Capítulo 2

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UM CONSOLO

Fany não parava de chorar. Eu não queria ficar perto dela naquele estado e ela se recusava a ir embora. Tinha esperança de envolver-me em chantagem emocional e continuarmos o conturbado namoro. Peguei meu celular e chamei um táxi, o taxista já era conhecido meu, estava acostumando a prestar serviços para a minha família, recomendei que deixasse Fany na sua casa e paguei adiantada a corrida.

Pouco tempo depois meu celular toca. No visor estava o nome da mãe de Fany, era mesmo estressante aquela situação, mas não iria retroceder, resolvi atender.

_ Alô! Oi Dona Ana. A Fany já chegou em casa?

_ Sim. Francyslaine chegou. Mas está em prantos e não conseguiu conversar comigo. Apenas falou que vocês brigaram e começou a chorar sem parar. O que você fez com minha filha?

_ Lamento muito o estado que ela ficou. Mas terminei nosso namoro, não podia continuar... Na verdade gosto demais dela, mas é um sentimento fraternal, como irmã, não correspondo à esta paixão louca dela.

_ Vocês sempre foram tão grudados, desde adolescentes por terem a mesma idade, estudavam juntos, tinham a mesma turma de amigos. Como será isso? Você tirou o chão d'onde ela pisava! Falou a ex-sogra muito sentida.

_ Está sendo muito difícil para mim também. Suspirou longamente. _ Mas essa decisão foi muito bem pensada. Eu não quero me afastar definitivamente de Fany. Desejo continuar sendo amigo dela, mas ela precisa entender que não iremos mais namorar. Ela tem que virar a página.  Falou decididamente Rafael.

_ Tudo bem. Eu também acho que vocês são muitos novos, ainda não poderiam casar, ela sonhava com isso, nem se preocupando com seus estudos, carreira.  Respondeu Dona Ana.

_ Sei que o momento é crítico, e ela está ainda digerindo o ocorrido. Hoje é quinta-feira, deixe passar mais uns dias. Final de semana pretendo visitá-la e a confortarei, não quero vê-la triste e deprimida.

_ Faça isso mesmo Rafael. Eu também me apeguei demais a você. Iremos todos sentir sua falta. Falou Dona Ana com voz chorosa.

_ Não se preocupe. Eu não quero que sintam minha falta, por isso, estarei sempre por aí. E logo mais cedo ou mais tarde, Fany vai perceber que o melhor para nós é sermos amigos.


***

Sábado antes de ir para academia resolvi passar na casa de Fany. Fui com espírito pronto para as investidas e lamentações dela, tinha notado que ela deixara vários recados na minha caixa postal, pois, não atendera nenhuma de suas ligações. Sabia que seria só xingamento e lamurias. Nem me dei ao trabalho de ouvir. Mesmo assim, conforme havia prometido, resolvi encarar a fera.

Comprei uma caixa de bombons, sabia que quando ela estava deprimida adorava comer chocolate. Aliás, não só deprimida, era uma verdadeira chocólatra. Todas às vezes que íamos fazer compras no shopping, era lei o bendito chocolate. Toquei o interfone no portão da casa dela. _ Quem é? Falou do outro lado Dona Ana. _ Sou eu, Rafa. Imediatamente liberou minha entrada.

Encontrei Dona Ana na varanda, veio me receber com muita simpatia. Logo ouvi de longe a fala e risos de Fany, parecia vir do quarto a voz dela. Fiquei surpreso, achei que iria encontra-la debaixo do edredom triste e chorosa. _ Bom dia Rafa! Não anunciei você ainda para Fany. Ela estava no celular e não quis interromper.

_ Pelo visto ela está melhor. Isso é bom! Respondeu Rafa.

_ Sim, ela ontem teve a visita de um amigo de vocês. Que ficou aqui até tarde da noite conversando com ela. E hoje ele ligou para saber como ela estava.

_ Amigo! Que amigo?  Ele ficou bem surpreso com a novidade. Todos os amigos deles tinham namoradas. Não se lembrava de nenhum em especial solteiro que fosse amigo também de Fany.

_ É o Raul. Ele ontem ao me cumprimentar, falou que também era seu amigo.

Não entendeu direito o que aconteceu com ele naquele momento. Não sabia dizer que era o susto com a notícia, ou se sentira uma pontinha de ciúmes em imaginar que Raul seu companheiro de balada estava com Fany. Aliás, um rapaz gente boa, bonito, malhava com ele na academia. Era dono de uma casa de show e vivia mais na balada do que qualquer outro lugar. Por isso, não tinha namorada, porque cada final de semana ficava com uma menina diferente.

Por alguns momentos ficou em silêncio pensando no que fazer. Mas percebeu que seria melhor assim, resolveu então, sair à francesa. _ Dona Ana. Eu acredito que não será necessário conversar com a Fany. Pelo visto, ela está superando bem. Diga a ela que estive aqui e deixei essa caixa de bombons que sei que ela adora. Outro dia eu volto ou depois telefono. _ Tudo bem Rafael. Obrigada pela sua preocupação. _ Fique tranquila tudo terminará bem.

Sedução mortalOnde histórias criam vida. Descubra agora