TIME COLD vol1 DEGUSTAÇÃO

|16| idiot man

Ouço um barulho aguçado e rapidamente fecho os olhos. Algo havia caído sobre meus ombros e um zumbido ecoava no meu ouvido. Cai de joelhos no chão por conta do barulho infernal mas logo abro meus olhos encarando o garoto a minha frente me olhando com uma expressão indecifrável. De pouco a pouco o barulho ia sumindo e eu me recuperando com as mãos pressionando meus ouvidos.

"Mas que porra." Murmuro baixinho para mim mesma mas sei que ele ouviu.

"Agora duvida de mim ?" Murmura me fazendo olhá-lo com um certo ódio. "Nunca diga que eu não faço, nunca diga nada sobre mim, nem mesmo tente vasculhar minha vida, a próxima vez não será na parede."

"Devia ter sido na minha cabeça logo." Falo levantando do chão e olhando para a parede que tinha um buraco. "Pouparia eu na sua vida."

"Você quer se matar mesmo não é ?" Ri irônico enquanto coloca a arma de volta na sua cintura e passa a mão entre seus cabelos. "Se mate sozinha."

"Como se eu precisasse da sua ajuda, você está mais morto que qualquer cadáver no cemitério, mesmo respirando." Digo baixo enquanto arrumo meu cabelo e arrumo meus óculos que haviam sido preenchidos de pó. Ele fica me encarando por alguns segundos e eu cruzo os braços. "Que foi ? Tá olhando por que ?"

"Por que você é assim em ?" Pergunta com uma certa curiosidade na voz e eu franzo o cenho. Por que ele estava falando isso ?. "Por que você gosta de me enfrentar ? Se me vier com a resposta de que é por que eu não sou dono de caralho nenhum aqui nem me responda, agora se tiver uma resposta para me dizer por que quer ser assim eu ouço."

"Do mesmo jeito que você não quer que eu saiba da sua vida, eu não quero a minha em sua memória. O que isso mudaria ?" Faço uma pergunta retórica e ele entende isso pois não me responde. "Por que ? De repente se arrependeu do que fez e se apaixonou por mim ?"

"Não! Eu só queria entender o por que de você ser...tão...tão.. tão...misteriosa por trás desse rosto de inocente que aliás, não tem nada de inocente além do rosto, o do por que você não ter medo de mim." Ele solta no ar e eu cruzo os braços. Eu realmente nunca iria entender esse garoto, nem mesmo que eu me tornasse sua melhor amiga, ou até mesmo se eu fosse da sua família, é uma coisa impossível de se fazer, entender a sua mudança de humor era complicado, que chegava a doer, e eu nem ao menos tentei entender.

"Eu também." Murmuro enquanto começo a sair dali, deixando ele sozinho no escuro, apenas olho para trás por cima do ombro e o mesmo me olhava sem expressão no rosto, eu nem entendia por que. Eu nem havia notado que tinha algumas pessoas observando tudo que eu e Zayn conversávamos, deve ter sido por conta do tiro, que pode sido alto o suficiente para todos terem ouvido. Abraço meu corpo enquanto passava desconfortávelmente pelas pessoas, olhando para o chão através da lente do meu óculos e vendo o chão de pedra contra meu pé. Alguém segura meu braço e eu vejo que é Bryan, o mesmo pergunta se eu estou bem. "Claro...por que não estaria ?"

"Eu ouvi um barulho estranho e.. você perdeu a corrida." Ele me lembrou da coisa que eu menos queria lembrar agora, já que eu sabia muito bem que minha mãe já poderia preparar meu caixão para quando ela me matasse.

"Estou bem Bryan, só estou indo pra casa, afinal, acabou não é ?" Ele assente e solta meu braço. Cumprimento todos ali em despedida e logo começo a sair daquele lugar que ainda estava me fazendo pensar sobre a vida. Eu tive medo hoje e isso era ruim, por que por mais que eu não demonstre eu tinha medo da morte, e Zayn fez ela passar diante os meus olhos em questão de segundos, pela primeira vez na vida eu estremeci diante um problema, por que eu vi apenas escuridão nos olhos daquele garoto e eu não fazia a minima ideia se ele iria me matar ou não.

Coloquei as mãos dentro da blusa de frio por conta do vento que estava começando a ser mais forte e eu observo o chão começar a ser coberto por uma fina camada de neve. O inverno havia chegado, e por mais que isso seja ruim para algumas pessoas, pra mim era a melhor época do ano. Era onde eu me sentia em casa por ser frio, por que eu vivo num mundinho frio e vazio, e não há nada melhor que ficar o dia debaixo da coberta olhando a neve cair, como se só aquilo te acalmasse, e era, só o frio me acalmava.