O Conquistador

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Um barulho ensurdecedor invade minha mente enquanto eu volto à realidade. Abro os olhos aos poucos, a claridade me incomoda, mas consigo ver onde estou: na sala de aula.
Passo os dedos por cima das pálpebras e o sinal de troca de período para. Meus colegas começam a sair da sala e irem para as suas aulas posteriores e eu sequer me mexi. Levanto, pego minha bolsa e minha lista de horários e vou caminhando pelo corredor. Minha próxima aula é química, às 9:15 da manhã.
Caminho pelos corredores e vou em direção à sala da aula de química, e quando chego, percebo que alguém ocupa um acento ao lado do meu. Um garoto.
Cabelos loiros escuros, olhos verdes. Normal. Conversava com Samantha, uma líder de torcida burra. Ótimo, bonito, conquistador. Próximo passo: entrar no time de futebol. Assim que ela saiu, ele sorriu.
O sinal tocou indicando que o professor já viria e que deveríamos nos acomodar. Caminhei até minha bancada e me sentei. Não o olhei. Não suporto homens assim. Conquistadores.
Não sabia se ele havia me olhado. Sr. Hayes entrou na sala e começou a falar sobre elementos químicos, e depois de uns dez minutos, senti o olhar do Conquistador pesar sobre mim; e finalmente, o olhei.
- O quê?! - Arqueei uma sobrancelha e esperei por sua resposta.
- O que, o que? - Ele riu baixo.
- O que perdeu aqui. Você não para de me olhar. - Falei.
- Achei que fosse minha amiga, Alice. Enfim, com certeza Alice não era grossa como você. - O idiota sorriu de lado com o seu super-sorriso-não-conquistador-para-mim.
- Grossa? Garoto, você... - assim que continuaria, Sr. Hayes me impediu.
- Senhorita Howell, vejo que você já fez amizade com o aluno novo. Espero que esteja explicando a matéria para ele. Caso não, deixe para depois da aula.
Assenti e revirei os olhos. Não olhei mais para O Babaca Conquistador. Depois de trinta e cinco minutos, entreguei meu questionário em perfeitas condições, o que tirou um riso do babaca. O sinal do intervalo soou, e saí em busca de Kelsey, a pessoa mais insuportavelmente fofa que existe.
Vou até o bloco D e vejo Kelsey saindo da aula de Inglês ||, acompanhada de Erick, um "amigo". Kelsey deu tchau à Erick e logo me viu, abrindo um sorriso.
- Ai, que saudade! Por que você faltou ontem, Kylie Howell?! - Kelsey tentou fazer uma cara de brava, porém como já dito, ela é insuportavelmente fofa.
- Eu bebi demais no domingo, acordei com ressaca ontem. - Expliquei.
- Tudo bem, perdôo você. - Kelsey revira os olhos e sorri.
Caminhamos até a saída da escola e compramos milkshakes em uma sorveteria próxima, e logo, voltamos à escola. Faltava cinco minutos para a minha próxima aula, e Kelsey ainda falava de Erick. Sua paixão platônica desde sei lá quando. Sentamos na grama, perto da quadra de vôlei e eu abri a bolsa, pegando um cigarro da carteira. Puxei um isqueiro do bolso da jaqueta de couro bordô, e acendi.
- Droga, apaga isso. - Kelsey pediu.
- Não, Kels. - Traguei e encarei as pessoas rindo e conversando.
- Se o monitor ver, vão ligar para os seus pais! - Kelsey puxou o cigarro de minha mão e apagou na grama, me deixando irritada. Preferi não falar mais nada, Kelsey às vezes era só insuportável, sem o fofa adicionado.
Os grupos eram divididos entre: nerds, babacas, vadias. Na categoria Nerds encaixavam-se os nerds - obviamente -, os esquisitos, os roqueiros, e os sozinhos. Na categoria Babacas eram os populares, os apenas bonitos porém drogados, os apenas drogados, os jogadores do time e os skatistas. E na pior, a categoria Vadias, tinha as líderes de torcida, apenas elas. Apenas elas causavam muitos choros pela escola. Baixa-autoestima, cara.
O sinal soou novamente e eu não me despedi de Kelsey, apenas me levantei deixando meu milkshake para trás e fui para a aula de francês.
Inacreditavelmente, O Conquistador estava lá.

A victim n' A criminalOnde histórias criam vida. Descubra agora