Após o meio dia estava Jhon em sua moto parado em um semáforo da cidade, rumo ao parque, quando ao seu lado em um carro sport estava Ály no volante o olhando através de um óculos escuro, retirando-o e piscando pra ele, deu um largo sorriso e acelerou o carro com tudo quando sinal abriu. Ele não ficou atrás e acelerou também, alcançando-a rapidamente e emparelhando os dois veículos em alta velocidade em uma avenida que hoje estava muito movimentada, pois era uma terça-feira.
Só pararam na entrada do parque, onde empataram, sem ganhador. Saíram de seus veículos e se aproximaram um do outro sem muita demora, ficaram se olhando, até que Jhon estendeu a mão pra ela em cortesia e então Ály deu-lhe a mão, então ele beijou-lhe o dorso da mão gentilmente.
- Meu nome é Jhon. - disse ele, olhando ela nos olhos, que estavam sem óculos desde aquele momento no semáforo.
- Meu nome é Ály. - ela disse com uma voz doce, podendo o rapaz ouvir desta vez como é o seu tom de voz real.
Ele soltou a mão dela e fez um aceno de cabeça, enquanto ela fazia uma cortesia, segurando as pontas de seu vestido, que estava pintado como o universo, cheio de estrelas e galáxias de vários tons de azul ao preto.
- O que faz você aqui neste lugar? - perguntou Jhon inocentemente.
- Soube que há um homem vestido como a morte que vaga em meio a essas árvores, desenhando elas e também pessoas, - dizia ela com um sorriso meigo no rosto - então vim ver se encontro este ser encantador.
- Hmmm. Compreendo. - disse ele observando sua bolsa e depois a olhando nos olhos - Quem te contou?
- Meu irmão, ele se chama Jonas. - ela disse desviando o olhar pro parque e depois pras suas próprias mãos, que se entrelaçavam tímida.
Jhon pegou a mão dela e a guiou pra dentro do parque, andando de mãos dadas um ao lado do outro por um tempo, enquanto ela não olhava muito pra ele, mas sim mais pro chão. Já ele olhava apenas pra frente, parecia buscar algo que deveria mostrar pra ela e então chegou no lugar que procurara, estando bem em frente àquela árvore florida de amarelo.
Os dois em cima da grama em pé, olhando pra aquela bela árvore a frente, hipnotizados pela sua beleza, pelo vento balançar seus galhos e flores dançarem pelo ar até tocar o solo. Se olharam por um momento, um longo momento, suas respirações pausadas, tudo estava em câmera lenta e então seus lábios se tocaram delicadamente, quando deu menção de fugir, ele a laçou pela cintura, prendendo ela ao seu corpo, fazendo do beijo algo muito mais quente.
Ela se apoiava no ombro dele, que logo em seguida seus braços circularam sua cabeça, enquanto as mãos longas dele, seguravam firme a cintura dela. Seus lábios se soltaram e então ele beijou a testa dela, quando ela abaixou o rosto com vergonha e um sussurro dela fez se fim ao silêncio.
- Eu sou... - mas ela não concluiu.
- Eu sei, Áli. Eu sei. - disse Jhon compassivo - Notei quando você dançava na minha frente naquela noite, só não tinha certeza, então não disse nada, mas hoje eu já tenho plena certeza.
- Mas... - ela queria dizer, mas não tinha muita coragem - Você gosta de mulher, não é?
- Sim. Eu sempre amei mulheres e isso não me impede de amar você. - disse e a fez olhar em seus olhos.
O tempo corria calmo a volta deles, pessoas andavam pelas trilhas, ciclistas corriam nas ciclovias, pássaros cantavam ao voar, o vento os circundava com pétalas amarelas daquela árvore, enquanto os olhos deles não mudavam de foco.
- Você quer mesmo assim me amar? - perguntou Ály.
- Como não amar esses olhos de céu azul, essa voz, esse corpo, essa sua gentileza, apesar de ter tentado mentir pra mim, eu desculpo você por medo de rejeição. Você é uma ótima pessoa e não tem motivo nenhum pra mim deixar você ir embora.
- Você é impressionante.
