A manhã foi bastante agradável, apesar dos muitos momentos em que Charlotte e George ficaram em completo silêncio. Ela entrou escondida em sua casa para evitar falatórios e perguntas de suas irmãs mais velhas e foi para seu quarto com a rosa que havia ganhado dele.
Sentia-se feliz, se repreendia toda hora em que pensava nele. Pegou-se novamente pensando nos belos olhos azuis do cavalheiro, e suspirou. Ela não poderia nutrir nenhum tipo de sentimento amoroso por ele. Charlotte podia ser apenas amiga dele, somente isso poderia ser. Mas ela não podia enganar a si mesma, que ele despertava o pior dela, e o melhor também. Seus pensamentos foram interrompidos por sua governanta que entrou com seu vestido, colocando-o no armário. Quando Jasmine finalmente a viu, levou um susto.
— Minha nossa! — Jasmine colocou a mão sobre o peito. — Que horas você chegou?
— Não faz muito tempo.
— Como foi tudo? Ele lhe faltou com respeito?
— Foi agradável. — Charlotte escondeu as farpas que foram trocadas. — Ele é um perfeito cavalheiro.
— Quando ele vem aqui? — Jasmine tomou as mãos de Charlotte. — Fico feliz que tenha achado alguém...
— Minha amada Jasmine, ele é somente um amigo. — Charlotte tirou as mãos de Jasmine. — Estou cansada de falarem sobre casamento comigo. Eu não tenho interesse, respeite minha escolha.
— Calma minha querida, não queria deixá-la aborrecida.
— Mas deixou. — Charlotte soltou seu cabelo do penteado, e começou a escovar suas madeixas loiras. — Acho que a felicidade não depende apenas de um casamento. As mulheres casam sem nem saber com quem e como é o homem. Ele pode ser ruim, ou quem sabe até um libertino. Não quero isso para mim, e nem para minhas irmãs. Elas não se importam, ao contrário de mim.
— Se todas pensassem como você, não haveria mais ninguém se casando. — Jasmine sentou na cama. — Se você fosse princesa teria que casar com o homem que seu pai ordenasse.
— Mas eu sou filha de um duque, e não sou obrigada a casar com um estranho por completo.
— E esse Sr. Smith?
— Um completo estranho ainda. — Charlotte encarou a governanta. — E desperta o pior em mim.
— O que quer dizer com isso? Foi mal-educada com ele? — perguntou assustada.
— Ele também é insuportável. — ignorou as perguntas da Sra. Turner.
— Charlotte Harrison, você vai pedir desculpas para o cavalheiro.
— Não vou não!
— Não seja tão teimosa! Parece um cavalo empacado!
— Sou mesmo! — Charlotte pegou um livro em cima de sua penteadeira. — Vou sair para ler. Por favor, quando o almoço ficar pronto, chame-me.
— Como quiser. — Jasmine fez uma reverência. — Vossa teimosia.
Charlotte saiu do seu quarto com o livro rindo. Resolveu ir para os jardins do fundo, o seu lugar preferido, depois do jardim de inverno. Preferiu não ficar no lugar de costume, se afastando mais, ficando perto das árvores. Sentou-se na grama verde e macia, abrindo seu livro, pôs-se a ler. O livro era "Romeu e Julieta", que possuía final bastante trágico, mas ela amava aquele tipo de literatura trágica.
Uma borboleta azul com detalhes amarelos pousou na página amarelada e ficou lá, como se admirasse as letras. De repente, Charlotte ouviu um barulho de passos, deveria ser sua governanta chamando-a para almoçar, mas fazia tão pouco tempo que ela havia saído de casa. Porém, ela estava enganada, não era Jasmine, e sim, sua melhor amiga, Sky Marshall.
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Lady Charlotte
Historical FictionLivro 1 da trilogia "Irmãs Harrison". Charlotte Harrison, a filha caçula do duque de Cambridge, vai fazer dezessete anos. Essa é a idade perfeita em Londres para as moças solteiras começarem a debutar e procurar um bom partido para se tornar marido...