Prólogo

118 10 14
                                    

Julho de 2008

O carro andava na estrada numa velocidade reduzida, do lado de fora, o dia estava frio, e gotículas de água se formavam no vidro.
No banco de atrás a garotinha dormia, ocupando sua mente com sonhos coloridos e aventureiros, envolvida sobre as cobertas que sua mãe havia colocado carinhosamente sobre ela.
Seria uma viagem rápida, mas que carregava grandes mudanças. Faltavam apenas algumas horas para chegarem a cidadezinha que agora chamariam de casa.
A criança não havia entendido muito bem sobre a mudança repentina, mas seus pais fizeram tantas promessas, traçando uma vida repleta de novidades e alegrias ,que logo ela se convenceu a ideia.
O homem olhou pelo espelho retrovisor para checar sua filha, quando avistou algo além disso. Gritou o nome da mulher que olhava se a criança ainda estava coberta.

O medo percorreu dentro deles. Estavam sendo seguidos.
Os carros em alta velocidade os cercavam, o homem pressionou o pé no acelerador aumentando rapidamente a velocidade. Ele não ia deixar que levassem sua garotinha. Nunca permitiria.
A mulher estava assustada, temendo que o pior acontecesse, o coração saltando pela boca. Eles a queriam, sua filha. Não podia deixar nada acontecer a ela, tinha ido longe demais para protegê-la, e iria até onde fosse preciso.
Mas os inimigos eram mais rápidos e poderosos, eles sabiam disso. Não havia para onde correr. Estavam cada vez mais próximos e mesmo assim o casal recusava a se entregar.
Foi então que, de repente algo fugiu do controle, um carro se aproximou demais no veículo prata com a família dentro. Um atrito que o fez capotar no mesmo instante.
A garotinha abriu os olhos com tudo girando ao seu redor, os estilhaços do vidro cortando seu rosto, ela não entendeu o que estava acontecendo. Quis gritar, mas a voz não saiu, quis se mexer mas a gravidade mudava a cada segundo, jogando-a para cima e para baixo, vez após outra. Partindo seu coração invés de seus ossos.
Quando tudo terminou, só havia uma pessoa com vida naquele carro, a garotinha respirando com dificuldade, os olhos fechados involuntariamente, tremendo de frio esperando por um socorro que talvez nunca viesse, desfalecendo e sucumbindo ao vazio.
Depois daquele dia, os homens que causaram o acidente não iriam mudar, já tinha feito isso antes e fariam de novo.
Quanto a garota que sobreviveu. Bem, eles haviam roubado coisas demais de sua vida.

E a partir daquele dia, ela não seria a mesma.

Nunca mais.

A Conspiração Do TempoOnde histórias criam vida. Descubra agora