O Grão (um poema)

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Enfim sós.

Sós mesmo e para sempre.

Sóis que refletem nossa aura, negra.

Que a torna sólida, tangível.

Alva. Amável.

Como unir minha aura à sua?


Lembro-me de quando lhe conheci,

Quando estávamos perto de nós mesmos,

Perto demais,

A ponto de fundir-nos.


A cerimônia, só faz mostrar

Como serão nossos dias vindouros,

Monótonos e sem fim

Alegrias e afins,

Sem nenhum agouro.

O grão, de arroz,

Só serve para dizer-nos

Que nada fará sentido

Não foi cozido. Nem comido.


Da união do seu grão

e do meu,

Vieram nossos herdeiros.

Como figurinhas marcadas

Para serem nossos.

Para sempre.


Coma seu grão, de bico,

Menino.

Sem bico.

Coma e serás gigante.

Forte e esbelto.

Coma para se preparar,

Quando a fusão chegar.


Austeridade não lhe cai tão bem,

Maturidade, sempre tem.

Logo a velhice

Nos será companheira.

E neste triângulo amoroso

Viveremos. Enfim.

Sós mesmo e para sempre.

Sem fim.

Distopia d'almaOnde histórias criam vida. Descubra agora