The Beginning

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Olá sou o Tiago, tenho 16 anos, prestes a fazer 17 e mudei-me para os Estados Unidos, Los Angeles, há cerca de 3 meses. Vivo aqui com a minha mãe, o meu pai e os meus dois irmãos, Pedro e Joana. Fomos obrigados a mudar-nos para cá por causa dos empregos dos meus pais. A minha mãe era uma advogada muito conhecida em Portugal, onde vivíamos antes, mas acabou por se tornar apresentadora de televisão e foi convidada para apresentar um novo programa na ABC e ser diretora de informção da NBC. Ela só podia aceitar um, mas depois de várias negociações lá consegui os dois. Em relação ao meu pai ele é advogado, médico e tem uma gravadora e ainda é manager.

Não me perguntei como é que ele conseguiu tirar o curso de medicina e advocacia ao mesmo tempo. Neste momento ele só trabalha na gravadora e como manager e quando não há lucro é que trabalha como médico ou advogado.

Sobre os meus irmãos não há muito a dizer. Quando disse que eles viviam aqui, não era na mesma casa que eu. A Joana está em Nova York e é diretora da Vogue e o Pedro trabalha numa rádio e num jornal em Washington. Raramente nos visitam pois não há muito tempo para esse tipo de coisas, por isso, posso dizer que sou filho único.

Sou muito divertido e engraçado e se pudesse estava o dia todo a rir e fazer os outros rir mas é um pouco dificil quando não tens amigos. Sim, é verdade eu não tenho amigo. Há três meses que estou aqui e ainda não fiz um único amigo. Mas também passo o dia em casa a ver series e comer e só saio quando tenho testes. Queria mesmo que os meus amigos de Portugal tivessem vindo comigo, mas a vida dele também não permite isso.

A minha mãe está sempre a dizer que devia sair com os nossos vizinhos ou pelo menos falar com eles, mas eu sou muito tímido e para me sentir à vontade com alguém tenho de conhecer essa pessoa à bastante tempo. Sou muito complicado em termos de relações e se calhar é por isso que ainda não tenho nenhum amigo. Já em termos amorosos nem vale a pena falar... É que cá entre nós, eu sou gay. Não é que seja segredo porque toda a minha família e amigos de lá do outro lado do mundo sabem. Mas é que ainda me estou habituar a isso e primeiro que encontre o rapaz ideal irão passar-se muito anos. Em primeiro aqui na vizinhança ou aqui por perto não há ninguém que pareça ser gay e depois eu sou muito complicado. E por vezes pergunto-me se será o destino que me quer deixar sozinho para sempre ou sou eu que sou demasiado estúpido.

Amanhã tenho escola outra vez e ainda não fiz os trabalhos, nem estudei para o teste de inglês. E sim aqui na América é necessário estudar para inglês tal como em Portugal estudamos para português. É estúpido, mas é verdade. Vou preparar a mochila e estudar um pouco antes dos meus pais chegarem e o jantar estar pronto.

Eram 8 da noite quando tinha terminado de fazer os trabalhos e estudar para o teste e por coincidência a minha mãe e o meu pai tinham acabado de chegar e a Petúnia, a nossa empregada, tinha acabado de anúnciar o jantar.

Por mais estranho que seja os nossos empregados são parte da família e antes de irem dormir ou irem para sua casa, dependendo dos dias, comem sempre connosco e depois arrumamos todos juntos a cozinha. É uma tradição bastante interessante que se tem mantido na família. O meu pai diz que é uma maneira que mantermos os laços e passar o tempo juntos. Eu até concordo e acho engraçado e porque a Petúnia e o Jorge são as pessoas mais simpáticas que alguma vez conheci e portanto merecem tal coisa.

Depois de jantarmos e arrumarmos a cozinha a Petúnia despede-se e vai para o seu quarto, enquanto que Jorge vai a sua casa, pois a sua mãe está doente. Eu e os meus pais vamos para a sala ver um filme, mas a meio eu lembro-me que vou ter teste no dia seguinte e vou dormir. Antes de ir para o quarto vou tratar da minha higiene enquanto ouço o novo álbum das Little Mix, Get Weird. Meus deus, como eu as amo.

