Parte Da Verdade...

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Confesso que ainda não havia entendido aquele sonho, mas era estranho eu não ter entrado em pânico "afinal foi só um pesadelo" apesar de muito realista.

Já era hora de ir para a escola e neste dia não ví Joyce.

-Então turma, eu queria dizer algumas opiniões minhas sobre as provas de vocês! -Me levantei e abri o envelope de provas. -Fiquei bastante decepcionado quanto as notas de vocês. É claro que há exceções, mas a maioria se saiu extremamente mal. -Halph dá uma risadinha. -Inclusive você Halph. Achou que eu não ia perceber, mas eu ví você colando.

Ele se levantou e saiu correndo da sala sem que eu tivesse tempo para proibí-lo. Então decidi prosseguir com a aula, mas algo me dizia que eu deveria ir atrás dele.

-Eu já volto pessoal. -Falei colocando as provas sobre a mesa.

Começei à procurar por Ralph que sumira misteriosamente no corredor. Encontrei-o no banheiro dando socos no grande espelho, quebrando-o e fazendo com que suas mãos se degradassem em sangue e cacos. Ao me ver, ele pegou um pedaço de vidro e ameaçou cortar o próprio pescoço.

- Mas o que há com você?? -Perguntei apavorado. -Se acalme!!!
-Você é o pior tipo de professor que pode existir!! -Ralph grita entre choros. - Eu te odeio!!! Você não só dá a minima para alunos incapazes como eu, como expõe as falhas dos outros publicamente. Como da vez em que eu fiz um heredograma errado. Fiquei um mês sendo chamado de "Macho com macho" por causa disso!!! Ao invés de me ensinar você disse: "Pois é Ralph, sei que homossexualismo existe, mas eles não geram descendentes". Depois disso não tive sossego. Agora eu não quero ser chamado de "Cola Branca" vou acabar logo com isso!

Nem tive tempo de agir, ele rasgou o próprio pescoço com o pedaço do espelho, fazendo voar sangue em mim e por todo o piso branco do banheiro. Não demonstrei outra reação à não ser segurar o corpo do garoto magro e tentar estancar o sangue do ferimento, mas era tarde demais, Ralph morrera diante dos meus olhos. Comecei à gritar por socorro e ninguém aparecia.

...

A polícia e a ambulância chegaram quase uma hora depois. Tarde demais para tentar salvar Ralph. O corpo dele foi direto para o necrotério, e por incrível que pareça, foi enterrado como indigente.

Naquela tarde fui interrogado pela polícia...

-O que dizer sobre este caso? - O Detetive Morgan Grey perguntou sendo sorrateiro, mas ele responde à sí mesmo. -Eu diria constrangedor, mas é difícil acreditar que ele tenha se matado por motivo algum. Você sabe o por quê?

-Provavelmente por causa do bullying que ele sofria. -Respondi meio incerto de algo.

-Quais foram as ultimas palavras dele?

-Ele disse: "Agora eu não quero ser chamado de 'Cola Branca' vou acabar com isso! " . Daí ele pegou um caco do espelho e cortou o pescoço medo algum. Como se nem sentisse dor.

-O que você disse não faz o mínimo sentido. Por que "Cola branca"?

-Ele colou na minha prova. Os colegas descobriram e provavelmente o chamavam assim.

-E você nunca fez nada para livrar ele do bullying?

-Eu nunca presenciei nenhum ato. Só soube de tudo quando ele disse.

...

Depois de muita conversa...

-Acho que é o suficiente. Disse Morgan. -Pode ir agora! Tenho certeza de que não está nem um pouco afim de ficar aqui!

-Pode apostar que eu não volto aqui tão cedo. -Falei entre risos.

Ao sair da sala do detetive, consegui ouvi-lo dizer para o guarda:

-Esse cara é estranho! Deixamos ele ir, mas ficaremos de olho nele! Você sabe como são os professores. Ambos sistemáticos.

"Eu? Sistemático? Mas eu nem gosto de sistemas. " Pelo visto eu começaria à ser seguido por eles, então seria melhor nem pensar em sair à noite, mas algo contradisse tudo o que eu havia pensado! Assim que voltava para casa, antes de entrar com meu carro na garagem, fui surpreendido por ninguém menos que Joyce. Ela apareceu de repente no portão de minha casa, sentada no chão, chorando sem parar.

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