Entrei em casa correndo:
- Vó? - Chamei a primeira vez e ninguém me respondeu. -Vó? A senhora está em casa?
Subi as escadas o mais rápido possível e entrei no quarto dela.
Vazio.
- Vó?!?! - Eu começei a ficar preocupada.
Ela nunca saia de casa a essa hora. E logo hoje... Escutei um barulho vindo da entrada e sai correndo para ver se era ela:
- Vó! - Corri escada a baixo e a abracei - Como a senhora pôde fazer isso comigo? Eu fiquei preocupada.
Ela olhava para mim com um sorriso no rosto e os braços para trás:
- Oque foi? - Perguntei, soltando-a.
Ela colocou os braços para frente e em suas mão estava um bolo enorme de chocolate:
- Parabéns pra você... - Ela começou a cantar me levando para a cozinha - Parabéns pra você, parabéns para a Kim, parabéns pra você!
- Obrigada, vó! - Eu ia abraça-la de novo quando ela mandou eu parar.
- Espera ai que o presente ainda não acabou! - Ela saiu de casa, foi até a garagem e de lá trouxe um gatinho preto com uma manchinha branca no fucinho.
- Que lindo! É pra mim? - Perguntei
- Claro!
Peguei a criaturinha no colo que logo em seguida começou a miar. Ninhei o gatinho um pouco e logo ele se acalmou e começou a dormir em meus braços. Levei-o para o meu quarto e coloquei-o em cima da minha cama, depois que eu tive certesa que ele não tinha como cair, desci as escadas e fui comer bolo com a minha avó.
- Como foi a escola hoje? - Ela me perguntou
- O de sempre...
Na verdade, eu odiava ir pra escola. Não que eu fosse uma péssima aluna, na verdade os professores até me elogiam muito, oque me irrita é que eu não tenho amigos. Eu até brincava com os meus colegas antes, mas agora, todos me ignoram. Minha avó sabia disso e já me trocara de escolas várias vezes, mas nunca adiantava. Eu sou despresivel.
- Nenhum amigo novo? Colega novo? - Ela continuou perguntando
- Você sabe que não. - Respondi meio grossa porque aquele assunto realmente me deixava mal. - Desculpa, eu não devia ter falado assim.
- Tudo bem. - Disse minha avó, pegando na minha mão, tentando,me acalmar. - Eles ligaram hoje.
Olhei para ela tentando desfarsar que não ligava.
- Disseram que ela não para de falar que quer ver você...
- Hum... - Respondi.
- E se fossemos lá hoje? - Ela me perguntou com um pouco de esperença em seu ton de voz.
- É, a gente pode ir... - Eu nem tinha terminado de falar direito mas minha avó já foi se animando:
- Ótimo, saimos de casa as 15:30.
- OK. - Ainda eram 12:30, então depois que eu terminei o bolo, fui tomar banho, escovar os dentes e dormir.
Sonho com minha mãe, eu tenho 4 anos de idade e corro para seus braços quando a vejo chegar em casa:
- Mamãe! - Eu grito.
- Oi Kim... - ela me responde.
Minha mãe chora e eu não sei o porquê:
- Mamãe, a senhora tá triste?
- Não, Kim - Ela me coloca no chão e olha nos meus olhos - É que a mamãe viu algo que não gostou... - Ela vira a cabeça em direção da porta e depois volta o olhar para mim, mordendo o lábio.
A campainha toca.
- Vá para o quarto, Kim! - Ela diz, me empurrando de leve.
- Não. Eu quero ficar com você!
- Suba agora! - Ela grita comigo e eu saiu correndo escada a cima. Ha chegar lá em cima, paro e olho curiosa para a porta enquanto ela abre.
Derrepende, uma escuridão entra dentro da casa engolindo minha mãe fazendo nós duas gritar.
Corro para o meu quarto e fecho a porta, porém, a escuridão começa a passar do de baixo dela e entre a fechadura.
Grito.
Escuto um barulho na minha janela e uma garota loira com o olhar assustado me chama:
-Por aqui, Kim!
Eu a sigo e quando me vejo, estou caindo em um buraco escuro com uma velocidade tão grande que toda a minha pele sai do mei corpo me deixando apenas com os músculos do corpo a mostra.
Caio em um piso dr madeira. Me levanto e estou em uma sala toda fechada.
Sem janelas.
Sem portas.
Sem nada.
Só eu.
Tenho 15 anos de novo, minha pele voltou e estou usando um vestido longo, branco, meus cabelos pretos cacheados estão soltos e molhados.
Me viro e um espelho aparece em minha frente. Me aproximo para me ver.
Grito.
Meus olhos estão vermelhos. Começam a sangrar e eu continuo a gritar. Viro de costas para o espelho e minhã mãe aparece gargalhando da minha situação.
Ela para.
Ela para de rir.
Fica me olhando meio confusa.
Sua boca abre.
Abre tanto que suas bochechas rasgam, mas não sangram.
De dentro de sua boca, sai um corvo de olhos vermelhos. O corpo da minha mãe cai no chão com a ave pousada a sua frente. O corvo fica a me olhar. Sem fazer nem um ruido. Derrepente ele vira a cabeça para o lado e abre o bico, falando meu nome:
- Kim. - Ele começou a rir loucamente e derrepente não estava mais ali. Eu não estava mais ali.
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Cidade Das Luzes
RandomKin nunca teve amizades verdadeiras, não sabe nem o nome do pai e sua mãe é esquizofrenica. No seu aniversário de 16 anos, sua avó lhe conta algo sobre seu nascimento e que estragou com a vida de sua mãe. Após essa descoberta, a garota jurou acabar...