CAPÍTULO 2 - Plano nº 1.

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Antes desmaiado do que mal acompanhado.

Bem, vamos manter a calma. Respira e inspira. Para e pensa. Tudo pode dar certo depois que você pondera todas as possibilidades e reflete sobre o assunto de modo claro e objetivo.

E pensando de modo claro e objetivo, mantendo a calma, parando e pensando, respirando e inspirando eu consegui chegar a seguinte conclusão: eu estava bem ferrado mesmo e mesmo.

— Senhor Matthew. — A secretária da minha mãe chamou, parando cuidadosamente na minha frente com uma cara assustada. — Senhor Matthew, o senhor está bem?

— E-eu... E-eu... Eu acho que preciso de um momento. — Disse desencostando da porta do escritório da minha mãe, meio desnorteado, meio chateado com a vida. — Talvez você pudesse me arrumar um calmante. Ou talvez dois. — Levantei o dedo fazendo um sinal de dois.

— O senhor está meio vermelho, senhor Matthew. Tem certeza que não prefere ir ao hospital?

— Por favor, só...

Eu até concluiria a frase se fosse capaz, porém de repente minha mente escureceu e eu entrei num sono profundo, depois eu acordei em um lugar claro, com o braço doendo e algo pressionando minha cabeça.

Gabrielle, uma garota de mais ou menos trinca centímetros (ela jura que tem mais de um metro, mas eu só concordo pra ela não ficar muito chateada), cabelos loiros e olhos azuis estava sentada a minha frente, em uma poltrona, roendo o canto da unha.

— Onde estou? — Perguntei. Ela se prontificou a ficar de pé e seguiu em minha direção. Suas mãos pequenas e raquíticas seguram meu rosto com força, aproximando-o do seu com os olhos arregalados.

Durante o pequeno percurso eu percebi que estava em um quarto de hospital, bem coberto com mantas de lã que estavam derretendo minhas pernas e com um urso segurando um coração com os dizeres "você vai sair dessa" do meu lado.

— Você está bem? — Perguntou desesperada antes de abraçar minha cabeça como se eu não a tivesse batido com força. — Oh, meu Deus! Você está horrível! Vou chamar o doutor, ele precisa te examinar de novo, ver se não houve traumatismo craniano. Sabe, você desmaiou na frente do escritório da sua mãe. Disseram que você teve um ataque de pânico e PUM! Caiu. Mas não se preocupe, não se preocupe, eu vou resolver tudo e você não vai morrer dessa vez, terei todos os cuidados, irei isolar sua cabeça com almofadas, não se preocupe, não se preocupe.

Disse todas as palavras rápido demais, articulando com as mãos e fazendo caretas estranhas, às vezes mordendo os lábios ou simplesmente ficava parada olhando para o nada. Por via das dúvidas, essa era minha melhor amiga.

— Desculpe senhora. — Disse afastando seus braços pequenos de perto de mim, com uma cara sensata que eu costumava fazer para conversar com gente desconhecida e que não precisava saber do meu verdadeiro eu interior. — Quem é você?

— NÃO! — Ela gritou caindo no choro. Ouvi o som de seus joelhos batendo contra o mármore do piso enquanto ela apertava o macacão que eu estava usando no meio das unhas cumpridas e chorava no meu colo. — NÃO ACREDITO! O MÉDICO DISSE QUE VOCÊ FICARIA BEM! NÃO!

— Senhora, senhora! — Disse tentando erguê-la pelos braços. — Me desculpe, mas eu realmente não sei quem você é. Será que poderia parar com isso e, por favor, sair daqui?

— Matt! Matt! Por favor, olhe para mim! Sou eu, lembra? Gabi, Gabs, Gabizinha, Gabês, Gabresca, Gabri, Gabiru, Gabinha, Gabrielvis, Ga, Gabrielle!

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