– Olha, acho que começamos com o pé esquerdo, mesmo que eu não me lembre de ter feito alguma coisa a vossa senhoria, mas tudo bem. Meu nome é Benjamin e o seu? – falou estendendo a mão.
Fiquei um bom tempo tentando absorver tudo isso até decidir apertar sua mão, quero me manter distante, mas sou educada.
– Prazer senhor Benjamin, meu nome é Alice – respondi.
– Que nome adorável senhorita Alice, o prazer é todo pertencente a minha pessoa – o quê? Esse garoto está brincando comigo, só pode.
– Querido, você poder parar com esse jeito estranho de falar? Obrigada – Deu, vou sair daqui logo.
– Me desculpe, eu só queria, não sei, deixa pra lá. Você vem sempre aqui?
– Esse tipo de cantada não vai funcionar comigo, pode tirar o cavalinho da chuva.
– Mas nem está chovendo – falou sorrindo, confesso que quis rir, mas não daria o gostinho a ele.
– Muito engraçadinho Benjamin, nossa, estou morrendo de rir – uma leve brisa bagunçou seu cabelo, minha mão coçou para arrumar, ele parecia muito macio. Controle-se Alice, você nem o conhece.
– Não morra, por favor, querida donzela.
– Ai meu senhor, sai daqui garoto – falei empurrando-o
– Não, estou bem obrigada – deitou no gramado e sorriu ao olhar as nuvens, o dia estava bonito, tenho que admitir, mesmo que prefira os dias nublados, o sol era aconchegante a essa hora do dia, adoraria deitar ali com ele e observar as formas das nuvens.
– Então saio eu – levantei rápido e sai andando consciente de que ele estava logo atrás de mim, que garoto insistente.
Comecei a correr passando pelo lago e pelas pessoas sentadas lá perto que me olharam como se eu fosse louca, não que eu me importasse. Apressei-me a entrar na sala de artes, sabia que poderia me esconder ali, a professora sempre me adorou e nunca me expulsaria, tranquei a porta e sentei no chão. Não entendo, o que esse garoto quer comigo? Por que eu? Eu nunca chamei a atenção de ninguém, odeio isso, ser o centro das atenções, prefiro o silêncio, prefiro ficar na minha e observar, conversar só com meus amigos, mal o conheço, não quero papo com ele, ou quero?
Antes que pudesse chegar a qualquer conclusão o sinal que encerrava o recreio tocou e infelizmente tive que me esgueirar para fora da sala de artes. Andei rápido me misturando aos outros alunos que se dirigiam para suas salas, fui em direção a sala de biologia, pelo menos teria as duas últimas aulas lá, seria um bom fim de manhã , pois adoro biologia e a professora Grace sempre foi um amor, além de explicar super bem. Entrei na sala e sentei no lugar de sempre, aguardei meus amigos chegarem e sentarem ao meu lado, os dois me olharam como se dissessem "acho que alguém arrumou um namoradinho", que legal, eles me viram correr com Benjamin atrás, os ignoro, guardo meu livro e meu Ipod e toda minha atenção está na professora.
Passaram-se cerca de trinta minutos de aula até que Benjamin batesse na porta pedindo licença para entrar:
– Com licença professora, é... Grace?
– Sim e você quem é?
– Me chamo Benjamin Gilbert, sou o aluno novo, desculpe-me por chegar atrasado, é que eu acabei me perdendo enquanto procurava a sala de biologia – terminou de falar e me lançou um olhar de "obrigada por isso" e sorriu com desdém.
– Tudo bem Sr. Gilbert, encontre um lugar e sente-se, estamos fazendo uma pequena revisão sobre os reinos que estudamos ano passado, será que você poderia listá-los?
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Not Alone
Teen Fiction"...o professor Ethan entra na sala e pede silêncio para todos, com isso me viro para o quadro e finjo prestar atenção, minha mente se perde em pensamentos e volta para aquele dia... Não, não posso pensar nisso, balanço minha cabeça como se pudesse...