Acho melhor começar pelo início… Chamo-me Bruna, mas a minha melhor amiga trata-me por Nuna. Eramos inseparáveis, apesar de ela ser mais velha que eu dois anos. Ela agora tem 19 anos e eu 17. Ela á um ano mudou-se para Londres para a universidade estudar música. Era o sonho da Dani. Para ela, a sua vida é a música. Acho que gosta mais da guitarra dela do que de mim mas okay… Bem, já eu, fiquei aqui em Portugal. Um dia mais tarde adorava também estudar música, toco guitarra também, acho que é a única coisa que me resta na vida. A música e a Daniela, a minha melhor amiga.
Há 5 anos atrás a minha mãe faleceu e eu fiquei com o meu pai, Carlos. Desde que a minha mãe morreu ela droga-se, bebe todos os dias e bate-me todos os dias. Praticamente, o meu corpo todo tem marcas desses acontecimentos. Custa acreditar que um pai poderá fazer tal coisa mas esta é a pura da verdade. Há cinco anos que vivo assim, a única que sabe disto é a Dani. Considero-a como uma irmã mais velha para mim só que á um ano atrás que não a vejo, como disse, foi para Londres estudar música. Falamos muitas vezes por Skype e em todas elas, Daniela pergunta-me como estou e eu apenas digo “Sobrevivendo…” Sei que ela namora com um rapaz chamado Harry Styles, integrante da boyband mais famosa do momento. Acho que se chama One Direction, algo do género. Não sou grande fã da banda… E bem, praticamente esta é a minha vida, tentar sobreviver a cada dia que passa…
Estava deitada na minha cama a olhar para o teto branco. Hoje era sábado e então não tinha aulas. Ouvi passos perto da porta do meu quarto e todo o medo apoderou-se do meu corpo. Só de pensar que era ele, dava-me arrepios. A porta rapidamente abriu-se e de lá demonstrou-se um homem horroroso olhando-me seriamente.
- Vou trabalhar, não saias de casa… - Avisou ele.
- Pai, eu ia fazer um trabalho com uma amiga minha… - Disse calmamente. Após tudo isto, ainda lhe chamo de pai, mas acreditem, é só pai de nome.
- JÁ DISSE QUE NÃO SAIS DE CASA… QUERES APRENDER A OBEDECER-ME? AINDA TENHO TEMPO… - Sabia perfeitamente que se protesta-se iria acabar com a marca das mãos dele em todo o meu quarto.
- Não… - Sussurrei.
Ele saiu rapidamente do meu quarto e após uns 5 minutos ouvi o seu carro partir. Chorei tudo o que tinha para chorar… Como é que alguém pode ser tão mau? Quem me dera que tudo fosse diferente, e quem tivesse morrido fosse ele e não a minha mãe. Tenho saudades dela, dos seus abraços, do seu perfeito sorriso. Era tudo perfeito quando estava com ela e agora? A minha vida é assim… Sozinha…
- Eu não posso deixar isto continuar… Não posso… - Falei para as paredes ainda chorando intensamente.
Foi aí que tomei a decisão mas correta na vida… Fugir… Se eu queria ser feliz, não seria aqui fechada que eu o seria… Fui até ao armário e tirei de lá uma mala e coloquei tudo o que precisaria dentro dela. Após praticamente uma hora e meia peguei no dinheiro que tinha juntado todos estes anos e dava perfeitamente para pagar uma passagem para Londres. Chamei um táxi e fui direita para o aeroporto. Comprei a passagem e o voo seria daqui a uma hora. Esperei lá sentada deixando algumas lágrimas escaparem. Quem me dera que nada disto acontecesse. Assim se passou horas, esperando… Voando… e aterrando. Olhei pela janela e pude ver o aeroporto de Londres. Estava repleto de gente… Saí do avião e fui á sala de desembarque e peguei nas malas. Depois de tudo tratado saí do aeroporto e olhei a meu redor. Sentei-me num banco de madeiro ao lado da porta do aeroporto e fiquei a observar a paisagem. Espero que Dani não me abandone agora… Marquei o seu número e rapidamente ouvi uma voz masculina do outro lado…
- Estou? – Perguntaram do outro lado.
- Hum, olá. Quem fala? – Perguntei.
- Isso pergunto eu.