Capítulo 16

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A cada segundo o espaço entre nós diminuía...

- Pedro? Pedro?- me afastei bruscamente do corpo e das mãos do Pedro que até então estavam em volta da minha cintura- Pedro cadê você?
- É...Es..Estou aqui Thomas.- o Pedro falou gaguejando um pouco, provavelmente devido o "susto".
- Iae! O que tá fazendo aqui?- o Thomas perguntou entranhando na cabine/cozinha com um sorriso no rosto.
- A Sofia veio fazer um...um curativo na minha boca.
- Aaaa tá, quando terminar aí eu preciso falar com você.- ele falou coçando a cabeça e olhando na minha direção, acho que ele não tinha percebido minha presença ainda- Oi Sofia.- ele falou com um sorriso tímido no rosto.
- Oi Thomas.- retribui o sorriso- cadê a Tereza?
- Ela está lá em cima.- ele falou apontando na direção das escadas.
- Depois vou lá conversar com ela.
- Ok. Pedro vou te esperar lá em cima também, tchau Sofia- ele deu outro sorriso tímido, que eu retribui novamente- tchau Pedro.
- Tchau.- o Pedro e eu respondemos em uníssono enquanto o Thomas subia a escada e essa foi a última palavra que trocamos até eu terminar o curativo.
- Ter...Terminei.- falei finalizando o curativo- Bem agora eu vou...vou conversar um pouco com a Tereza.- falei me virando para sair o mais rápido possível daquela cabine e acabar com esse clima tenso que se alojou entre o Pedro e eu.
- Sofia espera.- ele falou segurando o meu braço e me fazendo virar para encara-lo- Sobre o que aconteceu agora pouco...- não permiti que ele terminasse aquela frase.
- Não precisa explicar nada Pedro...Você não tinha que ir conversar com o Thomas?!- falei com um leve sorriso no rosto e me soltando do seu braço.
- Mas Sofia...- ele tentou falar novamente.
- Tchau Pedro tenho que conversar com a Tereza.- falei subindo os degraus da escada correndo. Cheguei na parte de cima do barco e logo dei de cara com a Tereza olhando o mar a sua frente (sim! Já havíamos saído do porto e estávamos em alto mar), me aproximei lentamente da ponta do barco onde Tereza se encontrava.
- O que você quer?- ela perguntou ríspida ao perceber minha aproximação.
- Nada, só quero conversar.- respondi com um sorriso.
- Mas eu não quero conversar com você.- ela falou seca e ia saindo.
- Espera.- segurei no braço dela tentando impedir sua saída.
- Aiiiii- ela gritou puxando o braço.
- O que foi?- perguntei assustada com sua reação.
- Nada.- ela falou abaixando a cabeça.
- Deixa eu ver o seu braço.- tentei pegar o braço dela, mas ela não permitiu.
- Não precisa.- ela falou se retirando.
- Deixa eu ver o seu braço por favor.- falei tentando pegar o braço dela novamente e dessa vez consegui.
- Não deixa o meu braço.- quando levantei a manga de sua blusa ví uma coisa que não gostaria de ter visto, o braço dela estava cortado.
- Vo...você se corta?- perguntei nervosa.
- Não!- ela falou cobrindo o braço.
- Lógico que se cortada! Olha só o seu braço.- falei puxando a manga de sua blusa.
- Quer saber? Siiiiiim eu me corto- ela falou com lágrimas nos olhos- e quer saber!? Eu gosto, porque esse é o único jeito de eu me aliviar, eu sei que você vai falar que uma pirralha como eu não tem problemas e muito menos motivos pra fazer isso- ela já estava chorando, mas mesmo assim não parava de falar e eu permiti que ela continuasse...ela precisava desabafar com alguém- mas você acha que ver seus pais se separando, todas as noites ter que ouvir sua mãe chorando no quarto por culpa do idiota do seu pai é fácil? Não! Não é! E no dia seguinte ainda tenho que fingir que tá tudo bem...- ela começou a chorar ainda mais- não é fácil passar por isso e não me diga que me entende, porque você e nem ninguém vam me entender algum dia.- ela se sentou no chão, juntou os joelhos, encostou a cabeça neles e começou a chorar mais ainda.
- Tereza- me sentei do lado dela- eu não vou dizer que entendo oque você está passando com seus pais, mas sobre a parte de se cortar eu te entendo- ela permanecia na mesma posição, não mexia um músculo se quer- Á uns dois anos atrás eu também me cortava...Sabe por que?- perguntei sabendo que não teria uma resposta- porque eu sofria bullying e tinha vergonha de contar para os meus pais...