Vai começar, outra vez...

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Acordo de manhã apressada com o toque do despertador e já atrasada, como sempre, porque no dia anterior tinha ficado até tarde a ver TV, mesmo sabendo que o meu primeiro dia numa nova escola se seguia.

A correr, visto-me, lavo os dentes, passo a escova no cabelo e olho de relance para as horas.

E claro, eu já sabia o que ia acontecer naquele dia. Chego à escola atrasada; à procura da sala com o horário na mão; não a encontro porque a escola é enorme; passo a escola a pente fino até a encontrar; quando a encontro já estou atrasadíssima, bato porta da sala e com um ar de inocente entro; com os olhares fixados em mim, sento-me no único lugar de vago e presto atenção à aula que já começou à meia hora.

O pior é que eu tinha razão. Tudo o que eu calculei aconteceu por completo. Só demonstra a minha sorte, logo no primeiro dia.

Quando tocou fui à procura do meu cacifo, que demorou outra eternidade para encontrar.
Fui observando a natureza da escola e daqueles que a rodeiam.

Os alunos vão formando grupos dependendo do "grau de sociabilidade" uns com os outros. Por exemplo, aqueles que andavam no clube de xadrez e que passam a vida a estudar eram chamados de nerds; os jogadores do clube de futebol da escola (as águias), e onde haviam os rapazes mais giros, chamavam-se d'os jogadores e eram o grupo, normalmente, dominado pelo das raparigas da claque - neste grupo estavam as raparigas mais giras da escola e, praticamente, todas tinham namorado no grupo d'os jogadores (à junção destes dois grupos tão "poderosos" dava-se o nome d'os sociais). Até se perguntam como soube isto tudo sem falar com ninguém. Fácil, quando se ouve aprende-se mais do que quando se fala.

Durante todo o dia andei sozinha pelos corredores da enorme escola, sem falar com ninguém.
Mas, num momento em que ia distraída... BOOM!!
Cai-me tudo ao chão, livros, estojo, telemóvel,...

Rapaz do cabelo espetado: Estás bem?

Eu: Sim, obrigada.

Rapaz do cabelo espetado: És nova? Nunca te tinha visto por cá antes.

Eu: É o meu primeiro ano aqui e ainda não conheço ninguém.

Rapaz do cabelo espetado: Normal, o meu primeiro dia também foi assim, ainda por cima aqui.

Eu: Então, se assim é tive sorte em chocar contigo! Se isto não tivesse acontecido, provavelmente, ainda andaria por ai sozinha, sem fazer amigos.

Rapaz do cabelo espetado: Ainda não me disseste o teu nome.

Eu: Stephanie Sparks. E tu?

Marcus Johnson: Marcus Johnson. Então vê-mo-nos por ai. Quem sabe se não ao almoço.

Eu:  Ahahah quem sabe. Xau!

Marcus Johnson: Até depois.

No fim do turno da manhã, quando chegou à hora do almoço, a escola ficou uma confusão total. Mochilas em todos os cantos e multidões de pessoas a andar pelos corredores. Altura ideal para encontrar o cacifo "perdido".

Encontrei-o no meio de muitos, próximo dos laboratórios.
Em todos os corredores da escola existem filas de cacifos de diferentes cores: uns verdes, outros azuis e até haviam uns vermelhos.
Mas o meu não. Parecia ser o único na escola assim. Tinha uma cor alaranjada e o número 31.
Coloquei a chave na fechadura mas não o estava a conseguir abrir. De repente oiço alguém a uns metros, na minha direção a gritar:

Rapariga arrogante:  Ei, caloira, o que estás a fazer no meu cacifo? Não sabes que não se deve roubar à estrela da escola?!?!

Eu: Desculpa mas, supostamente, este é o meu cacifo, pelo que me disseram.

Stephanie SparksOnde histórias criam vida. Descubra agora