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Era Agosto em Jorgue e Victor preparava sua mochila para ir para Prince. Ele não queria deixar sua cidade grande para ir para uma pequena vila interiorana, longe de tudo.

-Não se esqueça de levar muitas roupas de frio, sua avó diz que o inverno lá é bem rigoroso e são raros os dias quentes. - Disse Susan, a mãe de Victor.

Susan era belíssima antes de morrer o pai de Victor sempre lhe dizia:
- Filho encontre uma mulher como sua mãe para se casar, ela além de ser belíssima é inteligente e carinhosa.

E realmente ela era perfeita, Victor admirava demais sua mãe, uma empresária bem sucedida e que além de se dedicar muito ao trabalho tinha tempo para os filhos.
-Vick! Vick!- Era Hannah que o chamava.
-Oi Hannah?- Respondeu ele pensando em como sentiria falta dela.
-Fiz para você!- Disse ela abrindo sua pequena mãozinha, e entregando um colar com uma concha para seu irmão.

Hannah tinha seis anos, e embora pequenina já se assemelhava à Susan, ambas tinham cabelos negros, porém o de Hannah era mais liso e comprido, era tão grande que não podia usá-lo solto para ir à escola.Seus olhos possuíam um azul único e vibrante, sendo impossível negar-lhe algo. Sua pele branca e macia chamava a atenção de todos, além do seu perfume, que era uma mistura de mel, camomila e lavanda, ela era tão doce e pura que até seu cheiro passava essa ideia.
Em casa durante todo o tempo, gostava de se vestir de princesa. Susan não se importava com o dinheiro, só com seus filhos, então não se importava de comprar as roupas que Hannah queria, mesmo sabendo que ela só usaria uma vez ou outra.

-Obrigada maninha, te amo! - Disse Victor a pegando no colo, já com lágrimas nos olhos.

Ele não compreendia porque teria que ir para uma faculdade tão distante de sua família, ele levaria três dias para chegar em Prince.
-É para se lembrar do mar e de mim.- Disse Hannah não conseguindo conter o choro, ela não queria perder seu irmão.
Era raro vê-la chorar, até mesmo quando caía nenhuma lágrima corria por seu rosto.Ela nao queria preocupar seu irmão, mas não conseguia evitar. Então, começaram a rolar como perolas.
-Está na hora filho!- Disse sua mãe, que se fazia de durona, mas no fundo também estava sofrendo muito.
Susan ordenou que pegassem as malas. A mansão era enorme e havia empregados por toda a parte.
Então Victor desceu a escada com Hannah no colo e disse para ela se acalmar que logo ele estaria de volta e lhe prometeu trazer pelo menos cinco vestidos de princesa. Mesmo assim ela não se acalmava, pois era muito apegada a ele e ainda que recebesse todos os vestidos do mundo não ficaria feliz vendo seu irmão partir.
-Disse a Kelly para preparar um lanche para você não precisar parar de madrugada, é muito perigoso, ainda mais com mudança e sozinho.- Disse Susan já com uma lágrima no canto do olho.
Ao chegar a porta, olhou para as duas mulheres mais importantes de sua vida e tirou duas caixinhas de seu bolso, então entregou primeiro a de Hannah e depois a de sua mãe.

