Alive

12 - A Perda

Abri lentamente os meus olhos e percebi que não estava no lugar de sempre. Todo o meu corpo doía, dos pés à cabeça. Logo percebi Tessa se aproximar com os olhos vermelhos e inchados, juntamente com Niall.

"Onde estou? O que aconteceu?" Perguntei, confusa, e reparando que meu corpo estava coberto por hematomas.

"Sente-se bem?" Perguntou Niall.

"Sinto-me estranha... E cheia de dores" Respondi.

Logo um flashback do que tinha acontecido me passou pela cabeça.

Eu caí da escada.
Tinha uma bandida roubando minhas coisas e eu caí da escada.

Lágrimas invadiram meus olhos, pensando que o pior poderia estar acontecendo.

Não. Não, não, não.

"Me... me digam por favor..." Lágrimas de desespero já molhavam minhas bochechas. "Por favor me digam que ele está vivo... por favor me digam que o meu bebê está vivo. Digam que eu ainda tenho meu filho... por favor" Implorei.

"Acalme-se, Em." Pediu Niall calmamente, enquanto passava as pontas dos dedos por minha bochecha.

"Ele... Emily, agora ele faz companhia ao pai" Falou Tessa, da maneira mais amigável possível, enquanto segurava minha mão.

O meu chão sumiu. Novamente.

Tudo o que eu tinha se foi. Novamente.

Ele era a única coisa que tinha me restado. Era a minha razão de ainda estar viva.

Eu chorava descontroladamente enquanto colocava as mãos sobre a barriga, desejando senti-lo ali. Sentir meu filho. Mas nada aconteceu. Ele não estava mais lá.

Talvez era para ser assim... Mas eu não me conformo. Por que o universo quer me fazer sofrer tanto?

"Emily..." uma voz rouca familiar me chamou e logo a figura de Harry entrou em meu campo de visão.

Abracei-o.

Mesmo com o soro em meu braço e os ligamentos de todos aqueles aparelhos, eu o abracei.

Naquele momento, eu necessitava daquele abraço. Ele me fazia bem. Me confortava. Harry me confortava, mesmo conhecendo-o a tão pouco tempo.

Alguém adentrou a sala, alguém que deduzi ser a médica.

"Sinto muito pela perda, senhorita Smith. Os exames mostram que não quebrou nada. É um milagre a senhorita estar aqui." Ela disse e eu assenti. "Se tudo correr bem, você terá alta hoje mesmo"

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(19:58h)

"Eu não me conformo" Reclamei, ainda chorando.

Aqui estou eu, sentada no sofá da sala, entre Tessa e Harry, com Niall à minha frente.

"Emily, eu não sei o que dizer" Falou Tessa.

"Desculpa" Pedi. "Desculpa por dar tanto trabalho e tomar tanto tempo da vida de vocês. Desculpa por ser tão chorona e frágil. Desculpa"

"Hey. Você não é frágil. É forte. Qualquer um no seu lugar já teria desistido. Não precisa se desculpar. Nós amamos fazer isso: cuidar de você. Você têm passado por muitas coisas, e isso mexe com qualquer pessoa. Então não se desculpe, ok?" Confortou Harry e eu apenas assenti.

Nessa noite eu dormi no quarto do andar de baixo. Foi uma ótima ideia fazê-lo.

**********
(09:30h)

Abri lentamente meus olhos e dou de cara com íris de esmeralda me observando atentamente, o que me faz assustar.

"...Você me assustou" Disse e ele sorriu de lado, exibindo uma de suas covinhas.

"Desculpe." Pediu-me.

"O que faz aqui?"

"Bem, o Niall e a Teresa estão na cozinha, preparando o café da manhã. E eu estou aqui te vigiando, porque você pode sei lá... cair da cama ou..." Explicou.

"Eu não sou um bebê que pode rolar, cair da cama e quebrar o crânio ou o pescoço" Falei. "Meu corpo dói" Reclamei, percebendo manchas escuras e cortes na minha pele.

Ele riu fraco. "Você caiu do topo de uma escada. Queria estar bem?"

"Sim. Mas por que está aqui? Quer me matar?"

"Não, Emily. Eu não quero te matar. Eu quero cuidar para que você não morra" Falou rindo, talvez pelo jeito que eu falei.

"Por que?" Perguntei, como uma criança.

"Porque..." Suspirou. "Eu não sei. Eu gosto de você. E por que eu ia querer te matar?"

"Eu não sei" Dei de ombros.

"Chegamos" Tessa adentrou o quarto segurando uma bandeja que trazia um lindo café da manhã. "Para você, Mily"

"Não precisava" Falei.

"Então deixa que eu como" Falou Niall e nós rimos.

"Não! É meu" Reclamei, brincando.