Circo

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     Ele chegou, a entrada enorme com espelhos que iam até o teto, milhos de pipoca espalhados pelo chão.
     O jeito estranho, sua alma incolor, e a falta do sentir eram as únicas coisas solenes naquele corredor estreito. Era como em um daqueles sonhos em que não conseguimos nos mandar, ou então sair do lugar.
     Um círculo gigante rodeado pela arquibancada, e uma cadeira bem no Centro. Aquilo deveria ser o palco.
      Seus braços vasculhavam algo pra agarrar enquanto tropeçava em suas calças largas. Ele olhou para cima.

- Sim!!! - Era ela, linda sendo manipulada com carisma pelas cordas, um braço aqui, o calcanhar ali, ela ia seguindo a coreografia não ensaiada, chutando o ar com a ponta do pé.
     A tristeza entrou em cena, adentrou o palco a puxou para baixo, e a beijou. Ela rejeitou o beijo, e teve seus pés quebrados e seu sorriso forçado, ele correu para salvá-lá, mas os anões gêmeos o prenderam, cortaram suas articulações, o transformaram.
     Agora sim, um marionete e uma trapezista com pés quebrados e sem felicidade.

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