Acordei e resolvi sentar um pouco no canto bem no início do refúgio e me deparei com 2 pessoas vindo de longe um pouco machucadas. Corri para tentar ajuda-los a subir nas rochas que ficavam por ali e quando olhei para seu rosto vi meu melhor amigo do terceiro ano do fundamental; Rodrigo. Seu rosto não havia mudado e com certeza o que eu sentia por ele também não.
Rodrigo foi minha primeira paixão, ele virou meu melhor amigo após ter me ajudado quando meu avô morreu. Lembrar disso me fazia sentir o mesmo frio na barriga que sentira quando eu o conheci. Eu via meu reflexo em seus olhos verdes azulados e aquilo me fazia enxergar o quanto brilhavam quando falava. Suas mãos tapavam seu joelho um pouco ralado e logo reparei que sua mão estava com uma pequena mordida, resolvi perguntar o que havia acontecido.
- Rô, o que aconteceu antes de chegar aqui?
- É uma longa história, Lolo. Eu fui o último a sair de meu condomínio, mas também fui o único que não morreu, todos prédios caíram menos o meu, mas ninguém previa que somente ele ficaria de pé, ele parecia ser o primeiro a cair, mas não, ele não caiu e graças ao meu bom Deus eu não morri de uma maneira tão dolorosa.
-Entendi- algumas lágrimas caíam de meu rosto- Eu perdi meus pais na destruição, para me salvar, sabe?
-Quer me explicar direito, princesa?
Expliquei a ele cada detalhe e consegui ver seus olhos cheios de água, ele também estava mal, talvez pior que eu, ele realmente viu tudo em volta desabar, viu 500 pessoas morrendo ali perto. AQUILO ERA HORRÍVEL.
Fomos nos alimentar e lá fizeram uma reunião para decidir o que cada um faria; eu caçaria junto com Rô, como nos acampamentos de escola que íamos no segundo e terceiro ano, eu sempre fiquei com a parte de caça por ser uma garota corajosa o bastante. Pegamos nossas lanças e facões para partir à mata e no caminho demos de cara com um urso. Meu rosto mostrava uma expressão um pouco assustada assim como o de Rô. No acampamento aprendemos a nunca atacar um urso porquê sua força mesmo ferido é superior a nossa mesmo com a saúde perfeita, mas também não podíamos correr, pois isso o chamaria atenção, então decidimos que cada um andaria para um lado; eu esquerdo, ele direito.
Andei por um tempo até ver Rô em minha frente, dei um sorriso de canto e ele deu uma risadinha super fofa.
Fomos para o lago e pescamos 23 peixes para o jantar no refúgio.
Anoitecendo, preferimos ir de volta para "casa", mas nesse caminho, Rô parou em minha frente e ficou me olhando. Perguntei então:
-O que houve?
-Você mudou, está linda, como eu deixei passar uma menina assim?
Dei uma risadinha.
-Pois é, sempre fui sua melhor amiga, nunca conseguira me olhar como algo a mais.- falei
-Me arrependo pra caraca .
Ele me puxou contra seu corpo e me deu um beijo, sua mão descia para minha cintura e cada vez me puxava mais. Soltou-me e olhou para mim envergonhado, seus olhos azuis brilhavam a luz da lua que ficara em sua direção. Eu estava apaixonada novamente.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Depois de Tudo
De TodoO mundo que acabou, recomeça. A vida de Lorena nunca foi fácil, principalmente após o fim do mundo; perdeu tudo em um dia, alguns colegas, familiares, professores, tudo havia acabado, ruas em condições precárias, casas destruídas.