Capitulo III

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Eu dormi e acordei rapidamente, não sonhei com nada nem pensei. Desci as escadas de madeira nova e polida e vi uma mulher colocando um café e me assustei ela me analisou por um minuto e depois sorriu.

-Você deve ser Carolinne a sobrinha do Padre Eduardo

Eu balancei a cabeça confirmando, era estranho ser considerada sobrinha se na verdade era filha.

- Café preto ou com leite?

Eu olhei pra ela e levantei uma sombrancelha, coisa que faço somente quando sinto algo errado. Ninguém nunca me serviu e não ia ser aquele dia que me serveriam.

- Eu mesma me sirvo, obrigada.

Ela fez que não gostou mas obedeceu, deixou o café aonde pudesse alcançar e foi pra cozinha.

Vi meu pai descendo e ele estava com vestes de um padre, eu estranhei muito, pensa em seu pai descendo vestido de Padre, dorme com seu pai, acorda com um padre, ok né.

Ele chamou a mulher que pelo visto o nome era Maria, ela serviu ele e não me serviu, meu pai estranhou mas não reclamou.

Ele mandou entrar no carro.

- Hoje vamos a igreja.

- Hoje, amanhá e sempre né?! Que saco.

Ele me olha me desaprovando totalmente.

- A Kézia não te deu educação Carolinne?

- Sim, deu muita. Apesar de ser dificil educar uma filha sozinha já que o ai a abandonou.

-Nunca a abandonei.

- Aham, e quando voltei virou meu tio.

-Não vou discutir, é apenas uma criança. -Ele disse ligando o carro.

- Tenho 16 anos querido titio.

Ele respirou fundo e começou a dirigir. Eu nunca tive medo de responder ninguém que seja, me achava muito corajosa por isso, incontaveis vezes que pegava umas meninas ou muleques na entrada da escola e dava-lhes uma lição pra vida toda "Não mexa com Carolinne Senne"

Ele voltou com o carro e eu não entendi nada.

- Alguma coisa errada?

- Sim, essa sua roupa... Não tem nenhum vestido ou saia até o joelho?

Eu ri colocando os pés pra cima.

- Nem minha mãe usa roupa assim.

- Quando estava comigo ela usava.

- Vixi então quando terminaram foi uma liberdade pra ela, que tal você ir pra igreja e eu dar um role de skate?!

- Você anda de skate? Sua mãe sabe disso?

- Ando sempre. Sabe ué. Porque? É pecado isso? Vou pro inferno?

- Você zomba das coisas de Deus, se andava com sua mãe problema dela porque aqui comigo não vai andar jamais.

Eu sai do carro e bati a porta, se ele pensava que era fácil daquele jeito estava errado, eu era dona do meu próprio nariz se eu quisesse fazer algo eu fazia e foda-se se apoiavam ou não.

Subi as escadas e me tranquei o olhei na janela e vi que desistiu entrando no carro, era a chance perfeita pra mostrar quem mandava, peguei meu skate no fundo da mala e desci as escadas correndo, coloquei ele no chão e dei o empulso ele me olhou e ligou o carro, mostrei o dedo do meio e fui rapida perdendo ele de vista, parei na calçada e respirei fundo, foi quando senti alguém trombando em mim.

- Não olha pra onde anda, não?!

Foi nesse momento, nesse exato momento que vi o menino mais lindo da minha vida, ok, não era perfeito estilo Justin Bieber, ele era do tipo de garoto que passa do seu lado e você fica o olhando esquecendo o que vai fazer e pra onde vai, as vezes até para pra admirar melhor, ou pode ter a sorte grande que nem eu tive de trombar com ele e ver seus olhinhos brilhando implorando por perdão. Ele não era um homem, era um garoto, com rosto e corpo de garoto mas o olhar dele e até em poucos segundos percebi um pouco do seu jeito que também era de homem.

- Me perdoe.. Ham... Qual seu nome mesmo?

Mesmo?! Ele deveria me conhecer?! A cidade em Bh que estavamos era pequena mas não acho que ele tromba com muitas meninas e decore os nomes delas, pelo menos não tem cara.

- Ah que isso, tudo bem... É Carolinne, mas me chame de Carol.

- Nunca a vi aqui, mora aonde?

- Acabei de me mudar pra morar com meu Pa.. Tio, enfim, moro na rua 8 a esquerda.

Ele arregalou os olhos e disse:

- Sério?! Moro na rua 8 também mas no lado esquerdo.

- Você não me disse seu nome...

- Prazer -Ele disse dando a mão -Pedro.

Fiquei pensando que tipo de garoto da a mão?! Será que ele tinha nojo de mim?! Bom.. Ele estava de terno parecia ser sério e tinha uma expressão preocupada, logo descobri que estava atrasado já que olhou o relógio umas duas vezes até que decidiu ir, como se ele quisesse ficar e conhecer mais mas também tivesse que ir pro seu compromisso.

Eu o vi se distanciando e fiquei pensando se o encontraria novamente, seria muita força do destino se trombassemos de novo, então não fiquei criando esperanças.

Continuei andando pela calçada de skate, não tinha sensação melhor do mundo do que sentir o vento no rosto, o que mais poderia ser melhor?!

"Talvez conhecer Pedro da rua 8 á direita" Pensei, com toda razão.

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