- fiz uma pausa, porque eu estava quase chorando, lembrar dessa fase da minha vida é complicado pra mim- então um dia eu cheguei da escola e naquele dia eu tinha sofrido muito, foi um dos piores dias da minha vida...os meninos se juntaram e ficaram me esperando na saída, quando eu saí eles jogaram ovo, farinha e até umas pedrinhas em mim, fiquei caída no chão na frente da escola por um bom tempo até juntar minhas forças, me levantar e começar a correr, corri até minhas pernas começarem a doer, mas finalmente havia chegado em casa meus pais estavam no trabalho então estava sozinha em casa, subi para o meu quarto e chorei chorei chorei até minhas lágrimas acabarem, quando parei de chorar ainda estava me sentindo mal...foi quando eu ví uma tesouro em cima da minha escrivaninha não pensei duas vezes peguei ela e comecei a cortar o meu braço, quando parei eu me sentia "bem"- ela finalmente levantou a cabeça e olhou pra mim, seus olhos estavam vermelhos e inchados- e isso acabou virando um vício, sempre que alguém me xingava eu me cortava, mas teve um dia que acabei exagerando e cortei a minha veia na hora eu me desesperei afinal eu era uma menina de quatorze anos, sozinha em casa e tinha acabado de cortar a minha veia...
- E o que vo...você fez?- pela primeira vez desde que eu comecei a falar a Tereza se pronunciou.
- Eu chamei o Pedro, ele sempre me ajudava quando eu estava com algum problema na verdade ele AINDA ajuda, enfim eu liguei pra ele e pedi pra ele vir o mais rápido possível pra minha casa, depois de uns cinco minutos eu ouvi a campainha tocando desci a escada correndo e só deu tempo de eu abrir a porta, porque depois eu ví tudo ficando escuro e desmaiei...Quando acordei estava em minha cama com o braço emfachado e o Pedro estava sentado na ponta da cama me encarando "O que aconteceu?" Eu perguntei um pouco tonta porque tinha perdido muito sangue "O que você está fazendo consigo mesma Sofia?" O Pedro me perguntou com uma expressão triste no rosto, aquela expressão fez meu coração se partir, eu contei sobre os meninos e sobre oque eles tinham feito comigo...
- O que ele fez?- a Tereza perguntou enxugando algumas lágrimas que caiam sobre o rosto dela.
- Tá interessada né!?- é a primeira que falo sobre essa história e não fico triste- Eu lembro das palavras dele como se fosse hoje "Sofia você não deve se mutilar por causa de babacas como esses, você tem que ser aquela garota forte que eu sei que você é. Imagina se eu tivesse demorado, você podia estar morta e você realmente acha que esses idiotas merecem que você morra por eles? Fique sabendo que a partir de hoje você vai parar com isso e sempre que estiver angustiada e se sentindo sozinha você vai me procurar...Promete?" Aí quando ele terminou de falar eu fiquei olhando pra ele por um bom tempo e falei quase num sussurro "Prometo", a partir daquele momento eu percebi que eu não precisava de uma tesoura ou uma gilete, ma de um amigo alguém pra eu desabafar.- quando eu terminei de falar a Tereza me olhava com algumas lágrimas nos olhos.
- Sofia me...me ajuda.- ela falou como um sussurro e com a cabeça baixa.
- Claro!- falei me aproximando e a envolvendo em um abraço- A partir de hoje quando você pensar em se cortar ligue pra mim, não importa a hora, me ligue e em menos de dez minutos eu estarei onde quer que você esteja...Me promete isso?
- Pro...prometo.- depois ela se deitou em me colo e ficou deitada por um bom tempo até a dona Bruna chamar ela não sei pra que. Eu continuei observando o mar, como ele era calmo e agitado ao mesmo tempo, como suas ondas iam e vinham em perfeita sintonia com o vento, não sei porque mas observar o mar me acalmava, fazia com que eu esquecesse todos os meus problemas...Depois de alguns minutos resolvi ir almoçar, afinal eu não tinha comido absolutamente nada o dia inteiro e já estava com fome, quando me virei ví meus pais, meus tios e a dona Bruna conversando sentados naquela mesa onde o capitão se encontrava quando chegamos no barco. Com o olhar eu procurei o Pedro, mas não encontrei ele e digamos que o barco não é muito grande então onde diabos ele pode estar? Fui procurar ele, mas não o encontrei foi então que me lembrei da cabine/cozinha, fui até lá e quando estava descendo a escada o Thomas vinha subindo, ele parou quase que imediatamente e ficou me encarando.
- Thomas você viu o...- não consegui terminar a frase porque fui surpreendida com lábios macios e delicados entrando em contato com os meus, sim! O Thomas estava me beijando.

Oie aí está mais um capítulo faltam apenas dois agora.
Espero que estejam gostando...

Gente desculpa eu tinha postado esse capítulo ontem, mas o wattpad fez o favor de apagar ele, me desculpem.

Apenas Amigos! (será?)- 2* temporada de A NerdOnde histórias criam vida. Descubra agora