-Que lindo mamãe, olha é uma borboleta.- Disse Hannah colocando seu colar de ouro branco.
-Isso é uma libélula Hannah, simboliza mudança e esperança.- Explicou Victor a ajudando a colocá-lo.
Então Victor se despediu novamente e entrou no seu porche que havia ganhado de sua mãe, ele havia ficado tão feliz com o presente.Pena que Hannah só pode andar duas vezes- pensou ele.
Ele olhou para fora e as viu em prantos, dando adeus. Então ele acelerou e viu Hannah correndo na tentativa de alcançar o carro e aos poucos sua irmãzinha já tão pequenininha ia ficando ainda menor. Ele queria parar o carroe voltar, mas não podia. Sua mãe queria muito que ele fosse para a faculdade de Prince.
Faltam duas semanas para começarem as aulas, talvez eu possa aproveitar um pouco mais da viagem e dar um pulinho na praia pela última vez antes de ir para aquele lugar horrível, pensou Victor. Ele iria perder mais um dia, mas valeria à pena, ele adorava o mar, principalmente por causa de Hannah, desde pequena ela só ficava quietinha quando Victor a levava para ver o mar.
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..
Já haviam se passado cerca de sete horas, mesmo com aquele carro veloz a viagem seria muito longa.
Então diante de uma vista maravilhosa, cheia de montanhas altíssimas os raios de luz começaram a penetra-las tornando o céu laranjado. Victor estava passando por um precipício, mas a vista era tão bela que não teve medo.
Montanhas e mais montanhas verdes cobertas pela cerração, que trazia o vento fresco e húmido para dentro do carro. Onde ele morava não havia este tipo de beleza,eram somente prédios e construções.
Victor sorriu e sentiu uma paz e algo tão puro no ar, que decidiu abrir ainda mais os vidros, estava ali sozinho naquele lugar, não havia nenhum único carro em toda estrada que seguia em direção ao horizonte, ele se sentiu feliz, queria parar o carro e adentrar a mata que estava a sua esquerda, mas nao podia parar o carro naquela pequena estranha íngreme da montanha. Um lugar mágico, pensava ele sorrindo, o mais belo local que já havia visto, mais belo que o mar, mais belo que Paris, mais belo que a neve caindo sobre a estátua da liberdade, mais belo do que a lua vista pela janela do seu quarto.
Ele seguiu e logo vislumbrou uma rua que cortava a mata, era perigoso adentrá-la, sua mãe o alertou para que ele não fizesse esse tipo de parada, mas o que havia de mal naquele lugar tão puro e mágico, além de que não tinha uma uma única alma naquele local abandonado, nada além de pássaros voando sobre as montanhas, ademais ele também não teria onde comer se não parasse ali, não poderia parar mais, dali em diante seriam só subidas difíceis de percorrer com o carro.
Decidiu portanto parar um pouco, a medida que foi adentrando a mata, ele sentia vontade de acelerar cada vez mais e mais, e quando se apercebeu já havia atingido cento e vinte quilômetros por hora e já estava completamente seduzido pela beleza daquele lugar, ele não sabia o que estava acontecendo com ele, sentiasse inexplicavelmente feliz.
Parou o carro, desceu e começou a correr entre as árvores, correu tanto que ao olhar para trás já não conseguia ver seu carro.
Victor gritou, ele sentia que precisava gritar, pois pela primeira vez ele se sentia livre. Ele correu novamente e ouviu um barulho que parecia uma queda de água, ao se aproximar do som, viu uma cachoeira esplêndida, a mais bela que ele já havia visto.
Os feixes de luz cortavam a água formando cristais, a água era tão limpida e cristalina que Victor decidiu entrar, ele se apoiou em uma árvore para descer, se despiu e pulou.
A água estava fria, muito gelada e a cachoeira era muito funda,mas ele não se importou, nadou por muito tempo. Com certeza mais tarde o sol bateria ali e a água ficaria mais quente, ele mergulhou sob a cachoeira profunda, tava acostumado, era um bom nadador, já havia recebido medalhas em vários campeonatos.
Nem se apercebeu que as horas estavam passando, ele não se cansava de nadar naquele lugar, nem fome ele tinha, era como se todas suas necessidades fossem supridas, como se ele não tivesse vontade de fazer nada só queria ficar ali, nadando. Então permaneceu por mais horas e horas.
Tinha alguma coisa errada com ele e com aquele lugar, além felicidade em demasia algo havia o incomodado após o segundo mergulho, como se alguém estivesse o observando, ele não queria ir embora, mas aquela presença o incomodava cada vez mais, causando dor de cabeça e afliçao.

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Pessoal eu sou a Alini e este é o primeiro livro que estou postando, espero que gostem. Este romance tende a ficar mais emocionante agora a partir do segundo capítulo. Eu fiz minha trilha sonora, depois se quiserem posso deixar aqui em baixo a partir do segundo capítulo. Beijos...

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