Capítulo 2

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-Espera! Saberás que o que digo é verdade, quando a rosa murcha florescer nas tuas mãos! E, quando o homem com uma cicatriz vier perguntar por ti, encontra-me a mim e ao meu irmão, estamos acampados na fazendo dos Brunhild! - Disse a estranha, puxando o capuz para cima, levantou-se da mesa e saiu pela porta da cozinha.

Lily subiu para o seu quarto, ainda rindo da história da mulher, uma parte de si, lutava contra aquele riso, mostrando-lhe os argumentos que apoiavam a história de Ingrid, deitou-se na cama e adormeceu, deixando esses pensamentos de lado.

Nessa noite, sonhou com muitas coisas, mas o único sonho que lhe ficou na mente, ao acordar e, o qual não conseguia fazer desvanescer, era o de uma mulher, com um cabelo negro, como o carvão, entrançado, uns olhos cinzentos, como uma tempestade que se avizinhava, umas calças pretas de couro, como as que os guerreiros mais ousados usavam, um corpete sem mangas, nem camisa por baixo, com uma espada numa mão e a outra erguida, controlando um jacto de água, a sua expressão era feroz e fez Lily desejar nunca se encontrar com a mulher, mas ficou com uma sensação estranha, que a mulher estava ali para a proteger e não para a prejudicar, a sua maior surpresa, foi sentir pela estranho, um afecto, como sentia pelo irmão mais novo, como se ela fosse uma pessoa que conhecera toda a vida, que idolatrava e acarinhava.

O chamamento da mãe, para que se despachasse, livrou-a desses desvaneios e correu para ajudar nas tarefas da estalagem. Uma das suas tarefas era regar e manter as flores que se encontravam em vasos pequenos, nos centros das mesas, no salão principal e a do canto, mais escuro, ao lado da lareira, murchava com facilidade e tinha que ser reposta quase todos os dias. Ao ver a flor murcha, Lily suspirou, pegou no vaso e chamou pela mãe, que pôs a cabeça pela porta, para ver o que se passava, mas quando Lily ia a falar olhou para o vaso e a flor estava, novamente, branca, florescida, sem saber o que dizer, ou o que pensar, ficou quieta:

-O que é Lily? - Inquiriu a mãe.

-Nada mãe, não é nada!

Lily ouviu a mãe resmungar qualquer coisa, que não percebeu, pois a sua atenção estava na rosa branca, nos sonhos estranhos e nas palavras de Ingrid que assaltaram os seus pensamentos, o pai passou por ali e ao perguntar-lhe se ela não tinha mais nada que fazer, varreu os pensamentos da concentração da jovem mulher e voltou ao trabalho.

No primeiro dia da semana de trabalho, a família Darewood tinha por tradição fechar a estalgem mais cedo e, aproveitar um jantar em família, após uma trabalhosa semana de trabalho, era uma merecida recompensa, saborearem a companhia da família, num jantar regado de iguarias feitas pela mãe, como era o caso da tarte de amoras silvestres, que a mãe punha sobre a mesa, dando coragem á filha, para mencionar o que a incomodava:

-Mãe? Pai?

-Sim, querida? - Perguntou a mãe, olhando para Lily, com os seus maternais olhos castanhos-claros, fazendo a rapariga morder o lábio e quase perder a coragem de perguntar aquilo que tinha que perguntar, pela crueldade que era.

-Eu sou mesmo vossa filha, não sou?

Ante tais palavras, os pais trocaram um olhar consternado, mas com uma questão silênciosa, sobre se deviam, ou não, contar a verdade:

-Sim! És e serás, sempre, a nossa filha! No entanto, não nasceste de nós! - Informou o pai.

A filha piscou os olhos, sem saber como reagir à novidade, com mais perguntas e dúvidas a assolarem-lhe a mente:

-Como? Porquê? Porque é que nunca me disseram nada?

-Adoptamos-te num orfanato, à saída da Capital, quando tivemos que lá ir registar esta estalaem na Guilda dos Comerciantes, na altura, não conseguíamos ter filhos, mas queriamos um para amar e cuidar e que um dia pudesse ficar com o nosso legado! Ficamos apaixonados por ti, mal te vimos e o processo foi rápido, trouxemos-te logo connosco para casa, eras um bebé, tão pequenino, deixado num orfanato, sem ninguém para te amar e nós, com tanto para dar! - Lily não conseguia acreditar nas palavras da mãe.

-Então... Então... Quer dizer que não sou vossa filha?

O homem abriu a boca, para falar, mas a mãe de Lily foi mais rápida, não hesitando:

-Minha querida, nós amamos-te, como se fosses nossa filha de verdade, para mim, não hás-de ser outra coisa, que não a minha princesinha! Mesmo que, não te tenha gerado, criei-te e, por isso, hás-de ser sempre, sempre a nossa filha!

-Mas, ao que vem esta conversa? - Perguntou o pai.

-Bem... Ontem, aquela forasteira, que chegou, ela contou-me que eu não era, realmente, vossa filha e, disse-me coisas que iriam a acontecer que provariam as suas palavras, uma aconteceu esta tarde e a outra... Eu até tenho medo que venha a suceder!

-Mas, quem é essa mulher e como consegue ela prever o futuro? - Inquiriu o pai, num tom sarcástico.

-Ela disse-me e eu acredito nela, agora, que ela é a quarta filha da Rainha Yelena e que tem o poder do ar, um poder que lhe permite ver o passado e o futuro!

-Minha filha, que se saiba a Rainha não teve nenhuma filha ou filho! - Respondeu-lhe a mãe.

-Era tudo parte de um plano que ela não conseguiu realizar e todas as crianças foram dadas ou abandonadas, uma vez que, não correspondiam ao que ela queria! Ela queria criar um imperador final e absoluto, um que tivesse o toque de todos os elementos!

-Nunca nasceu uma criança assim!

-Eu sei pai, mas isso, não a impediu de tentar! Eu só estou a contar, aquilo que ela me contou!

-E que tens tu a ver com isso? - Perguntou a mãe.

-Bem, segundo ela, sou a terceira filha da Rainha e tenho o toque da terra! Esta tarde, consegui reflorescer uma flor que estava murcha! Foi uma das coisas que ela previu que aconteceria, por isso, eu acredito nela!

Os pais olharam para a rapariga com um olhar desconfiado:

-Sei que... - As palavras de Lily foram bruscamente interrompidas, por três fortes pancadas na porta da frente da estalagem.

-Mas... Será que se esqueceram, que hoje estamos encerrados? Devem de ter perdido a cabeça! - Resmungou o pai, levantando-se para ir abrir a porta.

Levada por uma curiosidade incaracterística de si e por uma sensação que lhe dizia que devia de ver quem era à porta, levou Lily ao umbral da porta da cozinha, com o corpo meio escondid, pela parede.



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⏰ Última atualização: Mar 29, 2016 ⏰

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