Capítulo sem título 5

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"Isa, espera que se passa?" perguntou Joanne enquanto vinha na minha direcção a correr.

"Nada" Afirmei.

"O Henrique contou-me" Disse-me enquanto nos sentávamos no muro.

"Ya, até fingi que chorei para não parecer mal" sorri.

"Ele disse-me que estavas mesmo a chorar"

Tirei o cigarro de dentro do maço que se encontrava no meu bolso, e o isqueiro no outro, acendi-o puxando o fumo como nunca puxará antes, de uma forma mais intensa.

"Sou uma boa atriz" piquei-lhe o olho.

"Olá vacas" Disse Bea sentando-se ao meu lado.

Acenti.

"Isa é verdade o que todos estão a dizer pela escola?" perguntou Bea.

Foda-se, já se espalhou?

"Depende" disse.

"Tu e o Ric acabaram?" perguntou.

"Ya" disse.

"Não estas mal?"

"Nunca gostei dele, porque haveria de estar?" Ironizei.

Continuei a fumar o meu cigarro, como se nada tivessse acontecido. Como se eu fosse sempre a mesma Isa. "será que já não sou?". As pessoas passavam, olhavam-me com um ar de gozo, como se estivessem felizes com a minha desgraça. Bem, não duvido nada. Olhei para o lado pois Joanne tinha-me tocado no braço, acordando-me dos meus pensamentos.

"Que foi?" perguntei.

"Olha" acenando com a cabeça para o outro lado do passeio.

Levantei a cabeça, infelizmente. Vi que do outro lado, Henrique estava a passar, com a cabeça baixa, todo de preto e com o seu cigarro na mão.

"Vai falar com ele, ele está mesmo mal" Disse-me Joanne.

"Ele que se foda" disse levantando do muro, pegando na minha mochila preta, onde ainda se encontrava as nossas iniciais marcadas com corretor. "Merda esqueci-me de tirar" pensei. Atravessei a passadeira, com um olhar superior, com a cabeça bem alta, para mostrar que eu estou bem, e que nada me abala. Nada. Continuo a andar como se nada fosse, e todos os olhares postos em mim, uns de ódio, outros de admiração, não sei. Cheguei perto do portão, dando a ultima passa e deitando o cigarro no chão. Senti alguém a puxar-me o braço:

"Olá" disse-me um rapaz, espetando-me um beijo.

Agora sim estavam todos a olhar para mim. Afastei-o com um empurrão um pouco agressivo.

"Que tas a fazer caralho?" perguntei, limpando a boca.

Olhei para o lado, e em questão de segundos, Henrique, aproximou-se, deitando a mochila no chão, empurrando o rapaz.

"Filho da puta" disse Henrique empurrando-o, fazendo com que ele caísse.

O rapaz levantou-se "Ela já não tem dono cabrão, baza-me que eu vou come-la" sorriu.

Henrique olhou-me nos olhos, e deu-lhe um murro na cara, fazendo com que ele cuspisse sangue, empurrando-o de seguida para o chão, sentando-se em cima dele dando-lhe vários murros seguidos. Congelei. Não sabia o que fazer. Diogo foi a correr e agarrou-o, tirando-o de cima do gajo, que quase ja se encontrava inconsciente. Henrique limpou a boca que se encontrava a sangrar devido ao murro que levou. Diogo empurrou-o para longe, e foi atras dele.

ISA P.O.V OFF

HENRIQUE P.O.V ON

Empurrei o Diogo, pegando de seguida na minha mochila e entrando dentro da escola. Vi que Bel, ou melhor, Isabel, estava parada, não se mexera um único milímetro. Nota-se mesmo que se importa. Entrei na escola, onde todos me olhavam, fui à casa de banho, lavei a cara, olhando-me no espelho.

"Mano o que estás a fazer? Podias ter sido expulso!" disse-me Digo entrando na casa de banho.

Olhei para cima onde se encontrava o reflexo dele no espelho, virei-me, apanhei a minha mochila e dando-lhe um encontrão, cheguei perto da porta e disse:

"O meu melhor amigo, comeu a minha namorada. Boa." Saí, antes que ele dissesse alguma coisa, pois se o fizesse eu não ia responder bem.

Tocou, entrei na sala, onde todos estavam a olhar, e umas raparigas a cochichar algo sobre mim. Bateram na porta, e o professor abriu.

"Mrs.Miller, o director está a chama-lo à sua sala" disse uma senhora.

Levantei-me sem demonstrar qualquer sentimento, medo ou ansiosidade, caminhei até à sala do director, bati, e entrei.

"Boa tarde" disse.

"Sente-se" disse olhando para uma folha de papel "É verdade que agrediu um colega na entrada da escola?" perguntou-me enquanto pousava a folha na secretária.

"Sim" respondi.

"Sabe que pode ser expulso certo?" afirmou.

Acenti com a cabeça "Foi fora do portão da escola, portanto, a escola não tem o direito de me expulsar. Se o rapaz quiser fazer queixa, que faça na policia, posso ir?" disse-lhe olhando nos olhos.

O director ficou calado por algum tempo, como se eu o tivesse surpreendido, bem, até a mim me supreendi.

"Sim, pode." Disse-me.

Levantei-me, peguei na minha mochila, e sai. Fui até ao portão, onde se encontrava uma ambulância. Sai da escola, e fui para o carro fumar um charro.

HENRIQUE P.O.V OFF

ISABEL P.O.V ON

"Isa vai falar com ele" disse-me Joanne.

"Achas que devo ir?" perguntei vendo-o aproximar-se do carro.

"Claro que deves, vai!" disse-me.

Levantei-me, saltando do muro, peguei na minha mochila, meti uma alça nas costas, arranjei o cabelo, virando-me para Joanne.

"Não me apetece ir" disse-lhe abanando as mãos " O que lhe vou dizer?"

"Vai e cala-te, fala com ele sobre tudo" disse-me Joanne apontado para o carro.

Fui ter com ele, pareceu que demoraram anos para eu chegar lá, e cada pensamento que me vinha à cabeça. Ele ainda se encontrava no lado de fora do carro, cheguei e disse.

"Posso falar contigo?"

"Entra" disse-me.

.....


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