The Arrogant & The Blind [N.S] (pausa)

Capítulo 5

- Uhm Ash acho que fiquei preso nalguma coisa... - Niall disse, tentando encontrar o que estaria a prender o seu casaco de forma a impedi-lo de continuar a andar.

- Como assim preso? - Ele perguntou desviando o olhar do seu telemóvel. - Hey! - Ele gritou assim que percebeu o que estava a prendê-lo. - Mas vocês passam-se? Deixem-no! - Ele gritou de forma agressiva e Niall continuava confuso.

- Como queiras...

Harry olhou para Zayn com um sorriso provocador antes de ambos o largarem, fazendo com que Niall caísse no meio do chão devido à força que estava a fazer anteriormente para se soltar. Niall soltou um gemido de dor ao embater contra o chão e tentou levantar-se, com bastante dificuldade. Lágrimas estavam já a ameaçar os seus olhos azuis, embora ele tentasse ao máximo evitá-las.

- Niall estás bem? - Ash perguntou ao agarrar o seu braço para o erguer novamente.

- Sim, estou ótimo. - Ele disse pestanejando repetidamente sob os seus óculos escuros.

Ashton passou as mãos pelas roupas de Niall e tentou sacudir os vestígios de pó que estavam colados às mesmas devido à queda. Harry e Zayn riam ao lado deles.

- Acham que tem piada? Seus retardados, deviam ter vergonha por serem tão...

- Tão quê? Vá diz lá se és capaz. - Zayn ameaçou, encostando-se a Ashton completamente, sendo tão intimidante quanto possível.

Ashton cerrou os pulsos e maxilares e continuou com o olhar perfurante pousado no do rapaz de cabelos negros que pulsava raiva.

- Cobardes. - Ele proferiu finalmente, recebendo de seguida um empurrão por parte de Zayn.

- Retira o que disseste! - Zayn exigiu voltando a empurrá-lo agora com mais força.

- Zayn ele não merece o teu tempo. - Harry disse agarrando Zayn e puxou-o para trás, evitando o início de uma briga.

- Ele merece é um murro naquela cara! - Zayn gritou tentando soltar-se à força mas era inútil, Harry era mais forte e impediu-o.

- Porque é que não se metem com alguém do vosso tamanho?! Ele não pode defender-se e vocês sabem isso perfeitamente!

- Deixa de te armares em herói Ash, já começa a cansar. - Harry disse sob um suspiro e Zayn parou finalmente de insistir contra a força de Harry. - Estávamos só a brincar com o miúdo. - Ele disse olhando Niall com um sorriso provocador e voltou a fixar Ashton.

- Vê se deixas de ser um otário. - Ashton disse terminando a conversa e agarrou o braço de Niall para o apressar a sair dali com ele.

Harry apenas riu e virou costas com Zayn, desaparecendo para a direção contrária. Pouco depois Ashton ouviu alguns soluços e pareciam vir do rapaz frágil que caminhava ao seu lado de cabeça baixa.

- Hey Ni não fiques assim... - Ele murmurou passando uma das mãos pelas suas costas calorosamente.

- Eu não lhes fiz nada Ash, não é justo. Porque é que não me deixam em paz?

Ashton calou-se e apenas tentou reconfortar Niall continuando a passar a sua mão pelas costas dele, porque no fundo ele sabia que isto era apenas o início. Conhecia o Harry à demasiado tempo para não saber que quando ele escolhe um alvo, ele não se cansa de o mandar a baixo, é como se a infelicidade alheia o alimentasse. No entanto, não podia dizer isso a Niall, sabia que ele passara por um historial de depressões e poderia mergulhar noutra a qualquer momento.

- Não vou deixar que eles te magoem. - Ashton sorriu e deu um beijo na cabeça dele, enterrando os lábios nos cabelos loiros do rapaz.

