Capítulo 1

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Como quase todas as tardes eu estava sentada na cadeira do meu quarto olhando pela janela para atrás dos muros, vendo a pontinha da torre, meus livros com trabalhos incompletos por falta de atenção então jogados em cima da mesa onde uma das minhas mãos está batucando com o lápis.

= Antonella - diz Keller batendo na porta do meu quarto, - posso entrar?

= Claro - digo, me levantando

Keller é uma das supervisoras que está comigo desde que cheguei aqui quando tinha 9 anos, sempre tive a impressão ou certeza de que ela nunca gostou de mim.

= Já terminou suas tarefas? - diz ela observando meu quarto

Meu quarto, ou alojamento como ela costuma chamar sempre foi bagunçado, no momento minha cama se encontra desarrumada, e a livros e canetas espalhados sobre ela. Ela observa mas invés de me repreender como sempre, apenas da um pequeno sorriso e volta seu olhar para mim.

= Estou quase acabando - digo

= Antone - diz ela me chamando pelo meu apelido, sabe que daqui a alguns dias vocês irão para o outro lado do muro.

O outro lado do muro, chamam de a segunda parte do cubil, todos os adolescentes que completam 17 anos são transferidos para lá, fiz 17 a algumas semanas atrás, bom eu e mais uns 50 adolescentes que vivem aqui.
Vivo no cubil desde que completei meus 9 anos, meus pais assim como os pais dos outros, enviaram a gente para aprendermos a ser adultos responsáveis, então não vejo eles a mais de 8 anos, lembro- me perfeitamente da minha mãe, já do meu pai tenho vagas lembras. Aqui dentro nos estudamos e aprendemos a ser responsáveis, na outra parte do cubil dizem que nos aprendemos a trabalhar e quando completamos 20 anos estamos livres para voltar para casa. Não sei se consigo esperar mais 3 anos para ir embora e reencontrar minha família, se é que eles ainda lembram de mim.

= sim eu sei - digo

= lá vocês, vão aprender finalmente a ser adultos responsáveis e depois irão poder voltar para casa - diz ela me olhando atentamente

= depois? você quer dizer depois de mais 3 anos trancada aqui!

= vocês não estão trancados- diz ela levemente irritada

= não? estão eu posso ir embora agora?!

= Antonella! para de me desafiar, abaixe o tom de sua voz arrume esse alojamento e desça para o jantar - diz tão rápido que quase se engasga, ela sai do quarto me deixando sozinha

Tenho certeza que ela queria me falar algo, mas desistiu por causa do meu " atrevimento", arrumo meu quarto e desço para o jantar junto com os outros.

O refeitório é enorme e barulhento, me sento com Camila e Richard meus únicos amigos desde que entrei aqui.

= Oiee diz Mila, ao contrário de mim e Richard ela é a única animada por saber que vamos para o outro lado do cubil

= oi - digo seca

= olá - diz Richard

= Nossa quanta animação diz ela pegando um pedaço de torrada.

Comemos em silêncio e depois subimos para nossos alojamento/quartos, como todos os dias devemos dormir as 21:00 em ponto.

Mas como todos os dias eu não  durmo,  depois da supervisora vim vê,  e acreditar, que eu ja estava " "dormindo " me levanto visto uma roupa e saio do quarto,  nunca gostei do cubil,  mas ele fica mais agradável a noite quando  não tem ninguém.

Ando na ponta dos pés pelos corredores escuros

XXXXX : aaaaahh

Antone : silêncio,  silêncio digo tampando a boca do,  pera,  quem é

XXXXX : Meu pé,  você está pisando no meu pé,  diz a pessoa baixinho

Antone : ai,  me desculpe,  quem é - digo quando minha visão começa a ficar melhor no escuro

XXXXX : É Peter

Não acredito

Antone : Peter?  sou eu Antone

Peter : Antone,  olha não lembro de nenhuma Antone,  nos já ficamos antes, porque eu nunc...

Antone : O que?  não!  ah Antonella ,  estudamos juntos até o primeiro ano

Peter : Antonella Jones, sardinha é você?

Antone : Aff,  é sou eu Antonella,  não sardinha,  vai te catar Peter

Peter : sardinha nem é um apelido tão ruim assim,  ja te dei piores lembra?  tomatinho ,  pimenta pimentão..

Antone : Não enche Carrapato

Peter : Carrapato - diz ele rindo,  nunca gostei muito desse,  pegou tanto que me chamam até hoje

Antone : que seja,  agora me de licença

Peter : ei ei,  aonde vai com tanta pressa,  aliás o que esta fazendo aqui essa hora,  ja passou das 21:00 pimenta pimentão

Peter é  um dos monitores, nasceu aqui,  tem 18 anos  mas vai completar 19 em algumas semanas e vai para o outro lado do cubil também,  os monitores e os que nascem no cubil vão mais tarde

Antone : Não é da sua conta!

Peter : mas tenho certeza que é da conta da Keller

Antone : Não!  não conte pra ela, estava sem sono,  só queria pegar um ar,  ja estou voltando, por favor

Peter : Ok,  dessa vez passa,  mas é perigoso,  não saia do alojamento depois das 21:00

Antone : O que tem de tão perigoso?

Peter : Não te interessa, entra logo

Antone : tudo bem - digo virando e entrando no meu alojamento

O que ele quis dizer com perigoso,  saio quase todas as noites,  não a perigo no cubil,  quer dizer não que eu saiba,  acho que nunca nem morreu ninguém aqui

Visto meu pijama e volto a me deitar,  amanhã é o dia de arrumarmos nossas malas para irmos

Por trás dos Muros Onde histórias criam vida. Descubra agora