Prólogo

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O sol lentamente se levantava no horizonte, sua luz refletida na fina geada que encobria a grama, formava ocasionalmente pequenos arcos de cores aleatórias. Ao redor, havia apenas um mar de grama sem fim, com exceção apenas de uma árvore nas proximidades.

Em baixo dessa árvore, haviam três figuras, eles não conversavam entre si e nem mesmo se entre olhavam, apenas observavam um formigueiro aos seus pés, como se tivessem programado tais ações de antemão, ou que algo ali embaixo despertasse tal curiosidade que os fizessem inspecionar o formigueiro cuidadosamente.

Haviam duas colônias de formigas brigando perto das raízes da árvore, talvez um lugar tão bom assim fosse difícil de se encontrar nessa planície verde. A luta estava rapidamente se tornando brutal e sangrenta, deixando centenas de corpos no chão. Apesar dessa descrição parecer bem trágica, na realidade, oque aconteceu é que alguns dos pontinhos pretos no chão pararam de se mexer.

A manhã estava fria, mesmo com o nascer do Sol, e o derretimento da geada, o frio ainda se recusava a ir embora. As três figuras no entanto, pareciam não se incomodar com o frio, eles continuaram observando atentamente até que, um deles quebrou o silêncio murmurando algo;
— Nesse mundo mortal das formigas, aonde está o Grande Caminho? — Essa figura vestia um grande robe azul adornado de pontos de luz que se observados de perto, lembravam incontáveis estrelas no céu da manhã, o robe seguia as linhas de seu corpo desenhando seus músculos que pareciam conter uma força explosiva. seu rosto ostentava um barba negra de volume médio, seus olhos castanho claro eram afiados como o de uma águia, seu cabelo era bem baixo e apesar de ser bem preto, cada fio parecia emetir uma luz carmesim. Sua pele era do tom marrom claro, enquanto no topo de sua cabeça residia uma coroa adornada de gemas, que de tão belas eram indescritíveis e inenarráveis.

—  Uma vez, eu vi incontáveis formigas voando no céu, banhando-se na luz do sol. — Dessa vez, a figura que falará estava vestida em  uma kasaya, um robe monástico, a kasaya ondulava em cores, primeiro o amarelo claro, depois o laranja escuro, encerrando seu círculo no vermelho carmesim. Um anel celeste residia no topo de sua cabeça irradiando luz que cobria todas suas características físicas. Como se fosse um Ser feito de luz.

— Formigas podem ser capazes de voar, mas elas vão eventualmente cair. Elas nunca poderão tocar os céus. — Disse o homem com a coroa.

— Se você continuar mantendo essa convicção, você nunca conseguirá entender porque elas tentam voar em primeiro lugar. — Disse o monge de luz, ainda olhando para as colônias de formigas brigando entre si.

— Eu nunca vou entender como alguém travado como você possa entender também!

— As formigas irão voar, bem como cair. No entanto, elas são melhores em escalar e são ainda melhores em deixar suas compatriotas formigas subir em suas costas. Elas não tem medo do sacrifício e enquanto elas puderem se amontoar, contanto que tenham um número suficiente, elas podem eventualmente subir alto o suficiente para tocar os céus. — Disse o monge, enquanto ignorava solenemente o comentário de seu colega, ainda prestando atenção nas formigas ansiosamente lutando umas com as outras.

—  Em meio ao sol crescente, uma águia que voava aos céus piou altamente, soando aterrorizada. Talvez, tenha sido por causa das três figuras embaixo da árvore, ou por causa da imagem mental de uma pilha de formigas que tocava o céu. Ou poderia ser por algo totalmente diferente também...?

— Ta bom, você me assustou um pouco com essa imagem agora... — O Imperador admitiu ajeitando sua postura.

— O monge assentiu com a cabeça mantendo sua postura calma e composta.

— A terceira figurava finalmente reagiu a conversa de seus dois colegas, arrepios correram pelo seu corpo ao ouvir essa última troca de palavra entre os dois. Amenasis vestia um longo vestido preto, assim como o robe do Imperador, seu vestido era adornado de incontáveis pontos de luz, como estrelas no céu noturno, o vestido seguia a linha de seu corpo mostrando linhas perigosas e sedutoras. Seu cabelo loiro e longo parecia emitir a luz do sol, seus olhos verdes eram como duas joias raras mostrando determinação e confiança, o tom de sua pele era claro e gentil. Em cima de seu volumoso busto residia um colar adornado com os mesmo tipos de gemas que haviam na coroa do Imperador, de tão belas eram indescritíveis e inenarráveis.

Essas três figuras representavam os três aspectos mais místicos da criação. Juntos nessa ocasião, eles lembravam as três estrelas mais brilhantes do céu, mas nem mesmo eles puderam conter um sentimento de apreensão ao observar na planície, essa simples luta entre as formigas.

Águias não deveriam sentir nada ao ver formigas, já que elas não são nada mais do que pontinhos escuros no chão para elas. Formigas não deveriam temer águias porque elas não valeriam nem mesmo o esforço feito para as devorar. O mundo das formigas nunca viu ou ouviu falar sobre uma criatura tão poderosa como a águia. Logo, o mesmo permanecia inalcançável para elas.

No entanto, ao decorrer de séculos e milênios, algumas poucas formigas, diferente de sua espécie, tiravam seu olhar das folhas caídas e velhas para apenas uma vez, uma única vez, olhar para o céu azul e cristalino... e então, o mundo nunca mais seria o mesmo para eles.

— Quando você olha para o abismo, o abismo olha para você.

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