Dentro de mim.

Capitulo IV

Andei sem rumo e avistei uma rampa e vários skatistas, parecia um espaço só deles igual eu tinha na minha rua, só de olhar me simpatizei com muitos que estavam ali, um menino de boné vermelho que estava conversando desviou seu olhar e acabou me vendo, ele ficou parado me analisando, ele era bonito até, quero dizer... Ele era um menino comum, comum o suficiente pra ser um vizinho bonitinho que você já ficou mas nada além disso. Ele viu meu skate e sorriu, fez sinal pra eu me aproximar mas meu celular tocou.

" Alô?! Quem é?"

" Adivinha?? Quero você aqui agora!"

" Daqui a pouco eu vou, estou ocupada"

" Fazendo o que, aonde e com quem?"

"Depois te falo, eu to bem"

E desliguei o celular, me aproximei dele e ele foi logo se apresentando:

- Meu nome é Jean, eai manja no skate?

- Meu nome é Carolinne, mas pode me chamar de Carol, manjo desde pequena.

- Ui, mas ainda é pequena

Ele disse aquilo sorrindo pra mim de um jeito sem maldade que me acalmou.

- Deu pra entender...

- Com certeza é nova aqui, conheço todos os skatistas.

- Sim, sou mesmo.

- Bom... Me mostra ai o que sabe.

Eu gostei dele, pensei. Com o pouco papo que tivemos percebi que ele é meu estilo, chega direto ao ponto, não enrola, fala sem desvios. Comecei a andar e fazer manobras e percebi que ele ficou meio surpreso, geralmente as meninas que dizem andar de skate só sabem andar mesmo sem fazer manobras e andam por modinha, eu andava de skate porque me sentia livre, me fazia bem era um momento só meu. Quando terminei percebi que todos estavam me olhando, tinha algumas meninas sentadas na frente da rampa com seus namorados, aquelas que gostam de um malandro, percebi que não fui bem recebida por elas quando os namorados delas me olhavam de cima a baixo.

- Uau, quem é? -Disse um menino se aproximando.

- Eu sou nova aqui, prazer Carol.

- Prazer é todo meu, meu nome é Vinicius, me chame do que quiser.

- Ok. -Disse sorrindo.

- Ela faz parte agora? - Disse uma menina de pele morena muito bonita.

- Só se ela quiser.

Sabia que era dificil "fazer parte", quando tinha meus amigos lá na minha cidade sempre fomos muito seletivos, pra fazer parte tem que merecer.

- Lógico.

- Legal, mas olha ce é patricinha?

Olhei pra mim mesma naquele momento, não parecia uma patricinha nem agia como uma, aonde aquela menina queria chegar?!

- E eu lá tenho cara de patricinha minha filha!?

Ela me analisou.

- Espero que não.

Meu celular começou a tocar, meu toque de sempre do Racionais Mc's todos olharam pra ela tipo "Isso tira todas as duvidas, de que realmente não é uma patricinha". Vejo que é meu pai e percebo como minha vida era maravilhosa quando minha mãe só me ligava quando ficava tarde.

- Preciso ir.

- Filhinha de papai? -Disse a menina morena que tava pedindo um soco na cara.

Parei e pensei, bem que eu queria ser filhinha de papai, sou filhinha de padre que tenho que chamar de tio.

- Nem é meu pai.

- Namorado?! -Disse o Vinicus com uma carinha triste, já percebi que ele era o tipo que fazia as meninas ficaram na mão dele e depois maltrata-las que nem cadela.

- Não, sou solteira, preciso ir porque eu quero ir, fim, Falou.

Disse fazendo o simbolo da paz com meus dedos da mão direita e a esquerda segurando o skate. Uma coisa que eu aprendi é não ficar se abrindo com gente desconhecida, nem sabia quem eles eram, se eram bons ou não, primeiro começa com quem mora e depois aonde mora, e por fim vai ver um bando de "nego" (forma de falar, não é preconceito) pixando e roubando sua casa.

Cheguei abrindo a porta bem devagarinho, podia ter a sorte de ele estar na igreja, assim quando ele chegasse ia entrar no banho saindo com expressão de coitada "Estou cansada demais pra ouvir", com meu padrasto sempre funcionava.

Pro meu azar ele estava sentado na poltrona olhando pra porta e depois pra mim.