O jantar

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Dulce’s POV

 

Logo anoiteceu e se aproximava o horário do tão sofrido jantar. A minha imagem no espelho era hilária, louca, nem eu mesmo acreditava no que via.

 

Passei a tarde inteira me arrumando para esse jantar. Vestia uma calça vermelha larga e detonada, os meus joelhos eram visíveis através dos rasgos propositais feitos na calça. A camiseta preta que vestia exibia em letras garrafais pintadas de laranja a palavra “DANE-SE”. Botas de soldado desgastadas incrementavam a minha fantasia. Algumas tatuagens falsas que saem facilmente com um pouco de água, adornavam meus braços e, por fim, meus cabelos soltos, bagunçados e com várias mechas coloridas, me deixavam exatamente com a imagem que eu queria passar: INSANA.

 

– Meu Deus, aquele pessoal careta vai enfartar só de me ver! Victor vai morrer de vergonha e nunca mais vai me forçar a participar desses jantares bregas.

 

Eu bem sabia como os jantares que Victor promovia eram formais e, o meu visual somado as minhas atitudes, iam tornar tudo muito divertido, ao menos para mim. Deitei-me em minha cama dando gargalhadas espalhafatosas e incontroláveis.

 

– Hora do show. – Falei para mim mesma me obrigando a descer as escadas enquanto ouvia vozes animadas conversando na sala.

 

Quando desci o último degrau, paralisei totalmente.

 

– Oh, vai ter palhaços? – A voz curiosa vinha de um homem grande de porte atlético que me lembrava a imagem de um grande urso. Ele estava obviamente confuso com minha aparência.

 

– O-o-onde… estão os velhotes caretas? – Gaguejei em um sussurro envergonhado enquanto todos na sala riam sem cessar de mim.

 

Para o meu total azar, não havia ninguém da alta sociedade na sala, nenhum amigo chato do meu pai. Apenas Victor (que a essa altura esfregava o rosto de tanto rir),Alexandra, sua namorada mosca morta, minha irmã May, Annie-fofolete e três rapazes totalmente desconhecidos que riam abertamente.

 

– Querida, esses rapazes são os filhos de Alexandra. – Victor falou colocando um braço em volta do meu ombro, ainda tentando controlar a risada.

 

– Deixem-me apresentar-lhes a minha filha. Essa adorável moça de aparência peculiar é Dulce Saviñón..

 

– Oi, sou Christopher Uckermann. – O rapaz de cabelos bagunçados estendeu a mão em minha direção com um sorriso torto, provavelmente fingindo simpatia.

 

Não apertei sua mão, virei o rosto para o meu pai, lançando um olhar do tipo “o que está acontecendo”?

 

O tal do Christopher retirou sua mão, colou no bolso da calça e suspirou.

 

Ele ficou constrangido pela minha atitude, mas não se pronunciou.

 

– Eu sou Alfonso. – Acenou o moreno.

 

– Aquele é o meu filho mais velho, Christian. – Alexandra sorriu com um estranho orgulho. Fitei o homem chamado Christian que ainda ria por algum motivo. Babaca.

 

Eu simplesmente não sabia o que falar, não havia me preparado para aquela situação. Eu nem mesmo sabia que Alexandra tinha três filhos.

 

Fitei May que estava confortavelmente sentada no sofá com suas longas pernas cruzadas sorrindo. Estranho, ela não sorria facilmente.

 

Apenas três coisas faziam Maitê sorrir: compras, elogios à sua beleza e homens bonitos.

 

– Muito bem, porque não vamos para a sala de jantar? – Anahí parecia animada ao falar aquilo, mas porque? Ela exibia seu sorriso infantil e sapeca.

 

Victor praticamente me arrastou até a sala de jantar, formalmente decorada com a melhor louça de jantar que tínhamos.

 

À mesa, todos pareciam relaxados, conversavam entre si como bons amigos. Poxa, eu acho que perdi algo, pois Annie e May pareciam intimas dos Uckermann. Será que demorei tanto tempo assim para descer aquelas escadas? Eles já haviam se familiarizado enquanto eu estive ausente? Eu nem tinha certeza se queria saber essas respostas.

 

Permaneci sentada no meu canto apenas observando, coloquei a minha melhor cara de poucos amigos e analisei os Uckermann com cuidado. Ninguém pareceu se incomodar com meu silêncio ou meus olhares suspeitos. Apenas o rapaz de cabelos acobreados, me fitava sério entre um sorriso e outro que lançava olhares para a estúpida Maitê que parecia abobalhada perto daquele estranho.

 

Annie –fofolete, que estava sentada próxima a mim, chutou-me por debaixo da mesa.

 

– Aiiiii! – Gritei sentido meu tornozelo.

 

Novamente voltei a ser o centro das atenções. Ah, não.

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⏰ Última atualização: Mar 21, 2016 ⏰

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