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Niall's POV

Desci as escadas e dirigi-me à cozinha em busca de saber o que estaria a ser feito para o jantar. Ao aproximar-me bati contra uma cadeira que estava aparentemente fora do lugar.

- Precisas de ajuda? - Perguntei ao aproximar-me da bancada e a minha mãe aproximou-se para me dar um beijo na testa.

- Podes passar-me o frasco da pimenta? - Ela virou costas com um sorriso e eu assenti, dirigindo-me ao armário ao meu lado.

Abri a porta e tateei tentando identificar o frasco correto mas acabei por derrubar alguns que se estilhaçaram assim que tocaram o chão. Um sentimento de revolta apoderou-se de mim e eu cerrei os maxilares tentando controlar a vontade de chorar e gritar que pulsava em mim.

- Deixa filho, eu faço. - A minha mãe aproximou-se e senti-a baixar-se para agarrar os estilhaços.

- Mas eu quero ajudar. - Disse baixando-me também mas ela voltou a erguer-me.

- Niall não é preciso, podes ir ver televisão ou assim. - Ela agarrou o meu braço e tentou levar-me para fora da cozinha mas eu recuei o meu braço de forma brusca e agressiva.

- Eu odeio ser assim, sou um inútil, não sirvo para nada, não consigo fazer nada sozinho! - Gritei recuando alguns passos mas bati contra uma estante de onde caíram alguns objetos, originando um estrondo.

- Não digas isso tu e o teu irmão foram o melhor que me aconteceu alguma vez. - A minha mãe agarrou as minhas mãos mas eu afastei-me.

- Para viver assim preferia não ter nascido. - Afirmei enquanto lágrimas escorriam já pelo meu pescoço e quase consegui sentir o olhar desiludido dela.

- Tu vais recuperar a visão filho, o médico disse que daqui a uns tempos tudo vai melhorar.

- Tu acreditas mesmo nisso? Isso é mentira! É um médico a tentar convencer-nos de que há esperança enquanto me olha com pena! Pena! Eu não quero que as pessoas sintam pena de mim! Não quero ser o ceguinho que não se consegue defender! - Gritei desaparecendo de imediato para o meu quarto quando o Greg chegou à cozinha onde nós estávamos.

Fechei a porta com força e tateei até chegar à minha cama, onde me deitei e esperei que a minha almofada absorvesse as lágrimas que ainda corriam pela minha pele. Soluços descontrolados saíam pela minha boca e eu não conseguia pará-los. Eles só aumentavam à medida que me lembrava de todas as coisas que derrubava todos os dias, do que partia, do monte de coisas em que não podia ajudar a minha família, das coisas que não podia fazer com o meu irmão. Não era justo! Se não fosse aquele acidente nada disto tinha acontecido. Eu ainda teria a minha visão e podia gargalhar com o Ashton e criticar o quão convencido ele conseguia ser por causa do seu cabelo claro e os seus "lindos" olhos esverdeados.

- Hey... Niall? - Ouvi a voz do Greg acompanhada de toques na porta e cobri-me com os cobertores para impedir que ele me visse.

- Vai-te embora, não quero falar com ninguém. - Murmurei apertando ainda mais os cobertores contra mim e ele suspirou.

- Toda a gente nesta casa te adora, todos querem o melhor para ti e nós sabemos que tu vais superar isto e qualquer dia vais olhar para trás e perceber que a perda de visão não passou de uma fase.

- Eu não vou recuperar Greg, eu sei disso, parem de me iludir.

- Deixa de ser teimoso. Alguma esperança não te fazia nada mal.

- Deixa-me em paz. - Protestei virando-me para o lado contrário.

Ele voltou a suspirar e saiu do quarto pouco depois, fechando a porta cuidadosamente quando saiu. Destapei-me para poder finalmente respirar e as minhas lágrimas já tinham desaparecido. Comecei a sentir as pálpebras pesar e acabaram por se abater sobre os meus olhos deixando-me mergulhar num sono profundo.