Londres, a cidade onde os sonhos se realizam. Isso é o que a Mariana pensa ao ganhar uma viagem de Intercâmbio para essa mesma cidade. Mas será isso verdade? Ou será apenas mais uma mentira que as pessoas inventam? Às vezes nem tudo é o que parece...
O meu coração parte-se aos bocados quando o seu olhar encontra o meu. Lembro-me do dia em que a conheci pela primeira vez, parecia uma cena digna de um filme. Ela sentada na piscina com a luz do pôr do sol refletida na sua cara e no cabelo. Quando a chamo, ela olha para mim com um olhar doce, gentil. Um olhar que faz com que todas as pessoas que a olhem, sorriem. Foi exatamente isso que aconteceu comigo naquele dia. Um olhar totalmente diferente do que me está a dar agora. Neste momento, o seu olhar transmite raiva e desgosto e quando ela fecha a porta daquela maneira, tenho a certeza absoluta que ela ainda está chateada comigo. Se ela fosse a minha antiga Mariana, ela vinha ter comigo, arrancava-me da cama e obrigava-me a levá-la ás cavalitas até á cozinha, onde depois saboreávamos o nosso pequeno-almoço com as suas piadas e o seu riso contagiante. O problema é que ela já não é a mesma, e não sei o que é que ei de fazer para a mudar. Não sei mesmo o que fazer.
Entro no carro e faço a minha higiene matinal. Visto umas calças de fato treino cinzentas e uma camisola branca já que não tenciono sair de casa o dia inteiro, completamente o contrário da Mariana. Eu sei que ela vai sair á noite com o Zac, já que o telemóvel dela tocou milhares de vezes por causa das mensagens do Zac. É completamente desnecessário dizer que eu estou cheio de ciúmes. Desço as escadas até á cozinha. Quando entro na divisão a minha mãe olha para mim enquanto prepara o almoço, mas não diz nada. Dirijo-me até ao frigorifico e tiro de lá um iogurte liquido de morango já que não tenho muita fome. Desde que ela está assim comigo que o meu apetite não é dos melhores. Sento-me numa cadeira, deliciando-me com o meu pequeno almoço enquanto fito a parede branca. Sinto os olhos da minha mãe em mim, e quando olho para ela está com a sobrancelha arqueada a olhar para mim.
- O que é que se passa filho?- ela questiona e eu apenas escolho os ombros.
Sinto os passos da Mari a desçer as escadas e depois de alguns segundos ela aparece na cozinha com outra roupa e com a sua mala ao ombro.
- Vou sair para treinar com o Brian, não esperem por mim para almoçar.- ela tira uma maçã da fruteira e dá um beijo na testa á minha mãe antes de sair, ignorando-me completamente.
Suspiro de forma frustrada e vou deitar a embalagem do iogurte já vazio ao lixo.
- Já me podes contar o que é que aconteceu? Porque pela maneira que a Mari te ignora, aconteceu mesmo alguma coisa.
Encosto-me á bancada da cozinha e olho para os meus pés cobertos apenas pelas minhas meias.
- Mãe, posso te fazer uma pergunta?- olho para ela que assente com a cabeça- Porque é que quando eu me apaixono, sou sempre aquele que sofre mais?
Ela olha para mim, surpreendida mas sorri.
- Então é sempre verdade que gostas dela?- pergunta e eu apenas respondo que sim.- Porque é que dizes isso? Está na cara que ela gosta de ti.
- Não tenho tanta certeza disso.- digo e ela olha para mim de uma maneira confusa.
Decido contar-lhe tudo. Tudo o que aconteceu ontem, desde a parte em que ela foi até ao The X Factor apoiar-me até á parte em que eu corro até um parque e o Zayn vai falar comigo. Conto-lhe tudo sem faltar nenhum pormenor. No final, ela permanece calada antes de olhar para mim.
- Tens a certeza que esse Zac é tão mau como parece?
- Eu não vou com a cara dele mãe, não é só por causa da Mari...é outra coisa que eu não sei explicar. Eu não confio nele e tenho um pressentimento que ele a vai magoar. Eu já tentei avisá-la milhares de vezes mas ela não me ouve.
