Capítulo III

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"Até que o sol não brilhe, acendamos uma vela na escuridão."

(Confúcio)

Recupero-me de meu devaneio anterior e só acordo agora, dentro da última aula, a de Biologia, logo pegaria o ônibus com Admirador e Perspicácia. Ou sem eles.

Chegaria a Rodoviária cinza, escura, estranha... Como se fosse um enorme zoológico onde encontramos pessoas de todas as espécies, de todos os habitats diferentes, de todas as selvagerias possíveis. Pegaria outro ônibus, pararia ao pé do morro, subiria ao Sol do Inferno de 40°C, entraria em casa, tomaria um banho a xingos, faria meu almoço, e até lá já seriam 14h00 da tarde. Depois de lavar toda a louça, os pratos dos ingratos, começaria a estudar.

Inocentes que pensam que tenho uma escrivaninha no meu quarto... Não tenho mesa em meu quarto, não tenho a privacidade, não tenho a paz.

Estudo na sala, na mesa de jantar que é mais um enfeite as visitas que caem na teia da falsidade e hipocrisia. Estudo lá, onde todos encontram-me facilmente para efetuar seus pedidos egocêntricos.

- Não - diz uma voz feminina, um pouco esganiçada - Ele tem outra mulher!

Sinto a indireta cair sobre mim, não como um pacote cheio de frufrus, mas como uma bala. Olho para Sol que segura fortemente o braço de Perspicácia, em tom de posse. Ele permanece quieto, de cabeça baixa e o olhar perdido em algum ponto no quadro verde. Sol veio de outro país, não sabia a quanto tempo estava aqui direito, mas ela e Perspicácia, até onde ele me disse após uma belíssima discussão, era e somente eram amigos. OK.

Após a junção dos dois segundos anos para formar um terceiro, algumas indiretas - que mais eram diretas - começaram a ser lançadas sobre nós dois. Como se dissessem " Ei, casal, façam o favor de namorarem logo " ou "Ei, ele gosta de você, não de mim ".

Mas segundo a palavra fiel de Perspicácia, ele dizia que não gostava de mim que não sentia absolutamente nada! Mesmo que ele se entrosa comigo, sentisse ciúmes visíveis, me seca-se compulsivamente, quisesse ficar ao meu lado espontaneamente... Quanta.... Vou falar nada.

E toda essa situação de saber que implicitamente éramos um casal, mas explicitamente não éramos me lembrou de algo que me machucou ... Mas de verdade, me foi daquele jeito que fez com que dúvidas e inseguranças se elevassem ao extremo.

"Me lembro como se fosse ontem.

Festa de 15 anos de Estela, sexta-feira 15 de agosto de 2014.

Era a festa do ano, que seria imortalizada para o resto de meu Ensino Médio. Estava vestindo nada mais nada menos que um vestido tomara que caia branco, que cobria nem metade de minhas coxas juntamente com uma meia calça cor de pele. Me equilibrava em cima de um salto 12cm, onde minhas pernas ganhavam contornos de corpo de mulher. Meu cabelo escorrido cobria-me até a cintura onde ganhava ainda mais destaque depois de meus olhos marcados.

Estava linda.

Lembro-me de ter conversado com Erro, meu ex - Ex! Nunca namoramos, não porque eu não quisesse, mas porque minha guardiã legal o odiava e dificultava um pouco bastante as coisas, ele era frouxo e eu era inocente de mais - ele disse que estaria aqui. Para ser mais exata, ele entraria de penetra por mim, para ficar somente comigo.

Procuro-o mais não o acho.

Gostava dele já fazia 3 anos, e ele com certeza me amava. Mas naquela época eu mentia a mim mesma de que ele não sentia nada, era o famoso amor vagabundo. Converso com minhas colegas em uma rodinha, e todas olham-me de cima a baixo, como se não acreditassem no que viam.

Chuva De MeteorosOnde histórias criam vida. Descubra agora