E eu sou...
Uma breve brisa do vento
Que passa pela vida de relance.
Que navega nos mares escuros
E vagueia por campos verdes.
E eu sou...
Alguém que não conheces.
Que vês sem olhar
A quem falas sem falar
Alguém que muda te fala
Que surda te ouve.
E eu sou...
Apenas uma criança.
Que cresce sem brincar,
Neste mundo que só mente
A quem a verdade interessa.E eu sou...
Mais um mistério no Mundo
Mais um espírito da Natureza...
E eu sou...
Quem sou eu?
Talvez uma escrava,
Talvez um Deus.
Talvez o mar
Ou então a onda...
Talvez eu seja apenas
Eu.
Qual verdade sustenta o mundo?
Um dia escrevi que o vento soprava,
A música soava,
E as cores eram belas.
Mas será que escrevo a verdade?Qual é a verdade que sobrevive
Aos olhos daqueles,
Que não vêm o mundo como é,
Mas sim como imaginam ser?Que verdade faz sentido
Quando o mundo desaparece
E ficamos sozinhos,
Talvez perdidos,
Talvez apenas quietos?A verdade é que...
Eu realmente um dia escrevi.
E se eu escrevi,
Podem as palavras ser mentira?O vento pode ser falso,
A música imaginária,
As cores uma ilusão,
Mas nunca as palavras poderão ser
Coisa alguma senão verdade.
É mentira, o mundo não gira!
Que gente mentirosa é esta
Que anda por aí dizendo
Que gira o mundo?Nunca eu vi o meu mundo girar!
Por isso eu digo,
Grito se necessário,
Que se o mundo gira,
Gira para aqueles que não o seguram
E não para mim que o prendo firme.Se dizem que gira o mundo
É porque não giram eles.
Mantêm-se imóveis
Que nem preguiçosos imundos
Esperando que o copo lhes venha á boca
E que a água impura
Lhes lave a malicia.Pois digo-vos eu,
Que não há mundo que gire,
Nem tampouco água qualquer
Que chegue para vos tirar do corpo
Tantos anos de maldade,
Tantos sonhos de diabo!
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A verdade rara(mente)
PoetryHá sempre um momento em que refletimos sobre o mundo e sobre as questões fundamentais que o fazem girar. Nesse momento eu divido-me como fazia o grande poeta português e busco uma resposta de perspectivas diferentes.