- Tens de voltar a conquistar a confiança dela outra vez, mas vai com calma. Quando ela voltar para casa tenta falar com ela, tenho a certeza que ela vai-te ouvir.
Ela levanta-se, dá-me um beijo na testa e volta á sua tarefa anterior de preparar o almoço.
Fico a refletir sobre o que ela disse. Será que ela vai mesmo ouvir-me? Ou vai continuar a ignorar-me?
(...)
Eram neste momento 6:30 da tarde e nada de ela aparecer. Acalmo o meu nervosismo a ver séries na televisão enquanto espero por ela, mas não está a resultar. A única coisa que ocupa a minha cabeça é a forma de como ela vai reagir quando eu tentar falar com ela. O mais provável é ela gritar comigo e mandar-me ir dar uma volta, mas eu não vou desistir assim tão facilmente.
Quando já estava outra vez quase a adormecer ao ver uma série que eu não faço a mínima ideia do nome, a porta abre-se e tenho a certeza absoluta que é ela, já que as únicas pessoas que se entram em casa sou eu e a minha mãe, já que o meu pai está a trabalhar e pelo o que nos disse vai chegar muito tarde.
As minhas suspeitas são confirmadas quando a vejo a passar pela sala e a subir as escadas até ao seu quarto. Tento arranjar alguma coragem para ir ter com ela, mas parece que toda a força e coragem que estive a acumular até agora se extinguiram. Ela não fala comigo, nem sequer olha para mim depois daquele episódio. Porque raios o ia fazer agora? O que é que mudou? Absolutamente nada.
Quando já passam das nove horas da noite, ela finalmente volta a descer as escadas. Levanto-me rapidamente para ir ter com ela mas logo fico paralisado assim que a vejo. Estava linda! Os seus cabelos estavam completamente arrumados numa trança, o seu corpo estava coberto por um top preto e branco e uns calções da mesma cor. Nos seus pés estavam uns saltos altos pretos. Quando ela está prestes a sair outra vez eu corro até ela e seguro-a pelo braço. Ela vira-se para mim com uma expressão de raiva e descontentamento.
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- Hey, podemos falar?- eu questiono.
- Não posso, tenho umas coisas combinadas e já estou atrasada.- ela tenta-se livrar de mim mas eu não a largo.
- Prometo que não demoro.- tento convencê-la.
Ela fica a olhar para mim durante alguns segundos mas acaba por concordar. Solto o seu braço lentamente com medo de que ela resolva fugir outra vez por aquela porta. Suspiro fundo antes de começar a falar.
- Eu sei que tu ainda estás chateada comigo por causa de ontem mas... tens de tentar perceber o meu lado. Desde que tu vieste para Londres que a nossa amizade aumentou, nós somos melhores amigos. Estava tudo tão bem, até ele chegar. Desde que tu começaste a andar com ele, esqueceste-te de nós. Não estou a referir-me só a mim mas também aos rapazes e á Carol. Eu vi a maneira de como vocês as duas discutiram esta manhã. Desde que ele chegou que a amizade que tu tinhas com a Carol e que criaste comigo e com os rapazes, está a diminuir cada vez mais. Se continuares com o Zac, tu vais acabar mesmo por perder-nos Mari.
- Estás a exagerar Niall, não venhas com lições de moral para cima de mim. Desde que o Zac chegou a única coisa que tu sabes fazer é criticá-lo sem ao menos tentares falar com ele. E se estás á espera que este discurso me comova e me faça afastar do Zac, devo dizer que estás a falhar redondamente.- ela interrompe-me mas eu continuo.
- Não é isso que eu estou a querer dizer. Eu quero apenas que tu sejas mais cuidadosa com o Zac, que tenhas mais cuidado. Não sou só eu que não confia nele, e o meu instinto nunca me deixou mal.- ela olha para mim com os seus olhos castanhos- Ele vai magoar-te Mari, disso eu tenho a certeza.
- Obrigada pela preocupação, mas eu sei cuidar de mim mesma.- diz antes de sair de casa.
Porque é que eu tenho uma sensação estranha de que alguma coisa vai correr mal?
