O Lado Oculto Da Luz

Oito

Não sinto meus pais, não sinto eles!
Sinto o cheiro de Mayne misturado com as chamas que estava em casa. Ela matou eles. Ela queimou eles. A chuva aumenta, estou parada de joelhos na rua, á pessoas por todo lado, estão se juntando cada vez mais em volta da casa, os bombeiros chegam e os policiais também, eles afastam as pessoas e apagam o incêndio, a metade da casa está queimada, só sobrou a sala, a sala que a pouco tempo estava com eles do meu lado!
Julian chega e vem em minha direção.

"Você está bem? "

"NUNCA ESTARIA MELHOR! "

Eu gritei com ele, ele ainda mantém a calma, como pode ter tanta paciência comigo?

"Você tem que se acalmar "

Sento no chão e afundo meu rosto nos meus joelhos, às lágrimas começam a rolar pelo meu rosto e depois se misturar com a chuva, como fui tonta. Se eu não tivesse os deixado eles estariam aqui, aqui comigo!

"Julian, eu não vou aguentar "

"Eu to com você, a gente vai conseguir "

Me levanto do chão, estou encharcada, chuto a sacola longe e saio correndo pra floresta. Tropeço em troncos caídos e também bati meu rosto em vários galhos. Encontro a cachoeira, lá não estava chovendo, pelo contrário, estava com um sol fraco que deixava a água transparente, meu amuleto está azul, frio e azul, entro na água e fico submersa, meu cabelo se espalha pela água, minha pele fica mais clara pelo sol, vejo vários peixes passando como se não estivesse ali, realmente, me sinto como se não estivesse ali, mais estou, a triste realidade, fecho meus olhos e começo a imaginar meus pais, imaginar minha família, estava totalmente em outro mundo, um mundo perfeito, queria nunca mais abrir meus olhos de novo. Ouço um barulho vindo da superfície, abro meus olhos rápido me tirando do meu devaneio, me puxa pra fora da água, Julian.

"O que estava fazendo? "

"Pensando "

"Me assustou, sabia? "

"Desculpa "

"Está mais calma? "

"Estou bem, tenho que começar a aceitar as perdas, ainda vou perder muita gente, não posso cair logo nas primeiras"

Ele me abraça e me dá um beijo, ele se afasta e olha pro meu amuleto.

"Quem te deu? "

"Meus pais... Porquê? "

"Já vi vários desses, mais nunca um igual esse"

"Como assim? "

"Bem, á amuletos que protegem as pessoas, que ajudam a fazer magias e feitiços e muitos outros. Mais esse, esse diz a lenda que uma bruxa muito poderosa ao saber que ia ser enforcada criou um amuleto pra proteger seu filho de um ano, ele nunca foi encontrado, a história do amuleto rolou por séculos, e foi procurado por todas espécies de imortais, nunca conseguiram encontrar. A força vital dele vem da própria pessoa, você não escolhe o amuleto, o amuleto que escolhe você. Só isso que sei dele... Cuide bem dele, ele é único "

"Pode deixar, vou cuidar "

Voltei pra casa, havia algumas peças de roupas que as chamas não pegaram, os policiais ainda estão em volta da casa, entrei sem me verem, troquei de roupa rápido e coloquei algumas peças na mochila, peguei meus documentos e todo dinheiro que encontrei, quase esqueci meu sapato, coloquei meu coturno e sai. Escrevi uma carta pro Julian e deixei com a tia dele e ela disse que vai entregar.

Não sei pra onde vou, preciso encontrar alguém que possa fazer um documento falso pra mim, pra ter mais de 18.
Bem, não foi difícil, mais só vai estar pronto daqui um dia, não tenho onde ficar, estou na cidade ao lado da de onde moro, espera, morava porque não quero voltar nunca mais! Vou deixar Julian, nem falei com ele pessoalmente, Solphi e James, o que será deles? Tudo que tive esse tempo que estive lá foi embora em vão, em vão! Minha vida vai ser longa e solitária, não queria isso. Passei a noite numa casa abandonada no final da cidade e quando amanheceu busquei meus novos documentos.

Agora tenho 18 anos e me chamo Suya Tara, gostei da minha nova identidade. Quero ser outra pessoa, esquecer tudo, é errado fazer isso? É errado fugir dos problemas quando eles pesam? Não tem ninguém aqui pra me impedir de fazer isso. Ninguém.
Não preciso de ninguém, posso me virar muito bem sozinha.