Capítulo 4

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Cheguei em casa me sentindo mal, confusa e com a sensação de que fiz a coisa errada, mesmo sabendo que seria melhor me afastar de Luke enquanto era tempo. Passei o resto da noite acordada, pensando em como a minha vida tinha se tornado vazia. Tudo o que eu mais queria na vida era amar e ser amada por alguém. Mas eu não me sentia digna. Tentava ser mais racional com meus sentimentos, mas não era muito fácil. Eu sabia que tinha o direito de ser feliz e que isso dependia da coragem que eu precisava ter de me entregar. Eu precisava correr riscos, mas a única coisa que eu conseguia, era fugir e me fechar para as pessoas. E era isso que eu tinha acabado de fazer quando saí da casa de Luke. Na verdade, eu não queria arriscar. Não sabia se aquilo que tínhamos vivido era somente sexo casual. Ouvi-o dizendo que precisava mais de mim, mas eu não queria ter que analisar nada daquilo, pois me gerava sentimentos difíceis de administrar.

Aquela noite, para mim, apesar de ter sido muito gostosa, me havia feito lembrar demais de Edgar, não sei bem por quê? Talvez pelo envolvimento que ele estava me fazendo sentir. Depois de Edgar, foi a primeira vez que realmente me senti muito atraída por alguém. Eu achava Luke, simplesmente irresistível. Quando conheci Edgar, foi exatamente esse o primeiro sentimento que me despertou. Sua beleza e masculinidade eram inebriantes, mas o que mais me tirava o eixo nele, era sua forma de me desejar. Seus olhos demonstravam seu desejo por mim e isso despertava em mim, sentimentos que talvez, naquele momento eu não tivesse condições de lidar ou compreender.

Eu não queria, mas comecei a me recordar de Edgar e da sua forma de se aproximar de mim.

Oito anos antes...

Meu lugar preferido naquela fazenda, ou melhor, no mundo todo, era a biblioteca da casa. Lá, me esquecia da vida e das horas. Na verdade, sempre fui uma menina muito sozinha, e encontrava nos livros, uma companhia.

Comecei a me lembrar do dia em que percebi o desejo nos olhos de Edgar. Já fazia por volta de um mês que ele não ia à fazenda, e eu seguia minha rotina de todos os dias: escola e casa. Era na biblioteca, em meio aos livros, que me sentia bem, eles me faziam sonhar. Naquele dia, eu tinha adormecido com um livro nas mãos. Estava num sono tranquilo, quando de repente, algo me despertou. Parecia um toque suave na minha coxa. Eu ainda devia estar sonhando, pensei. Quando despertei, me deparei com olhos castanhos brilhantes me olhando. Me assustei, mas continuei como estava: encostada na poltrona e com as pernas esticadas sob vários almofadões. Naquele momento, uma coisa me chamou mais atenção, ele não olhava só para meus olhos, mas vi que ele percorria todo o meu corpo, fazendo-me queimar. Não era um olhar comum, era diferente, parecia que queria devorar cada pedaço de pele que via.

Ele se aproximou ainda mais de mim, e acariciou minha coxa, o que me deu certeza, de que ele tinha feito isso anteriormente, e eu não estava sonhando. Meu coração disparou. Fiquei nervosa, não sabia o que fazer. Então não fiz nada, deixei que ele me acariciasse novamente.

- Você parecia um anjo dormindo, não queria te acordar. Você é uma menina encantadora, mesmo dormindo, consegue me seduzir.

Fiquei assustada com suas palavras, não sabia como reagir a elas. Na verdade, eu gostava de ouvi-las, mas sabia que não eram corretas. Me levantei rapidamente, deixando o livro que estava lendo, cair no chão.

- Ficou nervosa, Manuela? - Ele sorriu maliciosamente. – Já percebi que fica nervosa quando estou por perto.

- Não, é só que... – Me atrapalhei com as palavras.

- Não precisa se explicar. Está tudo bem. Me desculpe atrapalhar seu descanso, é que não resisti. Foi só um carinho inocente, está tudo bem?

Até virar obsessãoOnde histórias criam vida. Descubra agora