Capitulo 2

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Acordei com minha avó batendo na porta:

- São 3:00, já ta na hora de se arrumar...

- Estou indo. - Me levantei e fui tomar banho. Eu já havia tomado um antes de dormir mas acordei com lágrimas escorrendo pelo meu rosto e com dor de cabeça, e como tomar banho me faz sentir melhor, fui. Quando sai do banheiro, escolhi uma blusa vermelha escrita Keep Calm And Go Wacth TWD ( ADOOOOOORO ESSA SÉRIE), com um short jeans meio rasgado.

Passei um pouco de óleo de argã nos meus cachos volumosos e desci as escadas. Não passei maquiagem pois acho-me mais bonita ao natural.

Minha avó estava na sala assistindo TV. Ela olhou pra mim e depois voltou a ver a novela. Fui para a cozinha e comi mais uma fatia do bolo com um copo de suco de laranja (amo suco de laranja). Quando,acabei, fui subir as escadas para o meu quarto e minha avó nã estava mais na sala, porem, havia deixado a TV ligada. Desliguei e fui para o meu banheiro escovar os dentes, no caminho, vi minha avó quardando umas coisas dentro da bolsa dela.

Quando acabei, minha avó já estava em pé, na frente da porta, me esperando:

- Vamos? - Ela me perguntou sorrindo.

- É. Vamos - Respondi sorrindo também, mas não tão animada.

No carro, nenhuma de nós duas falou uma palavra. Ao parar em um sinal, ela ligou o rádio. Talvez para quebrar o silêncio. Estava tocando Sugar, do Maroon 5. Começei a cantar baixinho mas mesmo assim dava para minha avó escutar:

-Você canta muito bem, Kim. - Ela me disse rindo - Na verdade, você sempre adorou cantar! Me lembro uma vez, quando uns vizinhos nossos foram nos visitar, e você juntou todos na sala e começou a cantar "brilha estrelinha".

- Quantos anos eu tinha? - Perguntei curiosa, pois não me lembrava daquilo.

- Acho que uns 3 anos de idade...

-Ah.

Depois disso, ficamos em silêncio denovo, escutando as músicas que iam passando na rádio.

Lean on

Confident

Química

New Americana (BEST SONG EVEEER)

Viramos mais uma esquina e minha avó estacionou. Descemos do carro e fomos andando até uma espécie de casa gigante toda pintada de branca e com um jardim cheio de rosas na frente da entrada. Ao lado direito, uma placa, também branca mas com as letras verdes.

Clínica de Reabilitação Mental Rodrigo Amado Filho.

"Olá denovo", pensei.

Junto com minha avó, entrei na clínica e uma recepcionista de aproximadamente 26 anos, sorriu:

- Olá, boa tarde. Vinheram visitar algum amigo, parente...

- Vinhemos ver a paciente Angela Fitzpatrick, - minha avó respondeu - ela é minha filha... e mãe dela. - Disse minha avó, apontando para mim.

- Sim, só um instante. - A recepsionista, que agora eu podia ver em seu uniforme que se chamava Linda, pegou o telefone e ligou para alguma pessoa que depois de alguns minitos trouxe minha mãe.

- Kim! - Ela sorriu ao me ver e correu para me abraçar. - Kim, minha filha! Feliz aniversário!!!

- Obrigada, mãe.

- Ah, Angie, - Disse minha avó, chamando minha mãe pelo apelido - Você acha que ela não viria?

Minha mãe não respondeu com palavras mas seu olhar dizia que ela achava isso sim:

-É claro que eu viria, mãe! - Disse, tentando anima-la, mesmo eu achando que ela sabia que era mentira.

Eu nunca me dei bem com a minha mãe. Nunca brigamos mas... sei lá, o fato de ela não ter sido presente na minha vida afeta a nossa relação. Quando eu era pequena, que minha avó me trazia aqui, eu brincava com ela, mas depois entrava algum homem na sala e minha mãe começava a gritar e chorar e minha avó tinha de sair da clínica comigo nos braços. Acho que isso meio que criou um traúma em mim.

- Olha! - Disse minha mãe trazendo um bolo com cobertura de morango e escrito FELIZ ANIVERSÁRIO, KIMBERLLY em cima, ela tinha que colocar meu nome. - A gente aqui da clínica que fizemos!

Eu não sei porquê, mas quando ela me mostrou aquilo, eu senti um aperto no coração e começei a chorar:

- Oque foi, Kim? -Perguntou minha vó.

- Você não gostou no bolo? - Perguntou minha mãe, assustada.

- Não, eu adorei. - Corri para seus braços e a abraçei.

Ela começou a chorar também e começou a brincar com meus cachos ruivos.

Eu estava feliz. Eu estava feliz por estar ali. Mas ela fez de novo.

Um homem loiro de aproximadamente 30 anos entrou na clínica e ela começou a chorar e a gritar. Ela pegou no bolo com suas mãos e arremeçou no homem, que por ter um ótimo reflexo, desviou com facilidade do que quase manchou sua blusa branca.

Uns guardas chegaram e aplicaram um sedativo na minha mãe que a fez dormir em poucos segundos. Todos na sala olhavam para mim. Minha avó se aproximou de mim para me pegar pelos braços, mas eu me afastei depressa e corri para fora de lá, contendo um soluço de choro.

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