Capítulo 3 - Nessie

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      Vanessa queria muito ir ao banheiro. Não sabia ao certo o porquê de estar em uma sala pequena toda branca com uma câmera na porta a vigiando como se ela tivesse feito algo grave e agora estava muito encrencada por isso.

Ela já ia gritando por alguém quando a porta se abriu e um homem muito alto entrou por ela de terno e gravata muito bonita, seu pai iria babar ao ver a gravata azul escuro tão perfeitamente arrumada no pescoço do homem.

— Sra. Craig, sinto muito pela demora — falou o homem alto. Vanessa percebeu quando ele se sentou que havia uma pasta em sua mão. — Meu nome é Joseph Frances, sou investigador do seu caso.

— Caso? — Perguntou Vanessa, sem ar. — Que caso?

O investigador riu e afrouxou um pouco a gravata, ela já não gostou mais tanto assim da gravata agora.

— Perdoe-me, não usei muito bem as palavras — Joseph tirou da pasta e lhe estendeu a folha de papel branca. — O caso de investigação foi o que quis me referir, que de acordo com as informações que recolhi são do programa de computador que a senhorita ajudou a criar, Aurora.

Vanessa suspirou. Aurora. Então era isso. Foi por isso que ela fora chamada às pressas em sua casa no meio da noite por dois policiais vestindo suas fardas azuis.

Senhorita Vanessa Craig? Poderia nos acompanhar até a delegacia? — Dissera um dos policiais. Ela só teve tempo de vestir roupas mais quentes antes de sair sem avisar seu pai.

Agora tudo se encaixava, a demora para ser atendida, a sala branca, o investigador, tudo se resumia a Aurora. Vanessa sabia o que tinha feito, sabia que algo dera errado com Aurora e que agora praticamente quase todos os países do mundo haviam se virado contra os Estados Unidos.

Vanessa engoliu em seco, sabia também que era uma péssima mentirosa. Ela tinha certeza que alguma coisa acabaria saindo sem querer.

— Au...aurora? — Perguntou ela, inocentemente. — O que tem ela? Ela não foi desligada?

O investigador balançou a cabeça, ele ainda estendia a folha em sua direção.

— Sim, pelo que parece ela foi.

— Mas a polícia acredita que ainda há algo por aí não é mesmo? — Sussurrou Vanessa sem perceber, mordeu seu lábio por isso. Enfim pegou a folha da mão do investigador, porém não conseguiu ler nenhuma palavra, todas as letras pareciam se misturar como numa sopa de letras.

Joseph entrelaçou seus dedos uns nos outros sobre a mesa de metal e olhou atentamente para ela.

— Alguma coisa me diz que a senhorita irá me ajudar mais do que seus amigos — comentou ele cuidadosamente.

Vanessa desviou seus olhos para a folha sobre suas mãos que tremiam tanto. Ela enfim conseguiu enxergar sob as linhas.

Nome: Vanessa Craig.

Idade: 17 anos.

Cargo: Técnico em bioquímica.

Acusação: Acusada de cúmplice da criação do programa online chamado "aurora" pela empresa Infinite star, que diz não saber de nenhuma autorização para a realização do programa.

— ... espero que a senhorita entenda os...

Vanessa interrompeu o que o investigador Frances estava falando.

— Espere um segundo — disse ela, com sua voz falhando. — Estou sendo acusada de ser cúmplice da criação de Aurora? É isso?

— Exatamente isso — afirmou o investigador.

Vanessa jogou a folha de papel de volta para o investigador.

— Fique você sabendo que a Infinite Star sabia muito bem que nós estávamos criando um programa ali, foi ela mesmo que nos deu autorização, Sarah, Drew e eu não fizemos nada de errado, nada!

— Não é isso o que diz em todos os lugares.

— O que? — Perguntou Vanessa, percebeu agora que estava de pé.

— Sra. Craig, ainda não viu os noticiários?

— Claro que vi, não foi Aurora que fez aquilo.

— Então quem foi? — Perguntou Joseph.

— Não foi Aurora — afirmou Vanessa outra vez.

Joseph se levantou, se abaixou e pegou o papel que havia caído no chão depois o guardou na pasta.

— Se a senhorita afirma tanto que não foi Aurora que fez o que fez, então quem foi?

Vanessa queria dizer a verdade, queria contar o que sabia, mas não podia. Pelo bem de seu pai.

— Não foi Aurora — disse por fim antes de sair correndo da sala com lágrimas escorrendo por suas bochechas.

k겈

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