No outro dia, Ana acordou e olhou o relógio. Eram nove horas de um domingo, então ela resolveu ficar um pouco na cama, até a preguiça passar.
Diferente da maioria das pessoas, ela gostava dos domingos. É claro que ele antecedia a segunda, mas ela tentava esquecer isso e se concentrar nas coisas boas. Pra ela, significava um dia tranquilo, o que era bem–vindo, pois os sábados geralmente eram agitados. Ela acordava mais tarde, fazia hora na cama, pegava seu computador, checava as redes sociais, levantava com calma e descia para tomar seu café com a família reunida. Depois ficava de bobeira vendo televisão, até que Carol chegava e elas ficavam juntas, sem fazer nada. Marcos nunca aparecia, pois na maioria das vezes dormia o dia inteiro, de ressaca.
Isso era outra coisa que ela era diferente da maioria das pessoas. Ela não se importava de ficar sem fazer nada. Poderia passar horas apenas pensando na vida ou jogando conversa fora, com Carol. E isso também a diferenciava demais de Marcos. Ele não conseguia ficar parado. Sempre tinha que fazer algo, ir a alguma festa, encontrar com milhares de amigos, entre outras coisas. No começo ela gostava disso. Quer dizer, ele era o Marcos! O sonho de todas as meninas daquele colégio, principalmente Laura. Ela não sabia o porquê de ele a ter escolhido. Ela era apenas uma garota comum, que sempre tinha fugido dessas coisas de popularidade. Era bonita e todos a conheciam, mas não participava do meio social de Marcos.
Resolveu levantar, pois estava morrendo de fome. Calçou seus chinelos e saiu do quarto, trombando com seu irmão, bêbado de sono. Caio estava com 12 anos, mas ela ainda o tratava como se fosse um bebê. Preocupava mais com ele do que seus pais.
— Onde você estava ontem quando cheguei? – Quis saber ela, bagunçando o cabelo dele.
— Não é da sua conta. – respondeu Caio, mal humorado. Ele sempre ficava assim de manhã.
— É claro que é da minha conta Caio. Tudo sobre você é da minha conta.
— Claro, porque você se transformou na minha mãe... Desculpa mãezinha... – Caio adorava ser irônico.
— Vocês já estão discutindo? – repreendeu Paula, enquanto limpava a bagunça do outro dia.
— Fala pra ela parar de tentar mandar em mim mãe! Que saco! Eu não sou mais criança!
— Mas eu só perguntei onde ele estava ontem. O que tem demais?
— Tem que você não manda em mim!
Ana ignorou o "piti" do irmão e começou a comer os biscoitos que estavam em cima da mesa.
— Mãe, qual o problema? Você parece preocupada.
— O Carlos tá no telefone... – Paula explicou, com a testa franzida.
Ana não entendeu o porquê isso era motivo de preocupação, mas mal ela terminou de falar, Carlos entrou na cozinha.
— Bom dia crianças. – cumprimentou ele, dando um beijo nos dois.
— Bom dia pai. – respondeu Caio. Ana não disse nada — Nós vamos jogar bola hoje?
— Claro filho! Mas antes, gostaria de conversar com vocês na sala. Terminem o café da manhã e venham. – Carlos saiu da cozinha, indo para a sala.
Paula olhou para ele com cara de confusa, então deixou os filhos tomando café e foi atrás do marido, para saber o que era tão sério que precisava de uma reunião de família.
Ana ficou mal humorada do nada, depois de ver que seu pai e seu irmão estavam marcando de sair. Ela nem se lembra de qual foi a última vez que ela saiu com ele. Carlos, na verdade, era pai legítimo apenas de Caio. Quando ele conheceu Paula, Ana ainda era uma criança de dois anos. O seu pai verdadeiro morreu pouco depois que ela tinha nascido e por isso, nem se lembrava dele. Como referência paterna, tinha tido apenas Carlos. E foi assim que ele sempre a tratou, como sua verdadeira filha. Porém, de uns tempos pra cá, a relação dos dois parecia que estava mudando.
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Uma Nova Chance (DEGUSTAÇÃO)
Romance[ Disponível completo na Amazon: https://amzn.to/2SF3r2g ] Ana tinha uma vida tranquila que na opinião dela, era perfeita. Uma família feliz, bons amigos, um namorado maravilhoso que era o sonho de todas as garotas. Mas de repente, as coisas começar...