17 - Kanima

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Mais tarde naquele mesmo dia, logo após Stiles ter saído da propriedade Hale; ele e Scott foram até a casa de Lydia, mesmo sabendo que não eram exatamente bem vindos lá. A mãe de Lydia mesmo estando ciente de acontecia atividade sobrenatural na cidade, e sabendo também que sua filha possuía as mesmas habilidades da avó, preferia ignorar tudo e fazer o possível manter Lydia também longe desse mundo, apesar de a garota já estar afundada nele até o último fio de cabelo.

Lydia estava fazendo pesquisas e alguns testes com Parrish na tentativa de descobrir que tipo de criatura sobrenatural ele era, e até agora vinha fracassando, pois ainda não havia encontrado nenhum tipo de folclore que descrevesse o tipo de poder dele. E agora, ainda tinham nas mãos o problema das criaturas modificadas. E era exatamente o assunto que precisavam discutir. O corpo da criatura havia desaparecido do necrotério antes que os dois garotos pudessem dar uma olhada. Estavam na estaca zero mais uma vez.

O quarto de Lydia que um dia já havia sido um exemplo de organização e decorado com objetos normais de garotas normais, agora estava repleto de livros abertos e marcados em determinadas páginas. Tudo parte das intermináveis pesquisas da garota. O fardo estava cada vez mais pesado, pesquisas, preocupação, dores de cabeça cada vez mais fortes e persistentes e o mais esmagador: O pressentimento que algo muito ruim viria a acontecer em breve.

_Sinto muito rapazes, mas se não puderam examinar o corpo, não posso fazer nada. Como podem ver, já tenho pesquisa o suficiente pra trabalhar.

_Sim, a gente sabe disso – falou Stiles – Mas porque alguém levaria um corpo do necrotério?

_E não um corpo comum – complementou Scott – aquela criatura era a coisa mais estranha que eu já vi. Se não fosse Derek ter aparecido, Liam e eu estaríamos mortos agora.

_Derek sabe aparecer na hora certa não é? – Comentou Lydia fazendo Stiles corar – Mas já pensaram que, se alguém se deu ao trabalho de levar o corpo, pode estar tentando esconder tudo, sem corpo, sem pistas.

_A não ser que... As câmeras de segurança! – exclamou Stiles – Elas com certeza gravaram quem levou o corpo.

_Boa ideia! – falou Scott – mas como poderíamos ter acesso às gravações? Precisaríamos de um mandato no mínimo...

_Vamos precisar da ajuda do Xerife. E dessa vez, vamos ter de ser honestos – falou Scott.

Stiles concordou assentindo com a cabeça. Ele claramente não queria envolver seu pai nisso, mas se a situação começasse a piorar, não teria outro jeito senão revelar o que estavam pesquisando.

_Tem tido progresso com o Parrish? – perguntou Scott tentando quebrar o silêncio que havia se instalado.

_Isso está sendo mais difícil do que eu imaginava! – Falou Lydia visivelmente esgotada com tudo isso – Ele não é nada das criaturas que pesquisei até agora! Já testamos fogo, e ele é imune. Dei um tiro nele, quando a bala foi extraída a ferida fechou imediatamente.

_Você deu um tiro nele? – Exclamou Stiles.

_Pesquisa requer testes – disse Lydia – ele se cura muito mais rápido que os lobisomens, e mais rápido que a Malia também. Quando é exposto ao fogo, ele parece não ser mais ele, vira... Não sei como dizer... Outra pessoa, ou outra coisa. Perde a consciência do que fez, e não responde a nada que eu diga.

_Então ele é ativado pelo fogo, certo? – falou Scott.

_Ja pesquisou por Dragão? – Perguntou Stiles.

_Já pesquisei dragão, fênix, salamandra, eu não aguento mais pesquisar. Esses livros são limitados, se tivéssemos um bestiário completo, com certeza poderia encontrar respostas.

