Capítulo 2.

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— Bom dia, quero que abram a apostila na página 10.
As horas mais pareciam segundos, minhas costas doíam, os alunos falavam sem parar e eu mal tinha animo para os repreender, precisava de café, muito café.
— Letícia, faça-me um favor?
— Sim, o que?
— Vá até a sala dos professores e me traga uma xícara de café.
— Ok professor. —Levantou-se.
Meu celular começou e vibrar em cima da mesa e pude perceber que havia recebido uma mensagem, era de Seu nome.
— Com licença pessoal, desculpe preciso ver. —Saí.
"Amor, o leite do Breno acabou será que você pode trazer depois que voltar do trabalho? Te amo, bjs."
Voltei para sala e terminei a aula, já eram quase 13 da tarde, estava faminto. Olhei em minha carteira e só tinha o dinheiro do almoço, estava imprensado esse mês, meu salário mal dava para pagar as despesas de casa. Desisti de meu almoço e fui comprar o leite de meu filho, eu poderia esperar ele não. ...
— Oi amor, que bom que chegou —Sorriu.
— Oi, tá aqui o leite do Breno.
— Ele está dormindo, está com fome? — Muita. —Sorri sem graça com os olhos marejados.
— Ei, o que foi? —Abraçou-me.
— Me desculpa —Eu disse já aos prantos.
— Eu só queria... Poder dar uma vida boa pra vocês, eu mal tenho dinheiro pra comer, eu olho pro meu filho e tenho medo de amanhã eu não ter dinheiro nem pra comprar leite pra ele, eu to me sentindo um bosta.
— Calma, eu to aqui, tudo vai melhorar meu amor, Deus sabe o quanto você luta por nós, você vai ver, se acalma, eu vou procurar um emprego, sei lá. Você não tem que me pedir desculpas! Meu menino você é um grande homem, eu to com você pra tudo! Não chora não por favor. — Ela disse chorando.

O mentiroso. Onde histórias criam vida. Descubra agora