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Enquanto Ana se olhava no espelho pela milésima vez, se perguntava o motivo de estar fazendo aquilo. Indo para aquela festa. Ela poderia tirar a roupa e ficar em casa, ou apenas ir para qualquer outro lugar. Mas continuava se arrumando.

Carol, sua melhor amiga, também não entendia e não parava de contestar:

- Quero dizer, você não tem que fazer isso. Se seu namoro está fadado a terminar, não é uma festa idiota que irá salvá-lo.

Ana suspirou e se virou para ela, que estava deitada em sua cama.

- Fácil falar para quem tem um namoro perfeito né amiga...

- Eu não tenho um namoro perfeito. Certo, eu tenho! Quer dizer, não é perfeito, mas é quase... Praticamente. Mas então, é justamente isso que você tem que fazer. Encontrar alguém que seja perfeito para você.

Ana voltou sua atenção para o espelho, fingindo analisar a roupa, mas, na verdade, pensando no que sua amiga estava dizendo.

Ela sabia que Carol tinha razão. Como sempre. Carol era sua melhor amiga desde que elas tinham uns cinco anos de idade e poucas vezes deu conselhos errados. Ela podia ser doidinha à sua maneira, mas era a melhor pessoa que Ana conhecia. E se preocupava com ela mais que sua própria mãe, às vezes. Justamente por isso, não aprovava seu relacionamento com Marcos. Marcos e Ana eram totalmente diferentes um do outro. Como por exemplo, essa festa que Ana estava indo contra a sua vontade. Marcos era o garoto mais popular do colégio e tinha uma turma de amigos que só queriam saber de festas, pegação, bebidas. Eles não gostavam de Ana e o sentimento era recíproco. Mas para tentar melhorar seu relacionamento e passarem mais tempo juntos, ela aceitou acompanhá-lo nessa festa, pois todos estavam falando dela já havia mais de um mês. Mas Carol não entendia isso. E o que Ana tinha dito era verdade. Carol tinha um namoro perfeito com um cara perfeito. Matheus era tranquilo como elas, atencioso, carinhoso e estava sempre ao lado de Carol, sendo amigo acima de tudo. Ana invejava e admirava o relacionamento dos dois e desejava que o dela fosse assim também, mas infelizmente não era e ela tinha que aceitar isso e tentar melhorá-lo, não tinha? Porque apesar de tudo, ela era feliz, não era? Claro que era.

Bom, se fosse sincera com si mesma, admitiria que depois de quase um ano de namoro já não sentia aquela empolgação de antes. Quando Marcos começou a demonstrar interesse nela, ela se sentiu lisonjeada. Afinal, ele era o Marcos Ferraz! Ana nunca se preocupou com essas coisas de popularidade e não era mais uma das meninas que se jogavam para cima dele, mas quando ele começou a se jogar em cima dela, ela não pôde resistir. E aos poucos foi percebendo os defeitos dele, mas achou que com o tempo as coisas melhorariam. É claro que esse foi um pensamento equivocado e nada melhorou. Ele continuou sendo o mesmo cara festeiro, que não se interessava pela família dela, que só queria saber de curtir com os amigos. E o pior: Os boatos das traições só aumentavam. Ela não tomava nenhuma atitude, pois não poderia provar nada e ele sempre negava, mas...

Cansada de pensar e decidindo que iria com aquela roupa mesmo, ela se sentou na sua cama para calçar as sandálias.

- Então você vai mesmo? - perguntou Carol, mais uma vez. Ela não desistia das coisas tão fácil.

- Vou amiga, preciso ir. Já combinei com ele. Vai aproveitar sua comemoração de um ano de namoro! Vai ser lindo! Tenho certeza que o Matheus preparou algo bem romântico.

- Com certeza! Mas aqui, semana que vem você faz um ano também! Espero, mas espero mesmooooo, que seu digníssimo namorado preste para, pelo menos, fazer algo bacana pra você também!

- Tenho certeza que fará. - murmurou Ana, sem segurança. Pegou sua bolsa e foi se retirando do quarto, com Carol à sua frente.

As garotas passaram na cozinha para despedirem da mãe e do padrasto de Ana, que estavam preparando pizzas caseiras enquanto ouviam música.

Uma Nova Chance (DEGUSTAÇÃO)Where stories live. Discover now