Dentro de mim.

- Então você vai morar com seu pai! -Disse minha mãe pela décima vez.

Daquela vez sentia que era sério, eu por um lado queria por outro não. Meu pai me entendia, mas minha mãe parecia que nasceu velha.

- Beleza então, sem problemas.

Ela me olhou torto como se não esperava que eu respondesse aquilo mas no momento era necessário partir.

Com todo cuidado ela arrumou as minhas malas e eu fiquei a observando na porta, queria saber o motivo dela e do meu pai se separarem, as vezes pensava que eles ainda tinham uma conexão quando se viam, o orgulho pode desgastar um casamento, mas por mais que seja não entendia o porque dela ter casado com outro então se ainda sentia algo pelo meu pai.

- Coloquei o suficiente. Se quiser ficar mais venha e busque todas suas coisas.

Eu percebi que estava chateada e beijei sua testa.

- Eu volto mãe, em breve.

- Só não quero te perder filha.

- Jamais!

Eu a abracei mais forte que pude e fui tomar um banho, minha vida seria bem diferente dali pra frente. Estoava tão acostumada com minha vida sem graça que sei lá fazer novos amigos, conhecer novas pessoas daria muito trabalho, principalmente tentar ser legal com todos, não nasci pra isso.

Deitei em minha cama e liguei pra ele, só pra tentar....

" O que você quer?"

Quero você, só você, pensei.

" Podiamos tentar de novo"

" Não!"

E ele desligou o celular, era triste saber que ele não queria mais nada comigo por não ter ido á uma festa. Ele sempre foi muito controlador mas sabia que tinha um bom coração.

No dia seguinte o que eu mais queria era um bom café e um filme, nada mais que isso. Tinha cansado de minha vida e de meus problemas, nada melhor que assistir outras vidas se ferrando e aprendendo com seus erros, aliás é tão facil julgar alguém quando não se trata de si mesmo, mas claro que não consegui terminar meu filme já que o querido Jesus, marido de minha mãe, era insuportavel e de santo só tinha o nome porque nada haver, era uma ironia, mesma coisa que se a mãe da Gretchen tivesse a chamado de Linda. Pensa em um homem gordo, nojento, que só pensa em ver zona rural da Globo, qual é o problema dele?! Se gosta tanto porque não compra uma fazenda e mora lá?!

- Estou tentando me concentrar.

- Assistindo Tv Gézus?

Ele odiava que eu o chamasse de Gézus, é que eu não gostava de chama-lo de Jesus, um nome tão.... Pra ele.... 

- Carol pare de chama-lo de Gézus! Respeite seu pai.

- Eu super respeito meu pai mas o nome dele é Eduardo.

Gézus, ops, Jesus, bufou e mandou eu ir direto pro quarto, queria dizer que foi um favor porque ver a cara dele já tava cansando. Minha mãe sempre dizia que era muito rebelde mas eu me acho normal, anormal é ela que casou com um gordo desses. Achei que ela ia evoluir mas o careca do meu pai ainda tava na lista dos menos piores dela. Nada contra quem se chama Jesus mas o nome nele ficava ridiculo e como disse era uma ironia.

- Carolinne, pode assistir agora.

- Valeu Gézus agora que já viu suas vaquinhas libera ai o sofá, uma pena a mais e esse sofá cai no andar de baixo.

- Ta engraçada hein, prefiro você criança.

- E eu prefiro quando você não morava aqui, quando a vida fazia sentido e cabia 4 pessoas no sofá e não só uma.

- Tão linda mas tão repugnante Carolinne.

Não quis responder, as vezes me continha pela minha mãe. No dia seguinte acordei com um sentimento de nostalgia, acordei primeiro que todos da casa e fui ao quarto dos dois, vi minha mãe deitada, uma mulher com um rosto cansado e no seu único momento de ssossego, iria abrir mão de vê-la por um tempo por raiva talvez ou porque as vezes precisamos de tempo para nós mesmos.