II

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i'm feeling something deep inside

O tecido desliza em suas coxas lisas como a mistura de chá e creme. Suas pernas estão depiladas — e a loção que passou em si, é doce e tem cheiro de baunilha e faz com que ele sinta sua pele como se fossem pétalas de flores, e o cheiro doce o lembra do amor, mesmo que um pouco. Ele leva tempo ao ligar cuidadosamente uma das meias na alça de sua cinta liga, tomando todo o devido cuidado para não rasgar o tecido frágil. Ele desliza a outra com tamanha delicadeza, e logo a endireita cuidadosamente. Ele pega o sutiã acolchoado que está sobre seu colchão e desliza-o sobre seus ombros, abotoa os fechos com facilidade e revira os ombros para se sentir confortável na peça.


Ele inspira e expira. E então dá passos na frente do espelho, olhando seu corpo inteiro.

hotter than a jetstream burning up

As meias são arrastão e pretas, com pequenas formas de diamantes, e terminam em uma fivela onde estão presas. Longas tiras de renda preta são contidas no vestido preto e curto que desliza em torno de sua cintura fina. Sua calcinha é de cetim, vermelho escuro, e faz contraste com suas bochechas. O sutiã é uma mistura das duas cores. O bojo é de cetim e num tom de vermelho bastante profundo, com decoração de renda preta sobre, e, se alguém olhasse de perto, seria possível ver padrões de rosa. As alças do sutiã não são feitas de rendas resistentes, apenas finas, destinados exclusivamente para fins de apelo sexual. Esse conjunto contrasta sua pele pálida drasticamente, tão escuro em comparação ao quão leitosa sua pele é.

Ele está sexy e sabe disso. Ele sabe que para os homens mais velhos que gostam de meninos vestidos com roupas de mulher, ele está fantástico para caralho. O olhar típico de prostituta nunca foi tão difícil, de qualquer maneira. Ele tem um olhar de inocência e submissão, pedindo para ser fodido, e isso é tudo o que realmente importa.

Mas ele não gosta disso.

Se Harry fizesse isso do jeito dele, ele colocaria uma calcinha de algodão confortável. Branca, talvez rosa, com pequenas flores como decoração no tecido macio. Ele quer um pequeno laço rosa na parte superior da calcinha, bem no meio, delicado e amável. Ele quer cobrir seu bumbum e seu pequeno pau, ele quer um grande e folgado suéter para cobrir seu pequeno corpo. Ele quer se sentir pequeno, e bonito, e precioso.

Ele não gosta de se sentir sexy naquele tipo de roupa, e também não gosta de usá-las para vender seu corpo. Ele nunca quis vender seu corpo. Mas precisa de dinheiro, precisa tanto disso. Ele tem que pagar o aluguel, as contas, precisa comprar comida, pagar seu médico, ele precisa. Precisa tanto do dinheiro. Ele tentou arrumar outros trabalhos e parar de se vender, mas ainda precisava de dinheiro. Nunca encontrou algum trabalho que pagasse o suficiente, e se o fez, lá tinha alguém melhor, sempre havia alguém melhor.

Ele suspira, e coloca suas botas pretas.

i got a feeling deep inside

"Você é uma puta."

Harry geme, uma mão cheia de calos atinge sua pequena bunda. Ele pode sentir a dor antes mesmo dela ter encostado em si. Ele lamenta, movendo sua bunda em direção à mão, a balançando um pouco, tentando mostrar ao homem que ele o quer, o quer muito.

Ele não quer, realmente não quer. Mas ele precisa do dinheiro e essa é a melhor forma que conseguiu para tê-lo.

O homem geme atrás dele, dando outro tapa em sua preciosa bunda. "Tão desesperado."

its takin' its takin', all i got

Mãos ásperas o puxam para baixo, logo começando a deslizar sobre sua entrada. Há uma venda em seus olhos, as mãos estão amarradas atrás das costas e o rosto está amassado nas almofadas. Ele faz o que eles dizem, permite que eles façam o que querem consigo, está sendo pago, afinal. Ele sabe que é inútil, precisa do dinheiro, porém, é tão difícil. Ele tem que colocar um pouco em sua conta bancária antes que haja algum gasto desnecessário. Deus, ele está morrendo de fome, não sabe quando fez sua última refeição decente.

O homem agarra o cabelo dele, puxando-o para cima com força. Harry só tenta não se afastar. É muito apertado, o aperto do homem dói muito. Ele ama seus cachos tanto, e esse homem está agarrando e puxando e machuca muito. Ele deixa escapar um gemido para mascarar sua dor e, em seguida, os dedos calejados estão cutucando sua boca, ásperos, grandes e brutos.

"Chupa, vadia."

Ele chupa.

yeah its taking, its takin' all i got

Harry ignora a forma que o homem se empurra para dentro de si, ignora os ruídos do homem, as pontas dos dedos ásperos, e ele finge que é bom para ele. Ele pensa no bonito homem de olhos azuis no ponto de ônibus há alguns dias atrás. Pensa em seus lábios, e seu sorriso e sua linda voz. Imagina mãos suaves em sua cintura.

"Mais," ele engasga, levando seu traseiro ao encontro do homem, tentando o satisfazer.

"Assim, baby? Huh?" O homem geme alto, unhas cravadas na pele macia de Harry, "Eu sei que você gosta."

Harry cai nos travesseiros, boca aberta e respiração ofegante. Ele é bruto, ele sabe que é, e o homem continua suas estocadas no mesmo lugar, seguindo sempre o mesmo ritmo.

"Você ama isso, não é, amor? Ama ter um pau enorme dentro de você, não é?"

A mão bate em sua bunda de novo, e Harry chora, tentando esconder seu rosto nos travesseiros. Ele acena com a cabeça e choraminga, "Eu amo muito isso."

"Eu sei que você gosta, vadia", o homem geme, fodendo rápido e bruto.

Harry odeia essa parte. A parte onde precisa muito se agarrar a algo, seus dedos se curvam e as coxas tremem. Ele pode sentir o calor em sua barriga, e tudo está girando.

"Por favor," ele implora, porque não sabe se é permitido, "por favor, me deixe—"

O homem solta uma gargalhada baixa, "Você quer gozar, baby? Quer gozar para mim?"

Harry fecha seus olhos. Ele quer vomitar, se enrolar em si e chorar. Odeia isso. "Sim," chora. Ele não quer, mas o faz.

O homem geme atrás de Harry, soltando um pequeno coro de 'uh, uh, uh's' e batendo na bunda dele novamente. "Venha para mim, vadia, goze pro seu daddy".

Ele goza. Deus, ele fez. O homem grunhe e empurra os quadris de Harry para o lado. Harry choraminga enquanto vem em seu estômago e nos lençóis daquela cama de motel. O homem retira a camisinha de seu pau e começa a se masturbar, uma, duas, três vezes, antes de vir sobre o menino que está tremendo e soluçando.

O homem não desfez o nó de suas mãos e nem de sua venda, no entanto, sequer limpou a porra de segundos atrás. Harry ouve um clique e sente o cheiro de fumaça.

"Abra a boca", diz o homem, soprando a fumaça não em seu rosto, mas perto o suficiente para que o nariz de Harry sinta a necessidade de se torcer. Harry abre. Ele sente notas de papel serem dobradas em sua boca e rapidamente retira sua língua. Ele as agarra com os dentes, sentindo-se horrível. Odeia este homem, odeia tudo sobre ele. Odeia as mãos ásperas e sua boca repugnante, sua maldita indecência apenas para entregar-lhe o dinheiro sujo, odeia o fato de que ele se achava seu daddy. Ele nunca, jamais, seria seu daddy. Harry nunca se relacionaria com um homem como aquele.

Assim que o homem desata seus pulsos, ele toca na venda de seus olhos, rasgando-a e cuspindo o dinheiro na sua mão. O homem simplesmente ri dele, observando o seu desespero para encontrar suas roupas.

Harry olha para suas meias e vê um pequeno rasgo no tecido, sugando o lábio inferior. Ele compra essas coisas bonitas para agradar a estes homens e eles a destroem. Ele não tem dinheiro para comprar novos pares, ele tem suas contas e necessidades e tão pouco dinheiro.

Tão pouco dinheiro.

'cause nobody saves me baby the way you do • lwt+hes (portuguese) Onde histórias criam vida. Descubra agora