os turistas vem na sexta-feira agora.
- ah ta. - fiquei pensando na ultima semana de aula. Eu teria que aproveitar o maximo. Pois minhas ferias seria sem eles e sim com minha familia.
A semana até que passou normalmente, na Quarta-Feira a casa estava pronta para eles virem. Na sexta eu acordei bem cedo. Mesma rotina de sempre. Mas às 7:00 da manhã eu estava lavando a louça e eu ouvi um barulho de carro na frente de casa. Com certeza eram os hospedes. Decidi deixar pra la e continuei lavando a louça. Escuto minha mãe explicando tudo para eles. Eu acabo de lavar tudo vou me enxugar e tirar um cochilo. Acordo umas 2 horas depois, me levanto da rede e vou lavar o rosto lá fora. Vejo uma mulher. Muito bonita, bastante charmosa e estava sentada na varanda da casinha lendo um livro. Ela me olha e acena, eu retribuo. Volto pra cozinha e vejo minha mãe empratando o que parecia frango, eu amava quando ela fazia frango.
- vi uma senhora lá na casinha - sento na mesa e respiro fundo - ela parece muito simpática.
- é ela é adorável demais. Muito gentil. Acho que acertamos nos nossos hóspedes.
- veio mais alguem com ela? - ela empurra um prato em minha direção e pego uma colher.
- sim, um garoto muito bonito, parecia ter sua idade.
- ah ta nossa, um adolescente riquinho aqui em casa.
- para com isso Tom. Ele é tão simpatico quanto a tia.
- vamos ver.
Depois que almoçamos, vou ao mercadinho para minha mãe e compro arroz e macarrão. Tem algumas pessoas que eu nunca tinha visto. Uma mulher com muletas, um homem barrigudo, um garoto muito fofo, uma senhora bem idosa, uma garotinha loira, nunca vi tanta gente nesse mercadinho. Vou pegar o arroz e acabo esbarrando sem querer em alguem, nem ligo pra quem foi e vou pegar o que eu tenho que comprar. Volto pra casa na minha bike verde e preta que ganhei da minha irmã. Chego em casa ponho as compras no armário, depois eu vou pra escola bastante atrasado e me arrumo depressa. Chego na escola e Henrique tava me cutucando enquanto eu tentava copiar rapidamente pelo tempo que perdi.
- o que foi? - perguntei meio irritado.
- comprou chinelos novos leke? - ele tinha essa giria engraçada dele. Mas não me lembro de ter comprado chinelos novos. Olho para meus pés e um chinelo azul com uns detalhes pretos estavam em meus pés. Fiquei bugado pois eu nunca tinha visto esse chinelo. Chego em casa e vou atrás de minha mãe.
- mãe a senhora sabe de quem é esse chinelo? - digo logo quando encontro ela.
- ah sim filho - ela diz assim que os percebe. - é do garoto que ta na casinha ele deve ter deixado por ai.
- Ata. Sem problemas. - falo isso e vou deixar o chinelo na casa dele. Mas quem me atende é a tia dele.
-boa tarde
-boa tarde, me perdoe mas eu usei o chinelo de seu sobrinho enganado.
- não tem problema. Ele tava querendo te ver. Ficou doido pra ver mesmo se tinha alguem da idade que ele.
- é ja fiquei sabendo disso. Enfim boa tarde Dona?
- Helena. Boa tarde.
- Foi um prazer.
Volto pra casa que fica "longe" e chega a noite rapidamente. Vou dormir pensando no pesadelo que eu tive ultimamemte
.Acordo e volto na mesma rotina de sempre. Vou tomar café mas tem alguem no meu lugar... Aquilo ia me arrumar um tremendo problema. Mas eu só queria tomar café. Pra quê tanto desespero?... só o garoto que apareceu no meu pesadelo tava sentado do lado de Dona Helena. Não. Ele não pode ser o hospede que veio com ela. Fico paralisado e acordo pra vida. Só tenho certeza de uma coisa enquanto nos encaramos...
Isso vai me trazer um baita de um problema.
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Destino
RomanceThomas, um garoto de 15 anos vive uma vida normal e tranquila em um interior distante de Goiás. Até que, um dia Scott Black, um intelectual de 16 anos, passará as férias na casa ao lado da de Thomas. Os dois garotos viram amigos, melhores amigos e a...