Vou para o meu quarto, dou uma última olhada nos resumos que fiz para estudar, outra olhadela nas redes sociais e adormeço.

São sete da manhã. O despertador toca e não me apetece acordar por isso fico mais um pouco na cama. Às sete e dez o relógio desperta de novo, tal como acontece, de dez em dez minutos até às 7:40am e aí decido acordar por não quero chegar tarde às aulas, muito menos ao teste. Tomo um duche a correr, escolho a roupa que mais se adequa ao meu mood e vesti-me rapidamente. Quando acabo de me vestir alguém bate à porta, mas quando a abro não está lá ninguém e de repente sem eu contar o meu irmão Pedro salta para mim e abraça-me com toda a força.

As lágrimas correram-me pela cara, pois já não o via à bastante tempo, provavelmente desde que nos mudamos para cá. Fiquei bastante contente, mas a minha tristeza pelo facto de ter de ir para a escola continuou. As aulas só começavam às 8:45am, mas eu levantava-me sempre mais cedo para ter tempo de tomar o pequeno almoço com calma e me atualizar. Eu sou muito preguiçoso então quando acordo nunca vou logo ao twitter ou assim, por isso preciso de bastante tempo para o fazes depois de estar totalmente pronto.

São 8:30am, já tinha tratado de mim e estava pronto para ir para a escola. Jorge já estava à minha espera no carro. A minha mãe desde que nos mudamos para cá sai de casa às 4:00am da manhã para preparar o programa e o meu pai às vezes nem vem a casa e fica a dormir no estúdio, ou seja, tenho de me desenrascar sozinho, mas graças a deus que tenho a Petúnia e o Jorge. Quando chego à escola os meus olhos procuram um local para me poder refugiar e esconder de toda aquela gente. Infelizmente não encontro o desejado local, por isso vou ter de me misturar com aquelas pessoas.

É bastante triste andar na escola dos teus sonhos e depois não teres um único amigo para viver aventuras contigo ou proteger-te dos comentários desagradáveis que fazem acerca da tua sexualidade. A aula já devia ter começado à 15 minutos atrás, mas pelos vistos o professor está doente o que significa que não vou ter os 4 primeiros tempos da manhã. Corro para a biblioteca que é o sitio mais sossegado e onde ninguém pode gozar comigo. 

Provavelmente pensaram que a minha vida na escola era um máximo e que eu era bastante popular, mas a verdade é que sou apenas mais um e sou uma grande merda. Como não tenho nada para fazer pus-me a ouvir música e passado pouco tempo de o estar a fazer um rapaz vem ter comigo e pergunta se se pode sentir ao meu lado. A minha primeira ideia é de que ele é apenas mais um que se vem armar em esperto e gozar comigo, a segunda foi o porquê de ele se querer sentar ao meu lado sendo que a nossa biblioteca tem mais de 100 lugares e nem metade deles estavam ocupados.

Como não sou má pessoa deixo-o sentar-se ao meu lado. Ele começa a ouvir música também e sem querer reparo que ele está a ouvir " Scars to Your Beautiful", da Alessia Cara, uma das minhas cantoras preferidas. O melhor foi que o telemóvel dele tinha o idioma em português. Quando reparo nesse pequeno pormenor pego no meu tlm e vou ás definições e altero a língua para a minha do meu querido país, que apesar de não gostar muito é o meu país.

Ele sorriu para mim e eu sorri de volta, senti que talvez ele pudesse ser o meu primeiro amigo. Ia tentar falar com ele ao fim de 20 minutos a seu lado, mas o toque para intervalo soa e ele vai-se embora. Acreditem ou não foi uma sensação horrível. Nunca tive alguém desconhecido sentado ao meu lado durante tanto tempo e até foi bom. Senti-me uma pessoa normal.

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