_Um bestiário! Porque não pensei nisso antes?! – exclamou Scott – Ainda temos a cópia do bestiário dos Argent! Deve ter algo lá que bata com a descrição dos poderes do Parrish!

_Poderia ter dito isso antes, pouparia muito trabalho e dor de cabeça – falou Lydia massageando as têmporas – onde está?

_ Tenho o arquivo gravado em disco em casa, levo amanhã pra escola. Se houver respostas pra isso, elas estão lá.

No dia seguinte Scott entregou para Lydia o disco que continha a copia digital do bestiário dos Argent, feito há muito tempo pela Allison. O disco era mais uma lembrança do que um objeto de pesquisas para Scott, mas situações desesperadas pedem medidas desesperadas.

Estavam na aula de química quando de repente uma garota; Tracy, saiu correndo da sala sem dizer nada. Malia havia tido uma sensação estranha a respeito da garota mais cedo, no início da aula, então se levantou e foi atrás dela sendo bloqueada na porta por Natalie.

_Você não pode melhorar suas notas abandonando a sala de aulas desse jeito.

_Aquela garota, eu preciso ajuda-la! – falou Malia apontando para a porta.

_Você precisa ajudar a si mesma a se formar.

_Se você vai continuar ignorando o que está acontecendo aqui não me importa, mas eu preciso fazer alguma coisa. Aquela garota precisa de mim, eu sei disso – falou Malia.

_Do que você está falando? Não tem nada acontecendo aqui – negou Natalie.

_Você sabe disso – falou Malia mostrando em seguida os olhos azuis acesos num tom brilhante e sobrenatural.

Malia passou pela porta e seguiu Tracy pelo cheiro. A garota havia seguido para o banheiro. Quando Malia entrou, Tracy estava de frente para o espelho, com a cabeça baixa e visivelmente com dificuldade para respirar.

_ Eu posso te ajudar, não precisa ter medo – falou Malia tentando se aproximar aos poucos.

_ Saia daqui, você não pode fazer nada por mim – gritou Tracy, que ao virar na direção de Malia deixou a mostra os olhos agora totalmente diferentes. Pupilas verticais, como de uma cobra.

Sua pele também estava mudando aos poucos, sendo revestida por escamas em alguns pontos e aumentando gradualmente. Malia ficou assustada, ela sabia que algo estava errado, só não esperava por isso. Ela tentou se aproximar calmamente mais uma vez.

_Tracy, fique calma, não precisa ter medo. Me deixe te ajudar.

_Ninguém pode me ajudar – falou a garota num tom baixo.

Logo a mudança se agilizou. Escamas cobriram sua pele, presas finas cresceram na boca da garota, como dentes de uma cobra. E logo o mais inesperado. Uma cauda longa irrompeu de sua pele, logo no fim da coluna vertebral. Seja lá o que fosse aquilo, não era mais a Tracy, pois um comportamento extremamente violento tomou conta daquela criatura que arrebentou a porta e saiu andando sobre as paredes.

Malia não conseguia acreditar no que havia acabado de presenciar, então pensando na segurança dos demais alunos, fez a única coisa que deixaria o prédio vazio o mais rápido possível. Correu pelo corredor e puxou o alarme de incêndio.

Rapidamente alunos e professores saíram das salas tomando os corredores vazios há um minuto atrás. No meio da multidão localizou Scott e Stiles e sinalizou para que eles viessem até ela.

_O que aconteceu aqui? Onde o incêndio? – perguntou Stiles.

_Vocês não vão acreditar nisso – respondeu Malia.

_Em que?

_Naquilo.

Malia apontou para o teto, onde uma criatura coberta de escamas, parecida com um lagarto se pendurava encarando-os com os olhos inexpressivos.

_Meu Deus! – gritou Stiles.

_ Eu sei quem é, é a Tracy. Ela se transformou! – falou Malia.

_ Tracy? Aquilo é um kanima!

Lua de SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora