III

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it's been so long

Os dedos de Louis tremem enquanto ele rapidamente tenta arrancar a gravata, desfazendo o nó e a atirando na cama. Sua grande cama vazia. Ele passa os dedos entre seu topete cuidadosamente arrumado, tirando-os de lá apenas quando o cabelo já está todo bagunçado. Ele sente como se as paredes do quarto estivessem ficando maiores, como se o quarto estivesse maior. Sente muito mais frio do que está habituado, é tudo tão escuro. Ele respira e jura que pôde ouvir o eco. Odeia essa parte. O vazio. A solidão.

Seus dedos continuam tremendo. Ele não sabe o que fazer e nem para onde ir. Não há necessidade de nada, não pertence a lugar nenhum. Ele vai para o trabalho, atende ligações, participa de reuniões, dá as decisões finais, mas quando ele volta para seu apartamento luxuoso, não há nada. Nem ninguém.

Ele quer alguém.

É ridículo. Ele é um homem de 27 anos e ainda não encontrou alguém. Ele dedicou todo o seu tempo em tornar-se bem sucedido, em ter poder e dinheiro, mas está sozinho. Ele quer voltar para casa e sentir o cheiro de algo sendo cozinhado, quer ter alguém para dizer "Estou em casa", também. Ele quer beijar alguém na despedida da hora do trabalho pela manhã, quer beijar alguém quando voltar, quer alguém para passar as noites quando tudo estiver mal, alguém para encaixar em seus braços. Ele quer se sentir amado. Quer alguém para compartilhar sua vida, alguém que precise dele e o ame.

Ele não tem quem faça isso.

Ele está tremendo, sua respiração está ficando mais difícil, as paredes estão mais longes e a visão está turva. Ele pensa sobre o futuro — o dinheiro, os negócios, a solidão. É claro que já tentou conhecer pessoas em cafés, clubes e até sites de namoro, mas ninguém conseguiu preencher o vazio. Ele precisa de alguém que também precise dele.

Tudo que ele quer agora, é acabar com a solidão.

Ele puxa um cartão do bolso e este tem um número anotado aos garranchos. É de um clube de strip, onde você pode ter algumas sessões privadas, mas ele jamais tinha pensado em passar uma noite com uma prostituta. Nunca precisou. Estava sempre cercado de pessoas estranhas, que preenchiam seu vazio por algumas horas. Ele sabe que é errado, mas só quer ter contato com alguém.

Ouviu dois homens no elevador falando sobre um menino novo, que era barato e bonito. Louis não queria, sabia que era ridículo, mas o homem foi dizendo o número e ele simplesmente memorizou, correndo para o escritório e anotando em um cartão. O nome do menino era, aparentemente, Harry — Harry Styles — e ele faria qualquer coisa por você. Ele era desesperado pelo dinheiro.

Ele disca o número.

Toca uma, duas vezes.

"Alô?"

A voz é profunda e suave, estranhamente familiar. Louis tenta buscar algum Harry Styles na memória, e falha. Tenta encontrar em seu consciente um rosto para a voz e falha novamente.

"Uh, oi," Louis diz. Ele limpa a garganta, tentando fazer com que sua voz soe um pouco intimidante e sequer sabe o porquê. "Olá, é Harry Styles?"

"Sim," a voz ronrona.

Louis suspira.

"Você está livre para, uh," ele pausa, "essa noite?"

"Estou sim," a voz diz, doce e adorável, "gostaria de me ver, amor?"

Louis sente seu peito apertar. "Sim."

O menino grunhe levemente, "Vou precisar de um endereço," a voz doce faz uma pausa e estala os lábios, "e uma hora para estar lá."

'cause nobody saves me baby the way you do • lwt+hes (portuguese) Onde histórias criam vida. Descubra agora