Grey - Prólogo

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O barulho semelhante a um alarme de carro ecoa de forma estridente pelo quarto, anunciando que eu preciso deixar o conforto de minha cama e me levantar. Uma vida regada a responsabilidades exige que eu desperte com o nascer do sol, mas me permiti uma folga essa semana. É segunda-feira, início de mais uma longa jornada de trabalho. Se eu fosse um pouco menos empenhado, deixaria que meus funcionários lucrassem por mim, mas faço questão de acompanhar cada um deles de perto, então, sem ânimo algum, eu estico meu braço até minha mão alcançar o despertador e pressiono-o insistentemente em busca do botão para silencia-lo. Depois de uma serie de tentativas frustradas, eu finalmente o faço parar.

Suspiro, me sento na cama e encaro a parede de vidro do meu quarto, que me proporciona a visão perfeita dos muitos e muitos edifícios de Seattle. Uma das mais belas visões que alguém poderia ter. O tempo está agradável lá fora. O sol me parece mais brilhante do que o normal, o que significa que posso sair para correr hoje. Mas é muito estranho. Eu poderia jurar que a semana começaria densa e chuvosa. Talvez seja um incentivo do destino para que eu gaste minhas energias em algo reconfortante como uma boa corrida matinal. A ideia me anima e eu me levanto em busca de um banho frio.

Minha noite foi terrivelmente torturante. Eu não consegui dormir de nenhuma forma. E diferente do que de costume, a causa da minha insônia não foram meus pesadelos quase que constantes. Pesadelos esses que, me assombram desde sempre. Eu apenas não consigo me livrar deles. São inalteráveis. Noite após noite eu me vejo preso ao meu passado agonizante. Mas essa noite foi diferente. Eu apenas não consegui dormir. O que é mais uma surpresa no dia para mim.

Eu saio do chuveiro e busco por meu moletom favorito em meu closet. Taylor está a minha espera quando eu entro na sala. Ele sempre está. Jason Taylor é um ex-militar muito competente. Seus antecedentes são excelentes e promissores para mim, o que faz dele muito mais do que meu simples segurança. Taylor é meu chofer, mordomo e o que mais eu precisar. É meu braço direito. E gosto de saber que posso confiar a ele até mesmo meus segredos mais íntimos.

- Bom dia, senhor. - ele me saúda formalmente.

- Bom dia. - eu respondo em tom educado. - Estarei de volta em breve. - é só o que preciso dizer. Taylor não precisa de avisos prévios, ele sabe exatamente o que estou fazendo a cada minuto do dia. Ele tem minha rotina devidamente decorada em sua mente.

- Sim, senhor. - ele assente em entendimento e eu sigo meu caminho para o elevador.

Eu coloco o capuz do meu moletom assim que meus pés alcançam a calçada da rua. É cedo ainda, e o fluxo de pessoas é pequeno o que me dá certa liberdade para correr uma longa distância. Eu ergo os braços, esticando-os em um breve alongamento antes de me por a correr. O tempo está realmente agradável e ameno. A brisa suave esbarra em meu rosto enquanto aumento a velocidade do meu percurso. Correr me faz bem. A sensação de paz e tranquilidade é momentânea mas reconfortante. É um dos únicos momentos em que tenho a oportunidade de não pensar em nada. De ficar em paz comigo mesmo.

Eu dou a volta pela cidade, sabendo que minha primeira reunião é apenas as dez, então tenho a liberdade de ir o quão longe eu quiser. Acabo divagando demasiadamente e quando me deparo com o Oceano Pacífico a minha frente, percebo que já corri o bastante e por sorte, não estou tão longe de casa.

Já passa das oito, o que significa que há mais pessoas na rua. Mas o trânsito está tranquilo para uma manhã de segunda-feira. Enquanto faço meu caminho de volta, uma mulher surge repentinamente a minha frente. Ela está falando ao celular. E está rindo. E tudo acontece em uma fração de segundo.

- 'Tá legal, 'tá legal, corta o papo furado e diz logo o que você q... - eu suponho que ela me vê, mas não vê. E quando eu tento desviar de seu caminho já é tarde demais.

Cinquenta Tons de Steele - INCONTROLÁVELOnde histórias criam vida. Descubra agora