Então eles se sentaram na grama e ele retirou seu caderno da mochila, começando a rabiscar coisas aleatórias, que mais pareciam letras e então mostrou pra ela, estando escrito: Como faz pra ter essa voz? Como consegue esconder os seios? É uma peruca?
- Haha! - ela riu lindamente - Essa é minha voz, eu forço um pouco pra falar como homem. Os seios são pequenos, qualquer volume extra de roupa e um pano os segurando, faz eles sumirem e sim, isso é uma peruca, mas estou deixando meu cabelo crescer.
Ele então arrancou a folha e bolou ela, guardando-a em sua mochila, puxou Ály pro seu colo, fazendo-a recostar suas costas nele, sentando no meio de suas pernas, então ele laçou ela com seus braços em seu corpo e cheirou seu pescoço, enquanto ela parecia um pimentão de vergonha.
- Jhon... - disse ela em um sussurro.
- Hm? - ele respondeu.
- Eu tenho que viajar esta tarde pra Europa, - continuava a dizer em um sussurro - só voltarei daqui seis meses, é um estágio.
Ele não disse nada e a segurou ainda mais firme, cheirando ela, não, decorando seu cheiro, pois não queria esquecer aquele cheiro, aquele corpo grudado no seu e seus lábios nos dele. Então ele fez ela se virar e ficar de frente pra ele, fazendo ela ficar um pouco mais alta, enquanto seus olhos se encontravam fixos um no outro.
Ele acariciou a face dela, deslizava sua mão sobre as maçãs do rosto até o queixo e então seu polegar pressionou de leve seus lábios cor de sangue, sentindo sua macies e então sua mão deslizou pelo seu pescoço, passando por um de seus seios e parando em sua cintura, enquanto seus olhos não se mexiam. Ambos estavam corados, mas não desviavam o olhar por motivo algum, então ela também acariciou a face dele, seus lábios, seu pescoço e desceu até a cintura dele, então ela desconectou o olhar ao cheirar o pescoço dele e logo voltou a olha-lo.
- Eu gosto de você, seja Jonas ou Ály. - disse Jhon em um sussurro.
- Pra você eu sempre serei Ály, meu Jhon. - disse ela em um meio sorriso.
Se beijaram vividamente, colando seus corpos ao brilho solar que jazia nas alturas, que dançava em meio as folhas e flores que tentavam fazer sombra ao casal que se amava docemente. Ele levantou com ela segura em seu pescoço e suas pernas em volta em sua cintura, até que ela repousou seus pés no chão e o beijo sessou, dando para aquele beijo um ar de um até breve.
- É melhor você ir, - disse ele firme - antes que eu te amarre na garupa da minha moto.
- Hehe. - ela sorriu enquanto uma lágrima corria de seu olho, que logo ele impediu de rolar face abaixo, pondo essa gota na ponta de sua língua.
- Uma gota de chuva dos seus olhos de céu, tem um sabor bom.
- Bobo. - disse em um sorriso e então uma breve pausa - Apenas me espere voltar, pois estarei voltando pra ficar sempre com você.
- Tudo bem. Te esperar é a parte fácil, difícil é a saudade que vou sentir.
- E sem contato por seis meses, isolados.
- Sério? Poxa!
Ela pegou a mão dele e caminharam de volta pra onde tinham estacionado seus veículos, caminhando em completo silêncio o caminho todo até chegarem lá e pararem um de frente pro outro. Se abraçaram com ternura por um longo momento e então deram um breve beijo, após ela deu um aceno e entrou dentro do carro, enquanto ele montou na moto e ligou.
- Até daqui seis meses, Jhon. - disse ela com a voz um pouco melancólica.
- Até breve, Ály. - disse ele e pôs o capacete, acelerando avenida a baixo e logo em seguida ela se foi pro destino oposto o dele.
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Nós Dois
RomanceEssa história retrata o que muitos dizem ser algo anormal, monstruoso e que deveria ser proibido e esquecido: o amor puro entre duas pessoas. Estas quais, são de mesmo sexo, mas que sentem de maneiras diferentes o que se trata esse sentimento e seus...