PORRA Dave!

A Mudança!

Estava amanhecendo, pude perceber isto pelo clarão que invadia as janelas e pelos pássaros que cantavam uma melodia que em geral me agradava bastante. Nos mudariamos amanhã de manhã e minhas coisas ainda estavam todas dessarumadas, não estava no pique, no queria levantar dali, não queria fazer mais nada a não ser ficar colado com a cara no travesseiro. Estava de cueca ainda que é como costumo ir dormir, não estava nem com disposição para colocar um short ou uma camisa que seja.

Levo um baita susto quando minha mãe entra no quarto:
- MAE!? OQUE FAZ AQUI? - digo jogando as cobertas por cima do meu corpo para esconder uma quase nudes.
- Vim te acordar meu filho, nos mudamos amanhã, se esqueceu? e você ainda precisa arrumar suas coisas - diz ela com um sorriso no rosto.
- Vamos, vista-se eu te espero na cozinha para o café. - diz se retirando do quarto.
Eu não queria levantar, mas sabia que minhas coisas não se arrumariam sozinhas, e eu ainda pretendia ter um tempo vago para conseguir me despedir dos meus amigos. Me troquei e fui para a cozinha, sentei me em uma das pontas, passei manteiga no pão, me servi de leite com chocolate e comecei a comer, enquanto eu fazia essa série de ações pré programadas minha mãe me observava.
- E então filho...Animado? - diz ela enquanto sorri.
- Claro mãe! - Minto para ela e para mim mesmo.
- Vamos a que horas? - pergunto.
- Sairemos amanhã cedinho, então tente fazer tudo hoje. - responde.

Me apresso no café e vou para o quarto para arrumar as coisas, não tinha muitas coisas então não foi uma tarefa muito demorada, passei pela cozinha minha mãe estava lá ainda, lavando a louça do café, digo a ela que vou encontrar uns amigos e saio de casa. Carlos um garoto magro, de olhos castanhos, cabelos lisos e um sorriso encantador tem sido meu unico e melhor amigo naquele lugar, fazíamos tudo juntos, nada mais justo que ir até a casa dele dar aquela notícia, desço a rua, a casa dele não fica muito longe dali apenas duas quadras abaixo, chegando lá toco a compainha, sem resposta, toco mais uma vez e nada, comecei a ficar preocupado, em geral Carlos sempre me atendia, resolvi ir para casa e voltar mais tarde, ajudei minha mãe com a organização das malas e das coisas de casa, o tempo havia voado, já passava das 20:00 e eu resolvi voltar a casa de Carlos, chego lá e toco a campainha mãe de Carlos me atende:
- Tia, o Carlos ta ai? - pergunto a mãe dele que se encontra da janela da sala me olhando.
- Oi Dave, é você! Carlos fez uma viagem de dois dias com seu pai, quer deixar recado? - responde.
- Não não tia, apenas diga pra ele me ligar assim que chegar, é urgente preciso falar com ele, tchau - digo, ela concorda com a cabeça e eu me retiro. Não acredito eu iria me mudar na manhã seguinte e nem poderia me despedir do meu melhor amigo, PORRA que vida foi essa que eu fui me meter.

Cheguei em casa, tudo já estava arrumado, malas prontas, amanhã eu deixaria aquele lugar, não sabia o que me esperava na outra cidade, apenas torcia para que fosse o melhor. Minha mãe estava cansada dava pra ver no seu rosto a expressão de quem havia trabalhado o dia inteiro para deixar tudo pronto para a viagem, recomendo a ela que vá dormir para conseguir descansar, ela se vira pra mim, me me beija na testa e diz:
- Amanhã é um novo começo, vá descansar também, vamos amanhã bem cedo. Apenas concordo com a cabeça e sigo em direção ao meu quarto, me jogo na cama e instantaneamente perco a consciência.

No outro dia minha mãe me acorda bem cedo:
- Vamos filho, temos que pegar um táxi que nos leve direto ao aeroporto, não vai dar tempo - diz ela com euforia. Pulo da cama, me visto com uma roupa mais ou menos, simples demais pra quem estava indo para outro estado, um sapatenis, uma blusa pólo e uma calça jeans nem muita velha, nem muito nova, agarro todas as minhas coisas e partimos em direção a um ponto de táxi. Chegamos no ponto, o taxista nos cobra uma fortuna para nos levar ao aeroporto na cidade vizinha, minha mãe aceita mesmo sim, ela estava apostando suas últimas economias com essa viagem, chegamos no aeroporto, minhas mãos começam a gelar, e minha barriga a doer, não por medo de andar de avião, acho que só naquele momento caiu a ficha de que estava me mudando, era a última chamada pro nosso vôo, corremos em direção ao portão de embarque, e conseguimos embarcar, nossas malas foram recolhidas e nós encaminhados até o avião, nos sentamos lado a lado, minha mãe estava com uma cara de "ufa, deu tudo certo", e eu com cara de "PORRA Dave, o que você ta fazendo aqui!" mas aguentei firme, o avião estava decolando, minha mãe apertava forte minhas mãos, estava com medo e eu com mais medo do que me esperava no novo lugar do que qualquer coisa que pudesse acontecer naquele avião...