01

13 1 0
                                    

"CARACA MOLEQUE, QUE MERDA
VOCÊ FEZ?" Gritaram no meu ouvido.

Juro, eu daria um tapa no Romeu se eu não tivesse caído no chão com o susto. Puta que pariu, por que fazem isso comigo? Ou melhor, por que ainda sou amigo desse traste?

"Que foi, infeliz?" Resmunguei, juntando toda a minha dignidade para levantar do chão e me sentar na cadeira, já que Romeu ocupava a mesa.
  
"Nada!" Ele respondeu, com um sorriso que me lembrou uma mistura de criança eufórica depois de comer um doce e um psicopata prestes a matar alguém. "Você que tava morgando ai."

Bufei, e ai sim dei um tapa na cabeça dele. Ele ignorou, como se não tivesse doído e então estendeu a mão para eu bater.

"Seu fim de semana foi bom então... Bem que vi aquela garota lá, a loira peituda, te dando mole!" Falei em tom de orgulho.

Ele ergueu os braços ao ar e então fez o gesto mundialmente (ou só nacionalmente) conhecido como o do "lepo-lepo".

"Ei, o pessoal tá lá na árvore, bora lá?" Ele disse se levantando e pegando sua mochila. "Aula de quem?"

Ainda faltavam uns dez minutos pra a primeira aula do dia começar, então olhei em volta, pensando se alguém ali me deduraria. As pessoas que estavam lá dentro eram muito certinhas, mas, em sua maioria, tinham medo de mim. Eu nem sei o motivo, mas tinham. Vi a algumas cadeiras de distância Juno, entretida com um livro. No fundo eu tenho pena dela, por perder a vida assim, mas por outro lado, NOSSA, ela fica bem de uniforme.

Romeu estalou os dedos na minha cara.

"Ah, aula de Literatura." Respondi levantando também e pegando a minha mochila. "Bóra?"

"Com certeza. Você aprende mais Shakespeare com o papai aqui... Ser ou não ser?" Ele exclamou, teatralmente.

"Idiota, isso é Hamlet. O seu nome é de Romeu e Julieta." Eu disse, enquanto andávamos porta a fora.

"Tá, dá a mesma coisa. Antigo, fora de moda e, ah, entediante!" Rolei meus olhos para ele e ri.

"Chega de babaquice." Decretei. "Quem chegar por ultimo n'A Árvore paga o outro uma coca!"

E então sai correndo. Romeu logo correu atrás, mas não antes de reclamar.

"Qual é, estamos no sexto ano agora?"

BenOnde histórias criam vida. Descubra agora